Segundo reportagem publicada pela IstoÉ, a presidente e seu antecessor sabiam das irregularidades na Petrobras e tentaram interferir nas investigações
O ex-líder do governo no Senado Delcídio do Amaral (PT-MS) fez acordo de delação premiada e acusou o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff de tentarem interferir nas investigações da Operação Lava Jato e terem conhecimento de irregularidades na Petrobras, segundo a revista IstoÉ.
A revista, que antecipou a edição do fim de semana, afirma ter tido acesso a um documento de 400 páginas com o conteúdo do depoimento preliminar de Delcídio aos procuradores da operação.
Nessa fase, o acusado cita nomes e fatos que pretende delatar.
Para ter validade, a delação precisa ser homologada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a revista, o único empecilho que tem freado a delação de Delcídio do Amaral é uma clausula de confidencialidade de seis meses exigida pelo senador. O pedido foi acatado pelos procuradores da Lava Jato, mas não foi aceito pelo relator do processo no STF, Teori Zavascki. O acordo foi enviado à Procuradoria-Geral da República que tem até a próxima semana para retirar a exigência, a mando de Zavascki. O senador pediu o prazo para tentar escapar do processo de cassação no Conselho de Ética do Senado. Nos próximos dias, o ministro Teori Zavascki decidirá se homologa ou não a delação.
Com riqueza de detalhes, Delcídio descreve as tratativas de Dilma, Lula e do ex-ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, para defender alguns réus da Lava Jato. Em um dos trechos do documento, o senador afirma que é “indiscutível e inegável a movimentação sistemática de José Eduardo Cardozo e da própria presidente Dilma Rousseff no sentido de promover a soltura dos réus presos na operação”.
Delcídio diz ainda que ajudou em algumas das manobras da cúpula petista contra a Lava Jato. Ele afirma que ficou acertado em uma reunião em Portugal com o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que a “solução” passava pela nomeação do desembargador Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). “Tal nomeação seria relevante para o governo, pois o nomeado cuidaria dos habeas corpus e recursos da Lava Jato no STJ”, afirma a revista.
O senador conta que esteve no Palácio da Alvorada para conversar com Dilma sobre a nomeação de Navarro. A presidente, segundo o relato divulgado pela revista, pediu ao líder do governo que “conversasse com o desembargador Marcelo Navarro, a fim de que ele confirmasse o compromisso de soltura de Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo”, da Andrade Gutierrez.
Delcídio diz ainda que se encontrou com Navarro no próprio Palácio do Planalto para acertar os detalhes da nomeação e que a reunião pode ser atestada pelas câmeras de segurança do palácio. Na reunião, de acordo com Delcídio, Navarro “ratificou seu compromisso, alegando inclusive que o dr. Falcão (presidente do STJ, Francisco Falcão) já o havia alertado sobre o assunto”. Quando assumiu a cadeira no STJ, Navarro, como relator do processo, votou pela soltura dos executivos. A decisão, no entanto, foi barrada pelos demais ministros.
Pasadena
Ele declarou, conforme o depoimento citado pela revista, que Dilma sabia das irregularidades da refinaria de Pasadena, desmentindo a versão da presidente da República. “Dilma tinha pleno conhecimento de todo o processo de aquisição da refinaria”. “A aquisição foi feita com conhecimento de todos. Sem exceção”, reforçou o senador. A compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), foi firmada pela Petrobras em 2006, quando Dilma era presidente do Conselho de Administração da estatal. Há uma suspeita de superfaturamento no contrato no valor de US$ 792 milhões.
Prisão
Segundo o senador, Lula marcou a conversa entre ele e o ator Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que acabou culminando na prisão do ex-líder do governo. De acordo com ele, partiu de Lula a ordem para pagar pelo silêncio de Cerveró e outras testemunhas. Delcídio foi preso acusado de tentar atrapalhar as investigações da Lava Jato. Entre as ofertas feitas, uma mesada de R$ 50 mil à família do ex-diretor e um plano de fuga.
De acordo com a revista, Delcídio afirma que o ex-presidente lhe pediu “expressamente” para ajudar o pecuarista José Carlos Bumlai, citado nas delações de Fernando Baiano e do próprio Cerveró. O senador disse que Bumlai tinha “total intimidade” e exercia o papel de “consigliere” da família Lula, expressão italiana usada em referência aos conselheiros dos chefes da máfia italiana.
O ex-presidente, segundo a revista, sabia do esquema de corrupção da Petrobras e agiu pessoalmente para barrar as investigações. A assessoria de Delcídio nega que e
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