DO ESPAÇO DO LEITOR
A TARDE
Em demanda ao progresso, o Brasil precisa alijar-se de uma série de penduricalhos anacrônicos herdados da era medieval e mantidos com apego pelos usufrutuários, a exemplo de foro especial, cargos vitalícios, vestes talares e os ridículos tratamentos honoríficos.
Se todos são iguais perante a lei, não há como o foro privilegiado subsistir sem anular tal dispositivo legal. Os cargos vitalícios remetem-nos ao tempo rococó das monarquias absolutistas.
O magistrado corrupto ou até mesmo ineficiente precisa ser demitido como qualquer outro servidor público, e não apenas aposentado com a remuneração intacta suportada pelo contribuinte. O recesso, além das férias normais, é uma aberração incompatível com a modernidade.
Será salutar que a ascensão aos tribunais de justiça e de contas seja preenchida apenas por funcionários de carreira com base no mérito comprovado em fé de ofício. A repetição dos hilários tratamentos de Meritíssimo, Excelência, Reverendíssimo, Magnífico termina por convencer o cidadão de que ele é mesmo isso (Joseph Goebbels), e distanciando-o do povo, da realidade e até do dever a cumprir.
A pessoa faz-se respeitar é pela sua atuação ética, eficiente e sábia. Agora que o povo está despertando e tomando as ruas em protestos reivindicatórios, deveria perfilhar tais pleitos. De costume, os refestelados nos poderes só produzem algo útil quando fustigados.
As mordomias palacianas estão sendo suprimidas nos países mais civilizados, com chefes de governos continuando a morar em suas próprias casas, magistrados indo ao trabalho de trem ou bicicletas e parlamentares morando em repúblicas de estudantes.
Política é a arte de bem governar os povos.
Walter Barreto de Alencar
COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO
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