quarta-feira, 13 de maio de 2015

BLÁ-BLÁ-BLÁ-BLÁ...

11 bairros do Centro Histórico de Salvador serão modernizados

Em dezembro fará exatamente 30 anos que toda aquela área foi tombada como ?Patrimônio Histórico da Humanidade?

Tambores e berimbaus tocam ao longe na noite do Centro Histórico de Salvador. Em dezembro fará exatamente 30 anos que toda aquela área foi tombada como “Patrimônio Histórico da Humanidade” e ainda falta muito da revitalização arquitetônica, econômica e social ser concretizada. 
Sobre a realização de algum evento que venha a marcar a passagem das três décadas de tombamento (Uma espécie de Dia Mundial do Pelourinho) o Iphan-Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional informou que “somente no segundo semestre será elaborada alguma programação festiva para marcar a data”. O órgão, contudo é responsável pelas obras do PAC-Cidades Históricas, com diversas intervenções previstas para a região.
“Mais brilhante urbis dentre as colônias portuguesas ultramarinas, cujo apogeu deu-se entre 1650 e 1800”, conforme os próprios termos do projeto de tombamento, a decisão da Unesco ocorreu no dia 2 de dezembro de 1985. O projeto fora concluído no final de julho de 1983 e aprovado em reunião do Conselho Consultivo da (então) Sphan, realizada em Salvador no dia 31 de maio de 1984.
Protesto
Em publicação na sua linha do tempo no Facebook, no último sábado, 9, o presidente da Acopelô-Associação dos Comerciantes do Pelourinho, Lenner Cunha, recordou manifestação de protesto dos comerciantes locais, em 2010 e chegou a aventar para ontem – segunda-feira (11) - um novo protesto. “Creio sinceramente que todos os que prezam o turismo, a cultura e o Centro Histórico de Salvador devem participar desse ato”, convocava. Outros comerciantes do bairro, todavia, garantiram desconhecer a iniciativa.
Segundo Lenner, “quase cinco anos depois do dia de protesto nada melhorou no Pelourinho. Noite passada mais uma Pousada foi invadida aqui no Centro Histórico e bem ao lado da garagem onde a Policia Militar guarda seus veículos”. Ele diz, ainda, que a Acopelô já solicitou reunião com o secretário de Turismo Nelson Pelegrino e o deputado Zé Neto, líder do Governo na Assembleia Legislativa, “mas até agora nada”. Para ele “o governo continua tratando o local com descaso. Não ouve ninguém, mantém pessoas que não atendem às demandas culturais no CCPI-Centro de Cultura e Políticas Identitárias e vai, assim, matando o turismo no local”.
Ações estratégicas 
De acordo com a Sedur-Secretaria de Desenvolvimento Urbano, pasta à qual estão subordinadas a Conder-Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia  e a Dircas-Diretoria do Centro Antigo de Salvador, o sítio histórico “tornou-se prioridade para o Governo do Estado desde a implementação e elaboração do Plano de Reabilitação do CAS-Centro Antigo de Salvador [em 2013]”. Na poligonal vivem mais de 77 mil moradores.
Conforme a titular da Dircas, Beatriz Lima, o governo abordou o CAS com um “olhar macro” a fim de realizar um amplo diagnóstico no local. “Então, economia, social e segurança, por exemplo, estão integrados à lista de obras do Plano de Reabilitação”, explicou. Segundo Beatriz, não são programas individuais, mas um “conjunto de ações estratégicas, orçado em R$ 121 milhões, com o intuito de reabilitar, preservar e valorizar a região”. 
Mais de 200 ruas requalificadas
O projeto de requalificação das vias urbanas e passeios do CAS, por exemplo, irá modernizar mais de 200 ruas, em 11 bairros que integram a região, dentro do PAC-Pavimentação. Segundo a Dircas, serão realizados serviços de rampas com acesso para portadores de necessidades especiais, piso tátil direcional e de alerta, calçadas novas em concreto lavado e detalhes em granito, faixa de serviço em placas de concreto, 13 km de ciclofaixa, 73 km de pavimentação, dos quais 48 km em asfalto e 25 km de paralelepípedo reaproveitado. 
O projeto prevê, também, a conversão da fiação aérea em subterrânea na Avenida Sete, Rua Chile e Rua Direita do Santo Antônio. O titular da Sedur, Carlos Martins, apresentou recentemente o projeto do PAC Pavimentação da região a representantes da Embasa e da Secretaria de Recursos Hídricos. A intervenção está dividida em cinco lotes. 
O primeiro corresponde ao Comércio e Calçada; o segundo, aos bairros do Centro, Campo Grande, parte de Nazaré e Politeama; os bairros da Saúde, parte do Santo Antônio Além do Carmo, Barris e Tororó formam o terceiro lote; o quarto envolve o Santo Antônio Além do Carmo e o quinto, os bairros do Barbalho, parte de Nazaré, Macaúbas, Soledade e Lapinha. Do ponto de vista do patrimônio histórico e cultural, de acordo com o secretário, desde 2012, “756 imóveis foram recuperados, correspondendo a 90% do total programado para o Centro Histórico”.
Afora o dramático quadro social e econômico, com que se deparam turistas e moradores da cidade, a verdade é que, longe da conclusão das obras programadas, a arquitetura do Centro Histórico, predominante nos séculos XVIII e XIX - notadamente o Pelourinho, Carmo, Maciel e Sé - hoje em quase nada demonstra o apogeu de uma época, quando esteve habitado pela aristocracia rural e a burguesia em ascensão. 
Patrimônio Cultural da Humanidade 
O conjunto urbanístico e arquitetônico contido na poligonal do Centro Histórico de Salvador – declarado Patrimônio Cultural da Humanidade, pela Unesco em 1985 - é um dos mais importantes exemplares do urbanismo ultramarino português. Com seus becos e ladeiras - acolhe um dos mais ricos conjuntos urbanos do Brasil, implantado em acrópole e distinguindo-se em dois planos as funções administrativas e residenciais (no alto) e o porto e o comércio (à beira-mar).
Entre 1938 e 1945, vários monumentos do Centro Histórico foram tombados pelo Iphan, para garantir a preservação do Largo do Pelourinho e do seu entorno imediato. Os espaços públicos de Salvador - Praça Municipal, Terreiro de Jesus, Caminho de São Francisco, Largo do Pelourinho, Largo de Santo Antônio e Largo do Boqueirão - decorrentes dos traçados de suas ruas, ladeiras e becos, formam um dos mais ricos conjuntos urbanos de origem portuguesa. Os sobrados de dois ou mais andares e as soluções de implantação em terrenos acidentados são exemplos típicos da cultura lusitana. 
O acervo arquitetônico e paisagístico da capital baiana merece destaque pelo seu excepcional valor cultural e pela sua extensão, incluído o frontispício pontuado pelas torres das igrejas. Possui cerca de três mil edifícios construídos nos séculos XVIII, XIX e XX - o que faz com que Salvador concentre mais da metade dos bens tombados individualmente em todo o Estado. Aliada a uma topografia singular, a paisagem da área tombada é formada basicamente pelos conjuntos monumentais da arquitetura civil, militar e religiosa. (AF)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails