Texto de André Duarte
Pois bem, aí está. O martelo foi batido, e ACM Neto é o novo prefeito de Salvador.
Após uma campanha em que só faltou Deus dar as caras em Salvador, pois os semideuses Lula e Dilma aqui vieram, após uma campanha em que todos os candidatos derrotados para prefeito — Marinho, Kertész e Da Luz — apoiaram Pelegrino, o PT sai derrotado. Estranho, não? Seria Salvador um caso patológico?
É uma derrota histórica. Se em São Paulo, a criação de Lula (Haddad) foi a superação de José Serra e uma velha política (?), o que foi então ACM Neto em relação a Pelegrino? A mesma coisa? Acho que não. Foi o desejo masoquista de Salvador em retroceder aos tempos de ACM avô, de ditadura e truculência? Improvável. Foi a ilusão de que o DEM é o partido da honestidade e da reputação imaculada? Óbvio que não também.
Salvador rejeitou a prepotência do PT, a empáfia de um ex-presidente que se acha no direito de dizer em quem devemos votar, num populismo descarado. Salvador reprovou a falta de compostura de uma presidente que se mete em campanhas e esquece que governa para o Brasil e não para um partido.
Salvador disse não a um partido que se corrompeu e perdeu a sua ideologia. A cidade rejeitou a chantagem de que as verbas só virão se for feita uma parceria com o Governo Federal e o Estadual. E eu disse não a um partido que cria no país um clima de rivalidade entre brancos e negros, pobres e ricos, entre bairros nobres e bairros pobres. Ou como me disse uma militante na hora da votação: “A favela é 13, e o branquelo é 25”.
Pois aí está. Quase 100 mil votos de diferença. Não foi muito, mas foi. Não adianta agora amaldiçoar a cidade nos próximos quatro anos. É hora de repensar. Que os militantes do PT reflitam sobre os métodos que usam para se manter no poder; que o PT reveja suas políticas populistas e a manipulação sobre as massas; que o PT não use o ódio social e racial como bandeira para angariar votos junto aos mais humildes.
E que ACM consiga fazer um bom governo, não pelo bem de Salvador apenas, mas pelo bem do Brasil, porque um país sem oposição é uma país que caminha para uma ditadura.
Eu gostaria de acrescentar uma observação pessoal a este texto, conciso e equilibrado:
Falou-se muito que os pobres tinham votado em Pelegrino e os ricos em ACM Neto.
O que significa que Salvador é uma capital privilegiada:
Tem 717.865 ricos e 623.734 pobres!
Outra coisa me incomodou muito, foi quando a Dilma Rousseff mencionou com evidente preconceito a baixa estatura do adversário.
Ora! Ora! Napoleão era baixinho e Messi mais ainda.
Dimitri
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