sexta-feira, 26 de setembro de 2014

RIO SÃO FRANCISCO PODE PARAR


DE CORRER EM OUTUBRO


RIO SÃO FRANCISCO PODE PARAR DE CORRER EM OUTUBRO. Continuo lutando pelo resgate da hidrovia, com desassoreamento do rio e recuperação das matas ciliares para protegê-lo. Já conseguimos incluir a hidrovia no PAC, mas, o projeto está engavetado em Brasília. Não vamos parar. VEJA REPORTAGEM do Jornal Estado de Minas de hoje.
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Velho Chico corre risco de ficar seco
Sem chuva, lago de Três Marias atinge nível mínimo em um mês e rio pode deixar de correr num trecho de 40 quilômetros
Pedro Rocha Franco
Publicação: 16/09/2014 04:00
A baixa incidência de chuvas ao longo do Rio São Francisco pode criar um cenário de deserto depois da represa de Três Marias. Segundo a secretária nacional do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF) e coordenadora-geral do Consórcio Municípios do Lago de Três Marias, Sílvia Freedman, a “previsão catastrófica” é que se criem 40 quilômetros de rio seco nas próximas semanas devido à baixa vazão do rio. Segundo cálculos da entidade, até 15 de outubro o volume útil deve atingir 0%.
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) tem cálculos diferentes das entidades que atuam na represa de Três Marias e no São Francisco. “A previsão é de que o reservatório atinja 3% no fim de outubro, quando, a partir de então, se esperam o início das chuvas que poderão promover o reenchimento”, diz a estatal em nota. A empresa admite, no entanto, que a vazão afluente dos rios que abastecem suas represas está no pior nível desde 1931.
“O rio vai parar de correr. Vamos ter só poças d’água”, afirma Sílvia sobre o trecho entre Três Marias e a foz do Rio Abaeté. Ela explica que em reuniões intersetoriais para discutir o que fazer com o rio o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) afirmou que depois que atingir 3% do nível da represa não terá mais água correndo para as cidades ribeirinhas localizadas a jusante da represa. Atualmente, a represa recebe 14 metros cúbicos por segundo e libera 150 metros cúbicos por segundo.
A consequência é dramática para as cidades que dependem da água para abastecimento e também para atividades econômicas. Entre os afetados está o projeto Jaíba, no Norte de Minas. Lá, novos plantios estão suspensos até o aumento do volume do rio. Em Pirapora, o navio a vapor Benjamim Guimarães parou de navegar. Sílvia Freedman afirma que os municípios situados antes da barragem não terão agravamento da situação, já crítica, porque depois que zerar o volume útil a represa ainda tem 4,5 milhões de metros cúbicos. “Estamos monitorando constantemente com os institutos de pesquisa a previsão de chuva, mas as indicações não são boas”, diz ela.
VAZÃO BAIXA A vazão afluente dos rios nas represas da Cemig está entre as piores da série histórica iniciada em 1931. Em junho e julho, as usinas de Camargos e Nova Ponte registraram a menor entrada de água nos reservatórios em 83 anos, enquanto em Três Marias e Irapé o período foi o segundo pior da história. A insuficiência de água obriga a empresa a reduzir o nível operacional, além de gerar conflito entre a companhia e comunidades ribeirinhas a jusante das represas devido ao baixo nível de água liberado.
Segundo números da Cemig, o nível de armazenamento das usinas é de 9,37% em Camargos, 6,43% em Três Marias, 46,22% em Irapé e 19,44% em Nova Ponte. A empresa alega que a quantidade de água que chega nos reservatórios está entre as mais baixas desde 1931, o que logo justifica o volume reduzido que é liberado. “É fato que estamos atravessando um dos piores registros de vazão nas principais bacias do Sudeste”, diz nota da companhia.

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