Amanhecendo hoje com espírito um tanto cézanniano, porém mais para formas
de Picasso, Braque e Juan Gris, sem ser pintor, escultor e outros deuses plásticos,
sem ser pintor ou escultor, resolvi seguir os que hoje inauguraram este espaço
típico de sociedade de vizinhança e postar um poema inédito, com enunciado
verbal que espera obter a indulgência de mestres do pincel e outros meios
construtivos, tais como Sante Scaldaferri, Jamison Pedra, Leonel Matos,
Chico Mazzoni, Antonio Brasileiro, Inha Bastos, e outros que não lembre,
e gente da crítica de artes plásticas, como Gláucia Lemos. Preferi ilustrar
com obra de um precursor de vanguardas, Vincent Van Gogh
("Vaso com Flores Vermelhas", 1886).
INSTÂNCIA DE FLOR E VASO
(D´après Ortega y Gasset sobre a pintura)
Florisvaldo Mattos
Afortunadamente, a rosa ignora
A ciência botânica, tanto quanto
Eu, ainda jovem, saindo porta afora,
Não saiba aonde me leva meu espanto.
Pego um objeto; por exemplo, um vaso.
Olho-o ali; miro-o e sei que me está perto.
Se distante, o não sei capaz acaso
De me manter o mudo olhar desperto.
Tenho-os como uma só coisa, igualmente:
Se longe, vejo bem mais o fundo oco,
Que foge sem que paire em minha mente
O olhar que me estremece, quando toco.
Olhando, atento, vou seguindo a luz,
Que deste ponto é a flor que me seduz.
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