segunda-feira, 2 de setembro de 2013

DOIS STRADIVARIUS, A HISTÓRIA DE UM POVO

UM DOCUMENTO ABSOLUTAMENTE IMPERDÍVEL RETRATA A HISTÓRIA DE UM VIOLINO STRADIVARIUS AO MESMO TEMPO QUE A HISTÓRIA DE UM POVO
 E DE UM GRANDE INTERPRETE:
JOSHUA BELL




Um Stradivarius em Salvador

Quando presidente da associação dos moradores de meu bairro de Santo Antônio (Salvador), recebi chamada de telefone de Sabina Lovatelli, do Mozarteum de São Paulo. Um quarteto alemão de Munique, após uma série de concertos no sul do país, desejava conhecer Salvador. Poderia encontrar forma de hospedar os músicos? 
Era uma destas oportunidades que aparecem uma vez na vida.
Pedi duas horas para dar uma resposta. Minha casa dispunha de dois quartos e Fernanda Cabrini, dona da charmosa Pousada do Boqueirão oferecia hospedagem aos outros três outros, já que o quarteto tinha mais um oboista por causa da execução de uma obra musical. 
A estadia seria de três dias.
Em contrapartida, pedi aos músicos dois concertos. Concordaram com a maior gentileza.
O primeiro concerto, em 25 de outubro de 1995, aconteceu na igreja de Santo Antônio. Apesar de modesta divulgação – a associação não podia se permitir o luxo de uma assessoria de imprensa – a igreja encheu muito antes da hora. 
Já o segundo evento foi programado para a igreja do Boqueirão. Para minha surpresa, muito antes do horário  uma multidão encheu o templo. Não havendo mais lugar nos bancos, muitos foram os que se sentaram no chão enquanto outros ficavam do lado de fora.
17 anos se passaram. 
Não posso esquecer “A donzela e a morte”, esta pequena maravilha de Schubert, tocada na linda igreja barroca. De repente, anjos povoaram o céu da igreja.O que poucos souberam naquele momento – a violinista tinha-me pedido o maior sigilo – é que, pela primeira vez, Salvador podia se deliciar com o som perfeito de um autêntico violoncelo Stradivarius interpretando, além do já citado Schubert, Verdi, Donizetti, Mozart e Haydn.
Lembro que, na época, não foi mencionado a presença de tão prestigioso instrumento, pelo alto valor da peça. 
Hoje um instrumento do famoso lutaio custa entre um e três milhões de dólares.


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