domingo, 3 de abril de 2016

OUTRA SOBRE CELSO DANIEL

Exclusivo: Romeu Tuma Jr, responsável pela investigação inicial do caso Celso Daniel, fala sobre os desdobramentos da 27° fase da Operação Lava Jato


A fase da operação batizada de Carbono 14 da Lava Jato prendeu hoje o empresário Ronan Maria Pinto, de Santo André, suspeito de receber R$ 6 milhões do esquema de corrupção da Petrobras.


No despacho que autoriza a prisão, o juiz Sérgio Moro cita a possibilidade de ligação com a morte do prefeito Celso Daniel, assassinado em 2002. O Radioatividade entrevistou, nesta sexta-feira, o delegado Romeu Tuma Jr., que foi responsável, na época, pelas primeiras investigações da morte de Celso Daniel e é autor, junto com o jornalista Claudio Júlio Tognolli, do livro “Assassinato de Reputações” – Um Crime de Estado. Ele sustenta há 14 anos a mesma tese agora defendida na Operação Lava Jato.
“O que estamos vivenciando no Brasil hoje, o embrião desse projeto de poder do Estado criminoso, ele é o que acontecia na prefeitura de Santo André, isso exportado a nível Federal”, afirma. De acordo com Romeu Tuma Jr., o esquema de propina exposto hoje pela Lava Jato tem o mesmo modus operandi do que ocorria em Santo André e já foi confirmado pela Justiça com condenações. A diferença é que os empreiteiros optaram pela delação premiada e os empresários de transportes foram condenados por corrupção. “É o mesmo projeto que acontecia em Santo André e que acontece no Brasil. É o mesmo modelo, só que a dimensão é diferente: um é em Santo André e outro é o Brasil”, conclui.
Tese do crime
Romeu Tuma Jr., em 2002, era delegado da Seccional de Taboão da Serra e foi o primeiro delegado responsável pelas investigações da morte do prefeito Celso Daniel, a segunda pessoa a ver o corpo do prefeito em Itatiba, abandonado estrada com marcas de tortura no corpo. “Nunca acusei o PT de ser mandante de nada. Sempre disse que era ‘crime de mando”. Eu sou um investigador técnico. Busco provas e o autor vai para cadeia”, explica.
Segundo Tuma Jr., o que foi possível investigar, já que houve uma divisão de poderes no caso, havia um esquema de arrecadação já demonstrado, que alimentava as campanhas já em andamento. Ele defende que produziu-se, talvez, algum racha na disputa política local, de pessoas que queriam suceder Celso Daniel na prefeitura, já que ele seria o coordenador da campanha presidencial. “Ele estava se afastando da prefeitura para ser coordenador da campanha de Lula e também havia a informação da possibilidade de ser senador. Havia um racha entre os políticos e sentiram que iam ficar fora do esquema e sentiram que seriam prejudicados financeiramente”, conta.
Ainda de acordo com a investigação do delegado, o sequestro foi planejado e os mandantes tiraram uma pessoa da cadeia, Dionízio Severo, líder do Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade, facção rival do PCC na época, pra praticar o sequestro. “Ainda fragmentaram a operação com mais uns criminosos. Toda ação seria fictícia, com resgates fictícios e que seria pago para que as pessoas ficassem eternamente vinculadas com o prefeito por ‘salvar a vida’ e ‘bancar o resgate’. Sequestraram o prefeito e, por erro de projeto e planejamento do crime, o mataram no meio do caminho ”, explica.
Como uma das pessoas do grupo se tornou pública após o sequestro, o contato foi cortado na noite da efetivação do pagamento e Dionízio Severo, que foi o executor, decidiu eliminar o prefeito com medo de ser flagado. Romeu Tuma Jr. diz 3que este criminoso foi resgatado da cadeia de Guarulhos para dar andamento ao plano de empresários locais.
Tortura
“Assim que cheguei no local do crime, detectei que a cueca estava do avesso, o que poderia insinuar que ele se vestiu às pressas e ainda tinha manchas de urina, o que indica agressão, pressão ou momento de tensão”, relembra o delegado. Além disso, o delegado ainda relata que o prefeito estava em posição de gafanhoto, com as mãos junto ao rosto, que poderia indicar que estava se protegendo de algum tiro. “Eu detectei esses fatos e fotografei com uma câmera pessoal e mandei para perícia. Ainda tinha uma marca nas costas de um cano quente. Isso é tortura”, conclui.
Trabalho no governo PT
Questionado pela apresentadora Madeleine Lacsko sobre o motivo pelo qual aceitou trabalhar no governo Lula após a morte do prefeito Celso Daniel, Romeu Tuma Jr. Explicou que tinha muita confiança no ex-presidente Lula. “Aceitei trabalhar para o Brasil. Eu tinha visão de Segurança Pública clara e já tinha quase 28 anos de vida pública.”, declara.
Tuma Jr. conta que foi convidado pra ser secretario Nacional de Justiça e que viu uma oportunidade única de mudar paradigmas e restabelecer a segurança pública com inteligência.
“Jamais poderia acreditar que o presidente Lula estivesse envolvido em alguma coisa. Foi uma grande decepção para mim”, diz. O delegado relembra que em sua gestão denunciou, apurou e contrariou interesses. “Tenho orgulho de ter sido demitido. Nunca fiz nada de errado”.
O relato consta de dois livros que Romeu Tuma Jr. escreveu em parceria com o jornalista Claudio Julio Tognolli, a série “Assassinato de Reputações”. O segundo volume acaba de ser lançado e o primeiro ganhou nova edição.

COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO
FICA CADA VEZ MAIS EVIDENTE QUE O CADÁVER DE  CELSO DANIEL AINDA NÃO SAIU DO ARMÁRIO!

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