Cine Teatro Jandaia: patrimônio cultural abandonado
Adelia Felix (Twitter: @adelia_felix)
Decadente. Esse é o estado que se encontra o Cine Teatro Jandaia, localizado na esquina da Ladeira do Alvo com a Baixa dos Sapateiros, uma das importantes casas de espetáculos culturais da América do Sul na década de 60. Conhecido como “o Palácio dos Artistas”, o teatro onde Carmem Miranda se apresentou teve suas portas fechadas e hoje com a arquitetura arruinada, é possível encontrar pedaços do teto pelo chão, vitrais e cadeiras de madeira destruídas.
No palco onde Bidu Saião, o Rouxinol Brasileiro, entoou várias canções tem apenas rachaduras. Além das péssimas condições na infraestrutura, segundo comerciantes que trabalham próximo ao local, o Jandaia serve como ponto para encontro de usuários de drogas e vandalismo.
No palco onde Bidu Saião, o Rouxinol Brasileiro, entoou várias canções tem apenas rachaduras. Além das péssimas condições na infraestrutura, segundo comerciantes que trabalham próximo ao local, o Jandaia serve como ponto para encontro de usuários de drogas e vandalismo.
Localizado na vizinhança do Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Cidade do Salvador, tombado pelo Governo Federal, inserido em área de Proteção Rigorosa, o Jandaia começou a ser alvo de ações cujo objetivo é revitalizar e valorizar a cultural local que um dia existiu.
Entre as ações está a proposta da Escritório de Referência do Centro de Antigo de Salvador de transformar o Jandaia em empreendimento semelhante ao Caixa Cultural Salvador, localizado na rua Carlos Gomes, no Centro. "Há mais ou menos seis meses nós apresentamos uma proposta para a Caixa Econômica Federal de transformar o local em um centro cultural, semelhante ao que tem na Carlos Gomes. Nós ainda aguardamos um retorno da Caixa", disse Renata Preza, assessora de comunicação do escritório.
Além disso, outro movimento que também apoia a causa, intitulado de 'Salve o Jandaia’, surgiu no Facebook. A iniciativa partiu de estudantes de Cinema da Ufba que fizeram três documentários sobre o Cine Jandaia e que agora se engajam na recuperação do espaço.
Segundo a assessoria de comunicação do IPAC, o órgão se reuniu com "o dono do Jandaia, Claudio Valansi, propondo que ele utilizasse das diversas modalidades que a Secretaria Estadual de Cultura proporciona para que a sociedade e os proprietários de móveis tombados possam adquirir recursos públicos para a preservação destes prédios. Com recursos adquiridos pelo Faz Cultura, do Fundo de cultura, através de demanda espontânea, modalidade ocorrida no ano passado (2011), ou programas de editais, modalidade ocorrida em 2009 e 2010, que apóiam a elaboração de projetos arquitetônicos, execução de obras, projetos de educação patrimonial, dentre outras possibilidades."
De acordo com o assessor de comunicação do Ipac, Geraldo Moniz, apesar do imóvel ser tombado pelo estado, isso não significa que a total responsabilidade seja do governo. "A primeira responsabilidade pela revitalização do Jandaia é do proprietário, que no caso do Jandaia é o carioca Cláudio Valansi. Em segunda instância aparece a prefeitura, responsável pelo uso, ocupação e ordenamento do solo urbano da cidade que administra. E por fim, a instância pública que tomba, no caso o estado da Bahia, que tem tutela de proteção", disse.
Ainda em entrevista ao Bocão News, Moniz revelou que providências estão sendo tomadas para preservação do patrimônio. "Vários arquitetos baianos se inscreveram nos editais da Secult 2012 para elaboração de projeto para Jandaia. Os resultados serão divulgados no final de agosto", garante.
Fotos: Dario Guimarães Neto
Fotos: Dario Guimarães Neto
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