terça-feira, 11 de março de 2014

"ELA" opinião de um leitor


"Entre ontem e hoje assisti e reassisti ao filme "Ela", de Spike Jonze. 
No primeiro contato, achei algumas poucas coisas interessantes, mas fiquei com a sensação de que o diretor tinha um rico tema em mãos, mas, por ter escolhido como personagem coadjuvante/central uma máquina, teria perdido o prumo e a história se esvaziou, no seu transcorrer.
Entretanto, no segundo contato, consegui acessar a riqueza de situações que o filme expõe, chegando ao final com a convicção de ter assistido a uma belíssima obra cinematográfica.
Na película, Theodore, vivido por Joaquin Phoenix, adquire um sistema operacional que se propõe, como tantos outros existentes, facilitar a vida das pessoas. Só que esse programa computacional foi elaborado de modo muito mais sofisticado, pois, além da capacidade lógica comum aos demais, ele foi construído com base nas experiências emocionais do ser humano, e como este, possui características que lhe atribuem personalidade, sentimentos, emoções, enfim. 
A partir daí, o filme toca em questões de alta relevância, como a busca pela felicidade plena/idealizada, a fuga dos problemas reais, ou seja, da vida real, o egoísmo, a solidão, a dependência à tecnologia, a fragilidade humana, o desespero. 
Vi cenas antológicas, como a que se passa dentro do metrô, na qual diversas pessoas conversam simultaneamente, mas, sozinhas, com suas máquinas, como se não houvesse ninguém em volta. 
Assim, embora a história se passe no futuro, espelha uma triste realidade que já vivemos e que vemos crescer dia a dia, a das multidões solitárias, a da incomunicabilidade intra-humana e o avanço da dependência à máquina.
Achei chocante, mas artistiticamente muito bem construído e belo. Portanto, o Oscar e Globo de Ouro de roteiro original, para mim, foram merecidíssimos..."
Tadeu Aráujo

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