Vitral ‘Art nouveau’ do Cine Teatro Jandaia será restaurado pelo IPAC
O tradicional vitral da fachada do Cine Teatro Jandaia, em Salvador, de cinco metros de altura e 3,5 metros de largura, vai ser restaurado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), da Secretaria de Cultura do Estado (SecultBA). O imóvel inaugurado em 1931 detém relevante importância arquitetônico-histórica, por suas influências Art nouveau e Art déco, e pela extensa lista de artistas locais, nacionais e internacionais que se apresentaram no local.
Desde 2010 o cine teatro é tombado como ‘Patrimônio da Bahia’ e foi o IPAC que retirou o vitral em 2013 por risco de desmoronamento, já que o proprietário deixou a edificação se arruinar. Diante do abandono do imóvel, o governador Rui Costa, anunciou no último dia 6 (novembro/2015) que o IPAC fará obras emergenciais de conservação com escoramento e logo depois o Jandaia deverá ser desapropriado pelo Estado.
“A contenção da estrutura do imóvel deverá ser a primeira ação, já que o prédio se encontra com ameaça de desmoronar, aliado às primeiras ações de restauração do vitral que já se está de posse do IPAC”, explica o diretor geral do Instituto, João Carlos de Oliveira. O cine teatro pertence, atualmente, a Carlos Valensi, um descendente de franceses que mora no Rio de Janeiro e é herdeiro de uma rede de cinemas em várias cidades brasileiras.
CONSTITUIÇÃO – Segundo leis municipais, estaduais e federais vigentes, a primeira responsabilidade de um imóvel é do proprietário. Ou seja, caso ocorra desabamento, pessoas fiquem feridas ou morram, o proprietário pode ser responsabilizado criminalmente. Em segunda instância é a Prefeitura Municipal, pois responde pelo uso, ocupação e licenciamento do solo urbano da cidade que ela administra. Ações de isolar e retirar pessoas ameaçadas por imóveis em ruínas também é obrigação legal da prefeitura. Em última instância, é o órgão através do qual foi feito o tombamento do imóvel.
“O tombamento não retira a propriedade de um imóvel; pelo contrário, o proprietário passa a ter mais responsabilidade por se tratar de um bem cultural importante para o estado ou o país”, diz a diretora de Preservação Cultural do IPAC, Etelvina Rebouças. Em contrapartida, o proprietário de imóvel tombado tem prioridade nas linhas de financiamento para projetos arquitetônicos ou obras de restauro do seu prédio.
“Parte dos vitrais chegaram intactos, outra parte recuperamos”, ressalta Kathia Berbert, coordenadora de Restauro de Elementos Artísticos do IPAC. A remoção foi orientada pelo professor da Universidade Federal da Bahia, José Dirson Argolo. Os vitrais foram forrados com isopor e acondicionados em caixas de madeira. A peça artística foi idealizada pelo fundador do Jandaia, João Oliveira, tendo uma ave, a jandaia, em uma das mãos de uma figura feminina Art nouveau. Mais informações na Diretoria de Projetos e Obras do IPAC, via telefone (71) 3316-6731 ou 3116-6721 e endereçocores.ipac@ipac.ba.gov.br. Acesse o site www.ipac.ba.gov.br, o facebook 'Ipacba Patrimônio' e o twitter '@ipac_ba'.
Box-opcional: História – O Cine Jandaia trata-se de uma exemplar referência da arquitetura proto-moderna na Bahia, concebido a partir de elementos do vocabulário Art Déco. Suas linhas seguem uma simetria, havendo integração / articulação entre arquitetura, interiores e design (mobiliário, luminárias e serralheria artística). Observa-se, em sua decoração interna, que alguns elementos decorativos recorrem, de forma estilizada, a modelos clássicos da antiga Grécia. Foi edificado em estrutura de concreto armado, com fachadas revestidas em pó de pedra, com grande quantidade de janelas venezianas, com bandeira de vidro. Na fachada principal há um barrado em mármore preto, onde encontramos algumas lojas comerciais, além de um grande vitral decorado na área central. Observa-se a busca por uma verticalidade na lateral esquerda do frontispício, onde foi implantada uma pequena torre. A leitura dos espaços internos registra a preocupação com a ornamentação estética do cine-teatro, apreendida a partir de diversos detalhes: o foyer recebeu revestimento mármore rosa nas paredes, com moldura em mármore preto, guarda-corpo com desenhos em ferro, camarotes com contorno circular em metais e colunas, além de painéis em gesso com figuras mitológicas. A área da audiência possui grande rosácea no centro do forro e figuras femininas nas laterais do palco. Desde sua fundação, o Cine Teatro Jandaia foi palco de significativos eventos culturais, tanto na área da música quanto na do teatro, com apresentações de renomados artistas nacionais e estrangeiros, e isso, apesar da discriminação manifestada então pela elite soteropolitana, em decorrência de sua localização na Baixa dos Sapateiros (Avenida J.J. Seabra), localidade considerada de natureza popular quando confrontada com a Rua Chile, lugar elegante e por ela preferido. O Cine Teatro Jandaia atingiu a sua função cultural maior e, sem dúvida, de cunho bastante popular, com realizações de sessões de cinema pela manhã aos domingos e feriados, diariamente pela tarde (matinês) com dois filmes e à noite com exibição de apenas um único filme em duas sessões.
Fotos em BAIXA resolução ANEXAS.
Fotos em ALTA RESOLUÇÃO:
Crédito Fotográfico obrigatório Fotos anexas - Lei nº 9610/98: Cláudio Brito
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