segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

O OURO DO BRASIL

O que fez Portugal com o ouro vindo do Brasil?


No Brasil, até 1760, ano em que os aluviões começaram a esgotar-se, produziram-se cerca de mil toneladas de ouro. Tudo se resumiu a um enriquecimento temporário das finanças do estado e à formação de algumas, mas poucas, fortunas particulares. 

Com esses recursos, o rei D. João V, que reinou em Portugal durante toda a primeira metade do século XVIII, promoveu a construção de algumas obras públicas, sendo a mais célebre o palácio-convento nacional de Mafra, cuja construção ocupa quase todo o reinado e que absorveu uma grande parte dos recursos vindos do Brasil. 

Construiu-se também no Rio de Janeiro o palácio dos governantes. Também com o dinheiro vindo do Brasil o rei pôde intervir em alguns problemas europeus, como na guerra da sucessão de Espanha e, por exemplo, na defesa da Europa contra os Turcos, na batalha naval do cabo de Matapan, que destruiu a armada turca e salvou a Europa de uma ameaça eminente. 

Contudo, com os vários acordos estabelecidos entre Portugal e a Inglaterra a partir de 1642 (Tratado de Paz e Comércio entre D. João IV e Carlos I de 1642, Tratado de Paz e Aliança de Westminster de 1654, Tratado de Paz e Amizade de 1661, Tratado de Methuen de 1703) foram concedidos grandes privilégios ao comércio e súbitos britânicos, bem como a liberdade do comércio para os ingleses no Brasil e na Índia. 

Alguns historiadores defendem a tese de que o ouro brasileiro ajudou assim Inglaterra a concentrar reservas que fizeram do sistema bancário inglês o principal centro financeiro da Europa. No entanto, importa referir que apenas 20% do ouro explorado do Brasil era destinado à Coroa Portuguesa. Isso significa que grande parte desse mesmo ouro foi investido no próprio Brasil, na construção de cidades, acessos, igrejas e aquedutos. 

Hoje, várias das cidades brasileiras consideradas Património Mundial da UNESCO foram construídas graças ao ouro explorado no Brasil. Também importantes monumentos do Rio de Janeiro, Bahia, Ouro Preto e Olinda, por exemplo, foram feitos à custa desse mesmo ouro. Por fim, resta ressalvar um facto muito importante: ao contrário da tese defendida por muitos historiadores que diz que Portugal roubou o ouro ao Brasil, tal não corresponde à verdade. 
Nessa altura, o Brasil era território português e, portanto, Portugal apenas estava a explorar algo num território que lhe pertencia.

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