O Rio de Janeiro continua lindo, afirmou Caetano.
Lindo?
Não. Deslumbrante. Em 1936 - por coincidência ano de meu nascimento - Stephan
Sweig, chegando de navio, declarou “Esta cidade, realmente, tem magia”. Convidado,
neste princípio de outubro, pela produção do filme “A coleção invisível” de
Bernard Attal, onde contraceno por dois curtos momentos com o Wladimir Brichta,
aqui estou, hospedado numa casa amiga do Jardim Botânico.
De minha janela, a
floresta, o Corcovado e as costas do Cristo Redentor. Logo na manhã seguinte ao
meu desembarque, a primeira visita é para o quartel geral do Festival de
Cinema, no porto.
Os longos galpões foram reabilitados e um deles abriga, com
espaço, conforto e contemporaneidade, o cérebro e o coração do evento. Salas de
convívio, de games, auditório, telas projetando documentários. Um cineasta
americano dá uma entrevista concorrida sobre fundo azul da Guanabara. Bar,
sofás e poltronas, tapetes, arranjos florais, informações, entrega de credenciais.
Tudo respira competência e profissionalismo.
Durante duas semanas o festival
movimentará mais de cem mil espectadores em várias salas.
Em quatro armazéns e
um anexo do Píer Mauá, setembro foi o mês da Feira Internacional de Arte
Contemporânea, num total de 13mil metros quadrados. Apresentou mais de cem
galerias nacionais e estrangeiras.
Para tanto dinamismo cultural – e evidentes conseqüências
para o turismo – não foi preciso derrubar nada, nem um só tijolo. Como em
Lisboa.
Toda a estrutura metálica foi deixada à mostra. Como em Belém do Pará.
Nossos edis, que tanto gostam de viajar, ainda não notaram que os conceitos
mais atuais de urbanismo se afastaram da derrubada, sempre nociva, preferindo a
adaptação?
No Rio de Janeiro a lição foi colocada em prática e toda a área
portuária esta sendo revitalizada com criatividade, inserindo-a com
sensibilidade na dinâmica desta parte da cidade.
A natureza agradece as
toneladas de entulho evitadas.
Só tem um defeito: é menos oneroso, portanto menos
intermediários metem a mão no bolso do contribuinte.
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