terça-feira, 3 de novembro de 2015

UMA CARTA ABERTA A EMANOEL ARAÚJO

Emanoel,
A presente mensagem é uma "carta aberta". Você é o destinatário, mas uma cópia está sendo enviada para algumas pessoas as quais eu gostaria que tivessem conhecimento do seu ‘’comportamento’’. Para isso, vou contar 3 histórias. 

História n° 1 : "Você e Eu" ou "É tudo brincadeira" 

A nossa colaboração remonta aos anos 90, em particular a 1996 quando você me ajudou na minha pesquisa para o número da ''Revue Noire'' dedicado ao Brasil Afro-Brasileiro. Fiquei, e continuo, muito grato. Desde então, sempre estive presente quando precisou da minha ajuda na França e no Benim.
Em 2007, realizamos no 'seu' Museu Afro Brasil, a primeira grande mostra de arte contemporânea africana no Brasil : "O Benim está vivo ainda lá".

Em 2013, você me chamou novamente para preparar mais uma exposição de artistas africanos. Foi aberta no dia 25 de maio de 2015 com o título de "Africa Africans".
Em março de 2014, você viajou para o Benim. Escolheu obras de vários artistas para esta exposição e comprou diversos itens para você mesmo. Como não tinha levado dinheiro suficiente, deixou um adiantamento para os vendedores. Lá, o amigo Constant Adonon reuniu as peças, aguardando o resto dos pagamentos para despachar suas encomendas para o Brasil. Na sua volta a São Paulo, eu me encontrava no Rio e você me pediu  que fosse a São Paulo para me entregar o montante destes pagamentos.

Fui, e no dia seguinte, 19 de março, aconteceu um incidente : em vez do valor a ser pago, a sua secretária me entregou um envelope com apenas um terço deste valor. Fui falar com você. Respondeu-me que "estes africanos (usou precisamente o termo  ‘’neguinhos’’) só se interessam por dinheiro e que era para dizer-lhes que você pagaria o resto quando da sua próxima ida ao Benim". (Até hoje, você não voltou ao Benim ...). En passant, me chamou de '"cretino". Não respondi nada, voltei ao Rio com o envelope e mandei imediatamente uma mensagem para dizer-lhe que me entregasse a totalidade da dívida a ser paga ou eu não iria ao Benim. Acrescentei que não apreciava ser chamado de cretino. A sua resposta veio logo (Mensagem sua de 20/03) : ...Tudo isto era só brincadeira, mal-entendido, pois eu era um grande amigo seu, o melhor amigo do Museu Afro-Brasil, a pessoa graças a quem você tinha descoberto aquele país que você ‘’ama de paixão’’ : o Benim. Você se desculpou, disse que eu tinha toda a razão e que viria pessoalmente ao Rio para me entregar a totalidade do que restava a pagar. O que você fez.

Pois é, foi preciso fazer esta pequena chantagem para você acabar fazendo o certo.
Capitulo seguinte : 21 de dezembro de 2014, você estava em Paris e o acompanhei no ateliê do artista Bruce Clarke, programado para a exposição Africa Africans. Ao deixar o ateliê, você disse ao Bruce que estava interessado em comprar um grande quadro dele que estava numa das paredes.

Quando, em março deste ano, chegou a hora de despachar para o Museu as obras de Bruce Clarke a serem expostas, achei oportuno perguntar-lhe se continuava querendo comprar a obra mencionada quando da visita ao ateliê. Você me ligou imediatamente pedindo-me que perguntasse ao Bruce quanto queria por esta obra. 
Transmiti a resposta do artista (meu Mail de 05/03/2015) : O preço-galeria era 12 000 €, mas tratando-se do Museu Afro-Brasil e de você, ele deixaria por 6000 €.
No dia seguinte (mensagem sua do 06/03), você me pediu para oferecer 3000 € ao Bruce. A essa altura, considerei que não me cabia ficar barganhando com um artista que respeito muito. E lhe pedi que fizesse pessoal e diretamente a sua oferta ao Bruce. Propus até lhe preparar um rascunho em francês.

 Aqui está sua resposta :
Le 6 mars 2015 à 14:59, araujo.emanoel a écrit :
Sr. Andre Joly,
Como o senhor estar ficando agresivo. eu bem sei que io senhor nao é vendedor nem marchand etc.  seja men ou melhor vá a merda e muito obrigado  dagora em diante tireui voce daas minhaS RELAÇOES. 
EMANOEL ARAUJO.

Conclusão : um ano depois, o melhor amigo do Museu Afro-Brasil foi delicadamente mandado à ‘’merda’’ através de uma mensagem cheia de erros de digitação, refletindo a Sua agressividade e grosseria.
Brincadeira ?

História n° 2 : A de Hector Sonon ou ‘Desprezo e ingratidão’’

Você convidou o Hector Sonon, desenhista beninense, para a exposição "África- Africans". Ele devia trazer para São Paulo 8 desenhos de 107 x 75 cm e realizar no Museu mais 2 painéis de 200 x 150 cm. Receberia o equivalente em Reais a 3000 €. Depois Você alterou o pedido: em vez de 2 painéis de 200 x 150 cm, seria um só de 300 x 200 cm, sem mudar o resto do compromisso.

Em maio de 2015, Hector chegou em São Paulo com os 8 desenhos encomendados. Mas em vez do painel de 300 x 200 cm, você disse que fizesse o que queria em 2 grandes paredes externas, ao lado da entrada do Museu. O Hector, com educação e boa vontade, sem pedir nada, realizou 2 afrescos de … 9,13 m  x 1,75 m ! Por outro lado, para expor os desenhos trazidos do Benim, você tinha mandado preparar 9 espaços em vez de 8. Hector, sempre sem pedir nada, realizou um nono desenho. Depois, você não gostou de um dos desenhos. Ainda sem pedir nada, Hector fez outro desenho para substitui-lo.

Ele tinha trazido na sua bagagem 4 quadros. Você reservou 2 que ia comprar por 500 € cada. O pagamento seria feito através de um amigo seu que viajaria para o Benim em julho. Ninguém o obrigava a comprar esses quadros que, aliás, podiam interessar a outros compradores. Em vez do dinheiro prometido, Hector recebeu, por e-mail, a notícia de que você não queria mais os quadros e que ia devolve-los em julho, através daquele amigo. Este último deve estar muito ocupado, pois o Hector, até hoje, não recebeu os quadros de volta.
O artista ficou humilhado e muito magoado. Mandou uma mensagem ao Museu dizendo que isto era uma falta de respeito para com os artistas.
Falta de respeito, ingratidão ou mais uma brincadeira sua ?

 História n° 3 : A de Josué ou ‘’As promessas apenas comprometem quem nelas acreditou’’.

 Você não se lembra de  Josué ? Vou lhe refrescar a memória. 
Ele é o filho de Lambusgador, aquele artesão beninense, lánaquele pais que você "tanto ama". Lambusgador é extremamente pobre e tem vários filhos, entre eles, Josué, uns 10/11 anos em 2013. Tomado de compaixão por essa família, você prometeu trazer o Josué para o Brasil e matriculá-lo numa boa escola. Ou seja : dar uma chance na vida a uma criança africana carente. 

A pedido seu, interroguei Simplice Dako, oficial de justiça no Benim. Era muito simples como lhe informei (minha mensagem de 28/02/2014) : Josué precisava de um passaporte, visto brasileiro e, sendo menor de idade, das autorizações do pai e da mãe, carimbadas pela prefeitura de Cotonou. Naquele dia, Você se encontrava no Benim. Eu lhe comuniquei essas informações e também os contatos telefônicos do Sr Dako.

 Mas… nada aconteceu. Parece que Você se esqueceu do Josué ! É muito triste para o Josué (seu passaporte estava pronto) e para o Lambusgador também, pois sua promessa o fez sonhar muito com um futuro melhor para o filho.
Promessa ? Não, provavelmente outra brincadeira …

Antes de concluir e voltando á exposição ‘’Africa Africans’’, você achou talvez que iria me aborrecer por não ter mencionado meu nome no catálogo, na lista de agradecimentos. Engano seu. Ao contrário eu lhe agradeço. Prefiro não ver meu nome ao lado do seu.

É isso ai, Emanoel. São alguns exemplos de seu comportamento, entre muitos outros, para mostrar quem realmente você é, obcecado por um ego, uma prepotência, uma arrogância, uma vaidade e um desprezo sem limites.
 Mas deve saber uma coisa : você pode comprar Mercedes Benz e Toyota último modelo, echarpe Armani e demais roupas de grife, mas tem muitas coisas que você nunca conseguirá comprar : respeito para com os outros, postura, classe, educação, dignidade, pois essas coisas não estão a venda. Não se compram com dinheiro. 

Quem não tem, nunca as terá.
 Chega de brincadeiras !

André Jolly

Fundador da Aliança Francesa de Salvador-Ba e do Centro Cultural Franco-Namibiano na Namibia / Ex-Adido Cultural da Embaixada Francesa para o Caribe-sul e do Consulado Geral da França no Rio de Janeiro / Ex-diretor do Instituto Francês no Benim.  


Um comentário:

  1. Esse e o carater desse senhor, so ovi uma vez, mas pessoas ligadas a mim e ele, sofreram grandes decepcoes. Ele nao e amigo de ninguem, e sim dos seus interesses que como se ve nas cartas, se descarta facilmente de qulaquer compromisso.

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