sábado, 6 de outubro de 2012

O MÁRTIR DE SANTO ANTÔNIO



Sem palma na mão, não é mártir da Igreja Católica. Em contrapartida, o bairro do mesmo nome na primeira capital do Brasil, este sim, merece um punhado de palmas, martirizado que é pelas as autoridades, a todos os níveis. Se a Unesco não tivesse tanto o que fazer, com certeza já teria retirado há muito tempo o título de Patrimônio Mundial desta parte do centro histórico. Desde a Coelba - que não resolve retirar os contadores das fachadas nem a macarronada aérea agredindo o visual do casario - até o Iphan, Ipac e compadres que se fazem de cegos e surdos, o bairro inteiro está declinando para a mais total e rápida descaracterização. 
Cada rua, a cada semana, vê alterações nas fachadas e na volumetria. Os acréscimos de andares são corriqueiros. Alguém se incomoda? 

Uma das maiores agressões se deve a uma mocinha rica e um tanto leviana que comprou, em 2009 e por mero capricho, umas 35 casas para poder passear com a família e amigos numa rua tranqüila (sic) com butiques, barzinhos e restaurantes. Assegurou à revista Muito que teria investido 40 milhões nesta compra. 
Com que público ela contava? As madames do Horto Florestal? Ninguém se preocupou com o impacto sócio-ambiental. Sem apresentar soluções para segurança, trânsito e estacionamento, provocou o maior surto de especulação imobiliária na área. De repente, a metade do Santo Antônio foi colocada à venda. 
Ao retirar 35 ou mais famílias, parte do bairro se desertificou, provocando uma lastimável decadência da já maltratada Rua Direita e adjacências.


 E sempre com os aplausos complacentes e coniventes das autoridades já citadas. Teve até um debate no pátio da Misericórdia onde uma doutora participante louvou a iniciativa. Que só poderia dar zebra, como foi a elitização do Pelourinho em 1992. 
O diretor geral do Iphan declarou tratar-se de “lenda urbana”.
A única viabilidade do bairro reside no investimento privado, familiar, diria até artesanal. Precisamos de farmácias, galerias, restaurantes, cafés, papelarias, consultórios, açougues.
 Não queremos nem shopping center nem deslumbrados.

COMENTÁRIOS

lamentável o que vem acontecendo com o Centro Historico...desde 2009 não volto a Salvador, mas  pessoas próximas que tem vindo daí  relatam coisas que não imaginava ouvir, uma pena.


Gostei demais de seu escrito no jornal A Tarde deste sábado. Considero Sto. Antônio um dos mais belos lugares da Cidade da Baia de Todos os Santos. É, realmente, uma pena o que se tem permitido fazer e o que se tem deixado de fazer por aí. Gostaria de divulgar seu escrito nas redes sociais, mas não o encontrei em seu blog, ou no site de 'A Tarde'. Seria possível compartilhar? 



VEJAM SÓ O PROTESTO DA COELBA E, EM BREVE, MINHA RESPOSTA.
A BRIGA NÃO ACABOU!
NÃO VOU DESISTIR TÃO CEDO!





RESPOSTA DA COELBA AO JORNAL A TARDE


Com relação ao texto “O mártir de Santo Antônio”, publicado ontem (08), que menciona a retirada dos contadores das fachadas e da “macarronada aérea”, informamos:

- Além da rede elétrica de responsabilidade da Coelba, também estão instalados nos postes cabos de outras empresas de serviços públicos, a exemplo de telefonia e internet.

- Como Concessionária de Serviço Público, a Coelba é regulada e obrigada pela Resolução 001/1999, da Aneel, Anatel e ANP, a compartilhar o uso dos postes da rede de distribuição de energia elétrica com outras empresas prestadoras de serviços públicos. O compartilhamento dos postes segue as regras desta Resolução e normas técnicas específicas. Assim, conforme previsto na legislação federal, a Concessionária tem, como dever, cumprir a legislação setorial vigente.

- Os dutos da Coelba para instalação de rede elétrica subterrânea na Rua Direita do Santo Antônio Além do Carmo já estão prontos. No entanto, como há fiação de outras empresas, a Coelba aguarda estas operadoras instalarem seus dutos para, posteriormente, retirar os postes e a rede elétrica aérea. Por se tratar de patrimônio histórico tombado, a execução deste serviço no Santo Antônio necessitará de autorização de diversos órgãos da administração municipal, estadual e federal.

- Em acordo firmado com o Ministério Público Estadual e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan, a Coelba, em 2006, patrocinou a retirada de 153 medidores que se encontravam instalados nas fachadas dos imóveis da Rua Direita do Santo Antônio e Ladeira do Boqueirão. A intervenção foi realizada com autorização dos órgãos competentes.

Agradecemos a divulgação destas informações.

Em 09.10.2012

COELBA – UNIDADE DE RELAÇÕES COM A IMPRENSA
(71) 3370-5144 / 5145 / 5493 / 5067 / 9956-3079






MINHA RESPOSTA A COELBA


Me lembro perfeitamente da interminável demora desta obra, motivo até de comentário no Jornal do Boqueirão (outubro/novembro 1997), acompanhado de fotografias mostrando a razão de tanta demora.


Mas o fato é que quinze anos mais tarde, a obra não foi concluída, qualquer que seja o motivo.
Será que quase duas décadas não foram suficientes para encontrar um patamar comum na agenda dos órgãos envolvidos?


A Coelba “patrocinou” a retirada dos medidores? Quanta generosidade!

Mas deveria também ter patrocinado a fiscalização da dita retirada, já que, como eu escrevi, ainda são muitos os medidores agredindo as fachadas dos imóveis deste centro histórico tombado pela Unesco.


Vamos ser francos: a Coelba abandonou o bairro de Santo Antônio.


Um exemplo: há três meses que moradores telefonam a empresa para se queixar da escuridão causada por dois postes sem luz perto da igreja do Boqueirão.


Enquanto isso, um poste está com luz continua há mais de oito meses no viaduto do Comércio ao túnel Américo Simas. 


Quem paga por este gasto inútil antiecológico?

Passou também a hora de substituir vários postes enferrujados, que são hoje uma ameaça a segurança pública.




TODAS ESTAS FOTOS FORAM TIRADAS
 NO DOMINGO 4 DE NOVEMBRO DE 2012.

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