sexta-feira, 14 de março de 2014

ADÉLIA PRADO


“Tão lírica minha vida.
D
ifícil perceber onde sofri.
Depois de décadas de reprimido desejo,
furei as orelhas.
Miúdos como grãos de arroz,
brinquinhos de pouco brilho
me tornam mais bondosa.
Fora minhas irmãs,
que também pagam imposto
ao mesmo comedimento,
quase ninguém notou.
Fiquei mais corajosa,
igual as mulheres que julgava levianas
e eram só mais humildes.

(Adélia Prado / Pingentes de Citrino)

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