sábado, 6 de outubro de 2012

LEONARDO BOFF, FERNANDO GABEIRA ... e eu(!)


Há um provérbio popular alemão que reza: “você bate no saco mas pensa no animal que carrega o saco”. Ele se aplica ao PT com referência ao processo do “mensalão”. Você bate nos acusados mas tem a intenção de bater no PT. A relevância espalhafatosa que o grosso da mídia está dando à questão, mostra que o grande interesse não se concentra na condenação dos acusados, mas através de sua condenação, atingir de morte o PT.

De saída quero dizer que nunca fui filiado ao PT. Interesso-me pela causa que ele representa pois a Igreja da Libertação colaborou na sua formulação e na sua realização nos meios populares. Reconheço com dor que quadros importantes da direção do partido se deixaram morder pela mosca azul do poder e cometeram irregularidades inaceitáveis. Muitos sentimo-nos traídos, pois depositávamos neles a esperança de que seria possível resistir às seduções inerentes ao poder. Tinham a chance de mostrar um exercício ético do poder na medida em que este poder reforçaria o poder do povo que assim se faria participativo e democrático.

Lamentavelmente houve a queda. Mas ela nunca é fatal. Quem cai, sempre pode se levantar. Com a queda não caiu a causa que o PT representa: daqueles que vem da grande tribulação histórica sempre mantidos no abandono e na marginalidade. Por políticas sociais consistentes, milhões foram integrados e se fizeram sujeitos ativos. Eles estão inaugurando um novo tempo que obrigará todas as forças sociais a se reformularem e também a mudarem seus hábitos políticos.
Por que muitos resistem e tentam ferir letalmente o PT? Há muitas razões. Ressalto apenas duas decisivas.

A primeira tem a ver com uma questão de classe social. Sabidamente temos elites econômicas e intelectuais das mais atrasadas do mundo, como soia repetir Darcy Ribeiro. Estão mais interessadas em defender privilégios do que garantir direitos para todos. Elas nunca se reconciliaram com o povo.

Como escreveu o historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma no Brasil 1965,14) elas “negaram seus direitos, arrasaram sua vida e logo que o viram crescer, lhe negaram, pouco a pouco, a sua aprovação, conspiraram para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continuam achando que lhe pertence”. Ora, o PT e Lula vem desta periferia.

Chegaram democraticamente ao centro do poder. Essas elites tolerariam Lula no Planalto, apenas como serviçal, mas jamais como Presidente. Não conseguem digerir este dado inapagável. Lula Presidente representa uma virada de magnitude histórica. Essas elites perderam. E nada aprenderam.
Seu tempo passou. Continuam conspirando, especialmente, através de uma mídia e de seus analistas, amargurados por sucessivas derrotas como se nota nestes dias, a propósito de uma entrevista montada de Veja contra Lula. Estes grupos se propõem apear o PT do poder e liquidar com seus líderes.

A segunda razão está em seu arraigado conservadorismo. Não quererem mudar, nem se ajustar ao novo tempo. Internalizaram a dialética do senhor e do servo. Saudosistas, preferem se alinhar de forma agregada e subalterna, como servos, ao senhor que hegemoniza a atual fase planetária: os USA e seus aliados, hoje todos em crise de degeneração.
Difamaram a coragem de um Presidente que mostrou a autoestima e a autonomia do país, decisivo para o futuro ecológico e econômico do mundo, orgulhoso de seu ensaio civilizatório racialmente ecumênico e pacífico.

Querem um Brasil menor do que eles para terem vantagens.

Por fim, temos esperança. Segundo Ignace Sachs, o Brasil, na esteira das políticas republicanas inauguradas pelo PT e que devem ser ainda aprofundadas, pode ser a Terra da Boa Esperança, quer dizer, uma pequena antecipação do que poderá ser a Terra revitalizada, baixada da cruz e ressuscitada. Muitos jovens empresários, com outra cabeça, não se deixam mais iludir pela macroeconomia neoliberal globalizada. Procuram seguir o novo caminho aberto pelo PT e pelos aliados de causa. Querem produzir autonomamente para o mercado interno, atendendo aos milhões de brasileiros que buscam um consumo necessário, suficiente e responsável e assim poderem viver um desafogo com dignidade e decência.

Essa utopia mínima é factível. O PT se esforça por realizá-la. Essa causa não pode ser perdida em razão da férrea resistência de opositores superados porque é sagrada demais pelo tanto de suor e de sangue que custou.

Leonardo Boff é teólogo e escritor.


POSSO DAR MINHA OPINIÃO? 

Quem sou eu para contestar alguém do tamanho de Leonardo Boff? Mesmo assim, vou ousar expressar meu humilde ponto de vista. 
No caso do Mensalão e do PT, até agora não se viu a diferença. São carne e unha. 
Pouco tempo de legalmente eleito, o governo se viu envolvido em estranhas operações e até em assassinato, nunca resolvido. A falcatrua não é obra da direita retrógrada. 
Mesmo juízes nomeados pelo PT se colocam de forma clara contra tão escandalosa intriga. Em pouco tempo se mostrou evidente que a intenção não era democrática, mais se assemelhando ao inescrupuloso PRI mexicano e, como este, resolvido a permanecer no poder por 70 anos.       
        
 Um partido é composto por indivíduos. Se eles falham, o partido falha.  
 Quanto a uma conspiração reacionária, admito sem hesitação a possibilidade. Só que ela encontrou terreno altamente favorável para crescer e se fortalecer. E não concordo com a desgastada “opção americana” que hoje pouco representa em face da decadência da ex-hegemonia.                                              
Na verdade, na sua fome de poder, o PT ignorou os princípios mais básicos da ÉTICA. 
Torci pelo sucesso do PT, ele me desiludiu, como a milhões de intelectuais (ou não), nem todos tão atrasados assim. Deveria ter desconfiado, vistos os referenciais do Lula: Fidel Castro, Hugo Chaves e aquele fanático iraniano de nome impossível.
A afirmação de Darcy Ribeiro, se estivesse ainda vivo, talvez fosse hoje diferente.
 Em 15 ou 20 anos, o Brasil mudou muito e a opinião pública não tem mais medo de enfrentar os poderosos. Ainda estamos esperando o partido que aplicará no quotidiano a moralidade - sempre relativa, convenhamos – de uma governança limpa.                                                             
 Não é, definitivamente, o caso do PT.

AQUI TEM OUTRO QUE NÃO CONCORDA:

FERNANDO GABEIRA

https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=gmail&attid=0.1&thid=13a0aa64a1465cfd&mt=application/vnd.ms-powerpoint&authuser=0&url=https://mail.google.com/mail/u/0/?ui%3D2%26ik%3Dd80861bad9%26view%3Datt%26th%3D13a0aa64a1465cfd%26attid%3D0.1%26disp%3Dsafe%26zw&sig=AHIEtbS0Yqfk8u8IkPpCd9ceeSLLdpciwg

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