À procura de uma lágrima
na Globo pela tragédia
em Minas Gerais
Os argumentos para defender o “Jornal Nacional”pela ampla cobertura dos atentados em Paris, na França, são diversos: “diferente de Mariana (MG), foram ataques terroristas na cidade-luz”, “o povo brasileira não pode comparar tragédias”, “o ser humano chegou a tal ponto que quer saber se uma tragédia é mais importante que a outra”, “mimimi de quem não tem o que fazer”… A verdade é que William Bonner eRenata Vasconcellos foram traídos pelo tempo.
A grande atenção no caso da cidade europeia, com direito a quatro blocos de notícias e emoção deSandra Annenberg durante entrada ao vivo neste sábado (14), seria absolutamente inquestionável e de forma alguma exagerada não fosse um detalhe: com o rompimento de uma barragem em Mariana, Minas Gerais, não se viu tamanha movimentação. Por que os âncoras titulares não foram escalados para o plantão do último dia 7, 48 horas depois da tragédia? Não se trata de comparar tragédias, buscar a que mais importa ou minimizar dores – cada país com o terrorismo cultiva -, mas de se fazer justiça.
No momento em que a principal emissora do país decide dar atenção infinitamente maior a uma tragédia que aconteceu a milhares de quilômetros de terras brasileiras, na nossa realidade, que por si só é um terrorismo cotidiano, uma cidade está debaixo da lama, um rio foi completamente destruído, uma população inteira está sem água e outra barragem ainda maior ameaça se romper, há de se perguntar quais são os critérios de Bonner e Cia?
Afinal, somos todos Paris, todos Mariana, mas será que as vítimas de Minas não mereciam uma lágrima ao vivo na programação da Globo? Perguntar não ofende.
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Responsável pela editoria de Famosos do RD1, Breno Cunha opina sobre televisão e outros assuntos neste espaço. Fale com ele: breno@rd1audiencia.com
COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO: Talvez seja ainda pior, já que aqui, em Minas, o inimigo está entre nós
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