quinta-feira, 3 de março de 2016

NO METRÔ DE ESTOCOLMO



Relato do Prof.Dr. Décio Tadeu Orlandi, bacharel em Letras pela USP e mestre em Literatura pela UFG:
"Há alguns anos, entrei numa estação de metrô em Estocolmo, a tão civilizada capital da tão primeiro-mundista Suécia, e notei que havia, entre muitas catracas normais e comuns, uma de passagem grátis livre. Questionei à vendedora de bilhetes o porquê daquela catraca permanentemente liberada, sem nenhum segurança por perto.

Ela me explicou que aquela era destinada às pessoas que, por qualquer motivo, não tivessem dinheiro para o bilhete da passagem.
Minha mente incrédula e cheia de jeitinhos brasileiros não conteve a pergunta óbvia (para nós!...): 

"- E se a pessoa tiver o dinheiro mas simplesmente quiser burlar a lei?"
Aqueles olhos suecos e de límpidos azuis se espremeram num sorriso de pureza constrangedora:
"- Mas por que ela faria isso???", me perguntou.
Não lhe respondi... Comprei o bilhete, passei pela catraca e, atrás de mim, uma multidão que também havia pago por seus bilhetes...
A catraca livre continuava vazia, tão vazia quanto minha alma brasileira – e muito envergonhada..."

 O grande diferencial é que a honestidade está enraizada na cultura dos escandinavos, assim como na de muitos outros povos europeus.
Na cabeça da atendente sueca, deixar de pagar a passagem tendo dinheiro no bolso é algo tão descabido, que ela realmente não compreendeu a preocupação do estrangeiro:
"- Mas por que alguém faria isto?" 
Na verdade, a ideia de que alguém poderia faze-lo, simplesmente por ser um filho da puta, é inconcebível no seu arquivo de conceitos! 
Ela nasceu e foi criada lá, e seus valores do que é certo ou errado são muito distintos dos nossos.
Como ela poderia compreender, por exemplo, que no Brasil, um deputado (nababescamente pago para defender os direitos dos cidadãos) quando é pego roubando dinheiro do estado, se  sua pena for cumprir "prisão albergue" por alguns anos, ele passará a dormir na cadeia, mas continuará na função pública durante o dia, e ainda ganhando o gordo salário!
Para mudar este quadro social deprimente no qual vivemos seriam necessárias décadas de boa educação a todas as classes sociais. 
Mas se há algo que nossos governantes não querem, é tornar maioria da população (que enche as urnas),mais educada, culta, e politizada.
Uma população de ignorantes, é mais facilmente manipulável!
Daí a razão da vergonhosa "aprovação automática" em nossas escolas, verdadeiras fábricas de analfabetos funcionais!
 

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