segunda-feira, 2 de novembro de 2015

MAIOR CONCURSO DE VIOLÃO

Vencedor do maior concurso de violão do mundo sonha em volta

Chico Castro Jr
João Carlos Victor Alves no Palacete Rodin - Foto: Marco Aurélio Martins l Ag. A TARDEO homem de preto sobe ao palco armado apenas com seu violão e mais nada: sem captador ou cabo. Microfone, nem pensar. Atrás de si, uma orquestra inteira. Ao lado, oponentes a derrotar. À sua frente, o mundo, que assiste atentamente a cada movimento. Ele respira e toca. Sua performance se impõe junto à orquestra, encanta os jurados e subjuga os concorrentes. É a Bahia no ponto mais alto do pódio.
Grosso modo, esse foi o momento decisivo na carreira do jovem músico soteropolitano João Carlos Victor Alves, que em setembro último sagrou-se vencedor do 49ª Concurso Internacional de Violão Francisco Tárrega, realizado em Benicàssim (Espanha), um dos mais importantes do mundo.
Em 49 edições, esta foi apenas a segunda vez que um brasileiro venceu este concurso. O primeiro foi o jundiaiense Fábio Zanon, em 1996. Premiado com a bagatela de  12 mil euros e a gravação de um álbum, João  passa algumas semanas em Salvador, onde veio ver família, amigos e fazer uma apresentação no Instituto Cervantes (no último dia 16).
"Eu nem acreditei. O diretor do Cervantes me disse que ficaram umas duzentas pessoas do lado de fora", comemora João. "Com a agenda corrida, não posso fazer outro, mas ano que vem eu volto para lançar meu CD. O lançamento mundial será em Madri, em agosto de 2016, aí depois eu venho lançar no Brasil, começando por Salvador", detalha.
Muito estudo
Filho de um violonista amador, João foi estimulado na música desde criança. Logo estava nos cursos de extensão da Escola de Música da Ufba, onde, conheceu seu mestre, o virtuose costarriquenho / baiano Mario Ulloa. "Ele foi meu professor durante cinco anos seguidos e é uma forte influência para mim até hoje", conta João.
Formado em 2007, o rapaz ganhou uma bolsa do governo alemão para uma pós-graduação em Nuremberg. Dois anos depois, lá foi João para a Suíça, cursar mestrado em performance, na cidade de Lucerna. Depois de muito estudar, João decidiu que era hora de mostrar o que aprendeu.
"Inicialmente, foquei na minha formação, até que cheguei em um ponto que decidi investir nesses concursos, como forma de agenciar minha carreira", diz. Aí veio o Tárrega.
"O Tárrega é como as olimpíadas do violão", conta. "Os vencedores são vistos como líderes, a nata do violão clássico mundial. Fazer parte desse seleto grupo é um privilégio imenso", percebe João.
O resultado do concurso saiu às 3 da manhã no horário local. Quando chegou em casa, de virote, seu email já trazia convites para recitais na Noruega e outras cidades da Espanha. "Muitas portas se abrem depois de ganhar um concurso desses. A comunidade violonística mundial acompanha tudo, passo a passo", diz.
Em 2016, João volta à cidade para lançar seu CD de violão solo, com peças de Francisco Tárrega, do renascimento inglês do século 16 e do baiano Paulo Rios Filho. "Ele fez essa música pra mim", conclui.


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