Carl von Hauenschild
Concordo com a posição que empreendimentos públicos
devem ser feitos a partir de concurso público, tanto faz se esta obra é uma reforma de uma concessão ou não,
se o projeto original é de Lelé, Niemeyer ou José da Silva, vivo ou
morto. Sou adepto dos direitos autorais nos moldes do “Creativ Commons”
especialmente nas obras vivas, que existem para ser evoluídas ou desenvolvidas.
Mais de 90% das obras de arquitetura da atualidade são utilitárias, inclusive
concebidas sem a mínima pretensão de criar alguma obra de arquitetura-arte ou
arquitetura-marco, onde caberia uma preservação de sua forma original.
Na época da discussão da estação Aquidabã (1998)
usamos inclusive, como argumento da solução arquitetônica/ estrutural, apesar de
que podia se enquadrar como arquitetura-marco, que sua vantagem como estrutura
de aço permitia que fosse desmontada em qualquer momento (quando deixou de ter
sua função original) para ser remontada em outro local ou reciclando os materiais.
Nesta mesma época Lelé projetou a estação da Lapa
também como estação de ônibus, mas esta, como terminal e não como o Aquidabã,
estação de transbordo. Em função disto discutimos com ele a viabilidade desta
estação neste local, nesta configuração e nesta forma arquitetônica. Nossa críticas
foram as seguintes:
· O fim do vale do Convento
da Lapa achamos na época, e continuamos achando, não deveria ter sido o local
da estação, porque se tornaria uma estação terminal e não uma estação de
transbordo periférico do Centro de Salvador que deveria ser colocado no
estacionamento São Raimundo onde chegarão os sistemas de transporte coletivo as
Av. Vasco da Gama, Garibaldi e Centenária vindo da orla atlântica. Na época,
achamos e continuamos achando, que o final do vale do Convento da Lapa não
deveria ter sido o local da Estação, porque se tornaria uma estação terminal e
não uma estação de transbordo periférico do centro de Salvador, devendo ter
sido colocada no estacionamento São Raimundo, aonde chegariam os sistemas de
transporte coletivo da Av. Vasco da Gama, Garibaldi e Centenário, vindos da
orla atlântica.
· A construção de uma
estação ali eliminaria a possibilidade de desembocar um túnel de baixo custo
que permitiria interligar dois anéis de transporte coletivo em volta do Centro
(via Comércio interligando com eixo Baixa dos Sapateiros e o eixo Dique) que
interligaria a Conceição da Praia com a Barroquinha e o vale da Lapa/São
Raimundo (na época estacionamento periférico do Centro). Isto foi essencial
para nossa proposta de reforma do Centro, na época, transformando a Av. Sete em
calçadão largo, só com uma faixa de ida e vinda entre Campo Grande e Praça da
Sé . A estação da Lapa neste local impediu esta evolução futura, essencial para
a preservação do centro.
· Ainda esta estação: Neste
grotão somente tinha condições de fazer em 2 pavimentos por que o volume de
ônibus ai chegando e como terminal permanecendo por mais tempo. Isto
significaria que precisava escada rolante para a quantidade de pessoas subindo
e descendo e ainda uma ventilação mecânica permanente para tirar as gases dos
ônibus da área coberta. 2 equipamentos que demandam elevados recursos de
implantação, operação e manutenção e assim um risco muito grande de não
funcionar muito tempo e assim prejudicar um conforto mínimo de usuário.
(exatamente o que aconteceu.). Neste grotão a única possibilidade seria a
construção em dois pavimentos, por causa do volume de ônibus, pois como
terminal, estes permaneceriam por mais tempo. Isto significaria a existência de
escadas rolantes pelo grande número de pessoas e ainda uma ventilação mecânica
permanente, para dispersar os gases dos ônibus da área coberta. Estes dois
equipamentos demandam elevados recursos de implantação, operação e manutenção,
e ainda um risco muito grande de parar de funcionar por muito tempo,
prejudicando um conforto mínimo aos usuários (exatamente o que aconteceu).
Ainda hoje defendo a mesma coisa, que nosso centro antigo
de Salvador está na UTI e precisa de um plano com visão a médio e longo prazo
para dar sustentabilidade a qualquer investimento no sistema de transporte
coletivo, tanto com recurso público ou privado de PPP ou de concessão. Isto
somente deveria acontecer após o Plano Municipal de Mobilidade ser elaborado e
aprovado como plano de desenvolvimento a médio e longo prazo dos sistemas de
transporte que, conforme lei federal, deveria ser aprovado até abril de 2015
(que naturalmente não acontecerá, não podendo então receber recursos federais).
Então, em minha opinião, investir agora na Estação
da Lapa sem planejamento é dinheiro mal empregado, como também a concessão da
Lapa e das bacias de ônibus. Estes atos somente consolidam o “armengue”
existente e não resolvem o problema da reformulação e revitalização do centro
nem o conforto do usuário, que precisa conviver com os ônibus no subsolo.
Acho que estações de transbordo ou terminais precisam ser integrados
com usos comerciais e institucionais em função da otimização dos espaços e seu
custo, porque gera qualidade funcional, econômica, e conforto aos usuários.
Só não cabem no subsolo quando se trata de ônibus de autocombustão, o que
gera gases.
Ainda hoje esta estação precisa ser integrada com o
metrô de subsolo que aumenta a confusão por que esta também não foi planejada
para servir bem o centro da cidade alta e a cidade baixa. Ainda hoje esta estação precisa ser integrada
com o metrô de subsolo, o que também não foi planejado, não podendo servir bem
o centro da cidade alta e cidade baixa.
Então continuamos no improviso sem resolver o
problema existencial da revitalização do centro ou ainda piorando-o.
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