domingo, 1 de setembro de 2013

CENTRO DE CONVENÇÕES OU DE SUCATAS?

Situação precária do Centro de Convenções tira Salvador da rota de congressos e eventos

Situação precária do Centro de Convenções tira Salvador da rota de congressos e eventos
Foto: Daniele Rodrigues/Metropress
A necessidade de uma reforma no Centro de Convenções da Bahia não é novidade para ninguém. Mesmo com dinheiro no caixa, a burocracia dificulta a realização de grandes mudanças, prova disso é a licitação para a climatização, que se arrasta há meses. Sem conseguir fazer todas as mudanças necessárias em tempo ágil, o secretário do Turismo (Setur), Domingos Leonelli, quer privatizar o espaço.

Ele afirma que o governo não tem condições sozinho de promover uma grande reforma no espaço. "Estamos com R$ 10 milhões para investir em obras para serem feitas no centro como um todo. Mas a necessidade do Centro é bem maior do que essa. Por isso, nós estamos propondo a tercerização da administração", justifica.

Inaugurado em 1979, o Centro de Convenções da Bahia era considerado uma obra de vanguarda e, por muito tempo, o maior do Nordeste. Hoje, a estrutura defasada acaba causando prejuízos a eventos de grande porte e ao setor envolvido nos eventos corporativos". 

"Esse processo lento prejudica a nós organizadores. Os eventos nacionais têm que ser captados com antecedência, três, quatro e, às vezes, até sete anos antes. Para que a gente possa lotar nossa agenda de eventos, precisamos que isso [a reforma] esteja assegurado o quanto antes", conta o diretor-presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos na Bahia (Abeoc-Ba), Sérgio Araújo.

Processo de privatização se arrasta

No fim do ano passado, quando anunciou a privatização do Centro de Convenções, o secretário do Turismo, Domingos Leonelli, tinha a expectativa de que tudo ficasse resolvido até março deste ano. Mas a burocracia do poder público não ajudou e até hoje o edital de concessão ainda nem foi lançado. 

"A Desenbahia e a Secretaria da Fazenda prepararam um estudo, fizeram uma licitação e uma empresa já ganhou essa licitação para preparar o modelo de negócios que vai possibilitar um edital de licitação, um termo de referência, para a gente terceirizar a administração e a iniciativa privada assumir", explica Leonelli.

Ainda não há previsão de quando esse termo de referência vai ficar pronto, nem quando o edital de concessão para a iniciativa privada será lançado.

Estrutura é velha e ultrapassada

O fato de o Centro de Convenções ter 34 anos de construção é um complicador para a Bahiatursa manter o espaço sempre com uma boa estrutura. "São equipamentos muito antigos, quebra num dia, conserta no outro, por isso precisa de uma reforma geral, de uma modernização. E isso aí nós achamos que deve ser feito já pela iniciativa privada, completa. Vamos investir 10 milhões, no entanto, apenas para o emergencial.", explica Domingos Leonelli. "É uma estrutura antiga e complexa, qualquer parafuso que você vá trocar ali custa R$ 1 mil", completa Sérgio Araújo.

Não tem nem climatização

Além do térreo, o Centro de Convenções da Bahia possui quatro andares. Destes, apenas o último é todo climatizado. Lá estão auditórios, salas de comissões, salas de reuniões e 1.800m2 de áreas para exposições leves para congressos. O terceiro piso, onde também acontecem exposições e congressos, ainda não tem climatização, um dos itens necessários para receber eventos com conforto.

"Antes o ar-condicionado era considerado um luxo, depois, considerado conforto, mas hoje é uma necessidade, uma coisa básica até mesmo como opção, se o organizador do evento não quiser usar. Mas ele precisa existir", pontua o diretor-presidente da Abeoc-Bahia, Sérgio Araújo.

Governo não pode se eximir

O presidente da Abeoc, Sérgio Araújo, aprova a ideia da intervenção da iniciativa privada para reformar o Centro de Convenções, mas pondera que o poder público não deve se eximir de suas responsabilidades.

"Temos as nossas limitações no Centro de Convenções, e se tivermos mais empresários com empreendedorismo, os espaços vão aumentar em Salvador e será melhor para todo mundo. Eu acredito muito que não se consegue fazer nada só, e se houver a parceria da iniciativa privada com o poder de ação do governo, a gente consegue resultar o produto final: Salvador boa para quem vive. Mas o ponto de partida tem que ser sim do poder público", opina o presidente da Abeoc.

Elevadores e escadas não funcionam

Além da climatização, o Centro enfrenta outros problemas de infraestrutura, como equipamentos enferrujados, funcionamento irregular dos elevadores e escadas rolantes. No entanto, o secretário Domingos Leonelli garantiu ao Grupo Metrópole que tudo estava e está funcionando perfeitamente.

"Os elevadores estão funcionando. Assinei uma ordem de serviço para consertar o elevador de monta-carga.  As escadas rolantes também estão funcionando normalmente", garantiu Leonelli. Porém, não foi isso que a equipe de reportagem encontrou no local. Na última segunda-feira, uma placa no primeiro andar informava que os elevadores estão passando por manutenção: "elevadores em reparo, responsabilidade da Atlas".

Litoral Norte reforçado

Para atender às novas demandas do mundo corporativo com uma estrutura mais moderna, foi inaugurada na semana passada a Arena Sauípe. Idealizado em 2009, o projeto foi posto em prática no ano passado e em oito meses ficou pronto.
 
"Temos a capacidade de receber 3,5 mil pessoas sentadas ou 6 mil em pé. Além de tudo, temos a vantagem de poder hospedar os visitantes dentro do Complexo", explica o diretor comercial do espaço, José Garcia. Ele conta que, além do sorteio da Copa, outros eventos já estão reservados para acontecer na Arena até 2014.
 

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