terça-feira, 21 de julho de 2015

O CABARÉ DO DINHEIRO

TRIBUNA DA
 INTERNET – 19JUL2015 - SEBASTIÃO NERY

 O cabaré do dinheiro


 Em Alegrete, que os gaúchos chamam de “a Londres Gaúcha” e por isso foi apelidada de “Alegraite”, havia um famoso cabaré: o “Lulu dos Caçadores”. Toda noite tinha briga. Ia tudo calmo, tudo alegre, mas quando dava duas horas da manhã era batata. A briga estourava. Oswaldo Aranha, muito jovem, foi ser prefeito de Alegrete. Sabia do “Lulu dos Caçadores”, sabia das brigas. Uma noite, apareceu lá, tomou um uísque, saiu ás três da manhã, não houve briga nenhuma. Gostou, no dia seguinte estava lá de novo. E no outro, no outro. As brigas acabaram.
 No quinto dia, quando Oswaldo Aranha entrou, pendurada na parede do cabaré, estava uma faixa grande: – “Dr. Oswaldo Aranha, acabaram-se as considerações”.
 Às duas da manhã, o pau quebrou.

 LEVY

 Quando o doutor Joaquim Levy chegou, convocado pela Dilma para organizar o cabaré das finanças nacionais, que está uma zorra total, ele pediu a compreensão e contribuição
do país inteiro, porque seriam necessários sacrifícios de todos, ricos e pobres, para o país sair do buraco.
 A maioria da Nação o apoiou e aplaudiu. Mas os dias foram passando e ele aos
 poucos deixando descoberto seu jogo alemão de Angela Merkel dos pobres: cortar salários, pensões, aposentadorias, aumentar impostos de pequenas e médias empresas, perdoando as grandes, para garantir o pagamento dos escorchantes juros dos banqueiros e de velhas e escabrosas dividas ao FMI
 (Fundo Monetário) e ao BC (Banco Central). Está correto o desafio do bravo professor Vladimir Safatle (Folha): – “Se ele (Joaquim Levy) realmente
 quisesse tratar educação nacional como prioridade poderia lutar por criar um imposto, vinculado exclusivamente à educação, sobre os lucros bancários estratosféricos, sobre grandes fortunas, sobre heranças ou sobre transações bancárias”. No cabaré do dinheiro o banqueiro sacode a pança e o povo “dança”.


 JUSTIÇA SOCIAL

 O governo diz que faz “justiça social” com a Bolsa Família. É o mínimo que

 uma sociedade alarmantemente injusta devia fazer.
 Vejam os números:
 1.- Para 2015, o custo da Bolsa Família será de R$ 27,1 bilhões. Já a “Bolsa Banqueiro”, com a taxa de juros Selic em 13,75%, custará R$ 420 bilhões,
 decorrente da dívida pública federal de R$ 2,5 trilhões.
 Por mês o sistema financeiro receberá, como remuneração dos juros, R$35 bilhões. O custo da Bolsa Família em relação ao PIB é de 0,45% e a “Bolsa Banqueiro” é de 6,3%. Em 23 dias (valor diário de R$ 1.166 bilhão) os
 bancos receberão de juros o valor anual destinado à Bolsa Família.
 2.- E o mais dramático: para os anos de 2016/18, as despesas com juros serão ainda maiores, ante a projeção da dívida pública atingir 70% do PIB. É
 fundamental entender que a sociedade brasileira é desigual e concentradora da renda. Quem constata é o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no último censo, demonstrando que os assalariados que ganham até 10
 salários mínimos correspondem a 3,1% da população. Acima de 10 mínimos, o número é inacreditável: 0,9% dos brasileiros. Somos um País onde os 10% mais ricos acumulam 90% da riqueza nacional.
 3.- No Brasil, México, Chile, Estados Unidos e outros países foram criados projetos destinados a garantir o direito de se alimentar a milhões de famílias.
 A “Comunidade Solidária”, nascida no governo Fernando Henrique, foi o início no Brasil. Nos EUA, a partir de Nova York, foi criado o “Oportunity” para combater a miséria. No México, o programa tem o nome de “Progressa” e atende a 10 milhões de famílias. No Chile, chama-se “Solidário” e atende a quase 1 milhão de domicílios. Todos focalizam os mais pobres, sendo claramente de assistência social.
 4.- O PT e os seus candidatos vêm fazendo da Bolsa Família um notável cabo eleitoral em todo o País, principalmente nas regiões norte e nordeste. Na
 última eleição, a candidata Dilma obteve no Maranhão uma diferença de 3,8 milhões de votos sobre Aécio Neves, anulando a diferença obtida pelo concorrente nos três Estados do Sul (RS, SC, PR). No Ceará, Bahia, Minas, Rio de Janeiro e Piauí, não foi diferente. O grande cabo eleitoral foi a “Bolsa Família”. O PT acusa que se o adversário ganhar irá extinguir o programa. Isso é
 terrorismo do Estado Islâmico. Como enfrentar a chantagem? A oposição deveria definir o Bolsa Família como política de Estado. Combater a desigualdade é missão estatal, das Nações.
 O PT literalmente bateu a carteira da Bolsa Família.
  
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails