O que é
racismo senão o medo da diferencia? O que é o medo da diferencia senão o não
conhecer o outro? O racismo está impregnado em todos os povos. Brancos são
racistas? Claro! Mas negros também são racistas. Judeus são racistas. Japoneses,
chineses, siberianos são racistas. A leitura de Machado de Assis denuncia o
preconceito entre negros alforriados e escravos. Quantos séculos ainda teremos
que viver até o homem entender que, como disse Zezé Motta, a raça humana é só
uma?
Como se não
bastasse, temos também o policiamento ideológico, o policiamento verbal,
comportamental, cultural, musical ou escrito que se empenha em descobrir microscopicamente preconceito até onde não está.
Durante o XI
Panorama Coisa de Cinema, assisti “Tropykaos” o filme de Daniel Lisboa. Eu
gostei, outros nem tanto. Claro que pode-se questionar certas repetições,
alguma sequencia exageradamente longa, a tensão permanente... Na verdade nada
demais para um primeiro longa. Os diálogos são brilhantes. O Daniel fez um
excelente trabalho. Mas para descobrir uma sombra de preconceito racial é
preciso estar mais atento a este patrulhamento que a narrativa do filme.
De que trata
Tropykaos? De dois homens em fim de rota. Dois seres, baianos, reduzidos a
quase lixo humano pela dependência ás drogas. Vamos esclarecer logo: os dois naufragados
da sociedade são brancos, oriundos de sociedade abastada. Se arrastam de bueiro
em sarjeta, sobrevivem num submundo sórdido e sem esperança. Outros, negros ou
não, se inserem neste contexto. Não vejo qualquer possibilidade de taxar de
racista o trabalho do Daniel Lisboa, cujo currículo de cineasta já fala sem
ambiguidade a favor de suas posturas filosóficas.
Ou então se
ele é racista, eu sou nazista!
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