UNIVERSO DE FERNANDO PESSOA
MANDADO POR TADEU ARAUJO
Olá, pessoas.
Recentemente manifestei minha admiração por Fernando Pessoa, escritor que considero situado em um patamar único, singular. Na verdade, não li quase nada dele, apenas alguns poucos poemas. Ainda assim, o suficiente para perceber sua grandiosidade artística (na verdade, diferentemente do que muita gente imagina e minha forma de manifestar-me com relação às coisas da arte em geral possa fazer crer, li, e ainda leio, muito pouco. Talvez o que me ajude seja um certo tino inato, alimentado desde cedo por minha mãe e mais tarde desenvolvido no convívio com colegas do curso de Letras da Universidade Católica do Salvador, para identificar e escolher as obras dos grandes artistas. Assim, terminei compondo não uma coleção, mas uma seleção).
Agora há pouco estava folheando dois livros seus, O livro do desassossego (em prosa) e Antologia Poética, organizada por Cleonice Berandinelli, e senti-me compelido a compartilhar dois pequenos exemplares extraídos das obras acima mencionadas, que transcrevo a seguir:
"Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde ela me levará, porque não sei de nada."
"Tenho que escolher o que detesto - ou o sonho, que minha inteligência odeia, ou a acção, que a minha sensibilidade repugna; ou a acção, para que não nasci, ou o sonho, para que ninguém nasceu. Resulta que, como detesto ambos, não escolho nenhum; mas, como hei-de, em certa ocasião, ou sonhar ou agir, misturo uma coisa com outra." (trechos retirados de O livro do desassossego).
D. Sebastião, rei de Portugal
Louco, sim, louco porque quis grandeza
Qual a sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso, onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?
(poema do livro Mensagem, constante da Antologia Poética
selecionada/organizada por Cleonice Berardinelli).
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