por Carol Prado / Evilásio Jr. / Marília Moreira / Sandro Freitas/ Alexandre Galvão
Após o que foi considerado por muitos como o maior Réveillon de Salvador, Guilherme Bellintani, secretário do Desenvolvimento, Turismo e Cultura, tem a missão de preparar a cidade para o Carnaval de 2014. Em entrevista ao Bahia Notícias, o gestor comentou, entre outras coisas, o patrocínio de grandes empresas de bebidas na festa de Momo e o que, para ele, é o futuro do festejo na capital baiana. “Para mim, o ciclo de ocupação do espaço do carnaval não vai na linha “ou é trio com corda ou é trio sem corda”. Isso é uma discussão antiga. Para mim, a gente deve ir no meio do caminho”, disse, ao refutar a hipótese de que o trio sem cordas seja a solução para a revitalização do evento. Se tudo acontecer como Bellintani imagina, os donos de vagas de blocos no circuito que fazem disso um comércio paralelo terão uma dor de cabeça este ano. “Pela primeira vez, a Secretaria da Fazenda junto com a gente está fazendo um protocolo em que a gente vai acompanhar isso via CNPJ, e aí que a gente vai conhecer. Será que a empresa tal que é dona do bloco 'X' está pagando ISS? Não está porque ela está alugando para empresa tal. Então começa a ter algum problema”, esclareceu. O bloco Bróder, do ex-jogador de futebol Edilson, o "Capetinha", que já esteve envolvido em negociações paralelas, não sai mais este ano, por exemplo. “Para mim não desfila mais”, decretou. Quem ficou impressionado com o Réveillon de 2014 deve esperar muito mais da festa de 2015. Segundo o chefe da pasta, apesar dos "poucos erros", a prefeitura pecou em alguns aspectos, o que, segundo ele, não deve acontecer novamente. “O grande ponto negativo foi o anúncio em cima da hora. Não deu tempo para as pessoas reagirem a isso. Enquanto produto turístico, ainda precisamos fazer ajustes”, reconheceu. O local em que a arena será montada também ainda é um mistério, mas para os adoradores do Farol da Barra, um aviso: Há a possibilidade real de a celebração não acontecer lá. Bellintani aproveitou a oportunidade para comentar o polêmico texto do cineasta Cláudio Marques, que fez barulho nas redes sociais por dizer que o evento do Ano Novo teria sido cancelado. Segundo o secretário, a crítica é bem vinda, mas “primária”. “Ela [a crítica de Marques] carece um pouco de profundidade”, opinou.
Guilherme Bellintani: Tem uma questão de posicionamento de produto. A gente acabou de criar um novo produto para a cidade. O Réveillon criou uma estrutura de cidade, da maquina pública, de pessoas, de estrutura que de fato chegou a 10 ou 15% do carnaval. De fato, se tinha um produto, agora temos outros. Não tínhamos um produto fora do carnaval. O público que vinha para cá já vinha porque é Semana Santa, Corpus Christi... Diferentemente do que a gente tem ouvido, a nossa estratégia é diferente do Rio de Janeiro. Vamos comer pelas beiradas, falando popularmente. É totalmente diferente. É um produto de quatro dias, e isso é uma vantagem porque trabalhamos com cachês de artistas, nos dias 29 e 30, razoavelmente normais. Claro que no dia 31 é mais caro. A avaliação é muito positiva também do espaço, que foi aprovado, mas ajuste a gente vai precisar sempre. Grande parte das coisas deu certo.
BN: Ficou uma avaliação positiva, mas sempre tem algum ponto negativo. O que você destaca que foi ruim neste Réveillon?
GB: Olha, eu acho que o grande ponto negativo foi o anúncio em cima da hora. Não deu tempo para as pessoas reagirem a isso. Enquanto produto turístico, ainda precisamos fazer ajustes. O turista precisa entender aquilo, saber como ele vai se posicionar. Para você ter ideia, o povo da cidade falava assim: “eu vou na Praça Cayru? Aquele lugar é meio escondido, sombrio”. Imagine o turista? Então, a gente tem que criar uma identificação. O posicionamento dos fogos precisa melhorar, para o ano que vem vamos pensar em um posicionamento diferente. O que a gente parte para o ano que vem é outro patamar.
BN: Quando foi divulgada a festa na Praça Cayru se falou muito sobre o número de pessoas. O prefeito anunciou que no próximo ano teremos outros pontos de festas. A superlotação foi um problema enfrentado?
GB: Não, não foi. A gente tem as imagens aéreas e a gente viu uma aglomeração até o posto de gasolina, logo depois da igreja (Basílica Nossa Senhora da Conceição da Praia). Até ali existia uma massa de pessoas de dois tipos, como a gente classificou com a Polícia Militar. O primeiro bloco, que tem quase seis pessoas por metro quadrado, e o segundo bloco que tem em torno de quatro pessoas por m². Então, naquela mancha que tem 25 mil metros, as pessoas variavam por seis ou quatro metros. A pessoa que ficou ali na frente do restaurante Amado conseguiu ouvir um som perfeito, quase não via o palco, mas assistiu pelo telão. A gente acha que, com a repercussão desse ano, ano que vem as pessoas ficarão mais na cidade e isso vai chamar mais turistas.
BN: O senhor pode falar sobre a operação de transporte da festa e aquela resolução de ter ônibus 24h entre o Pelourinho e o Rio Vermelho?
GB: Um cuidado que a gente está tendo é justamente na licitação de transporte, que a gente vai colocar o elemento das 24h. Sempre tem o elemento da segurança, sobretudo dos rodoviários, mas a gente precisa ajustar. Especificamente sobre a operação do Réveillon, eu acompanhei todos os dias com a PM e o que a gente percebeu foi o seguinte: 15 minutos depois dos shows a pista já estava praticamente vazia. A gente avaliou até 40 minutos no Terminal da França, que a gente usou como espelho. Apenas na virada do ano que houve uma retenção maior, mas nos outros dias, após 40 minutos, já tínhamos os ônibus saindo vazios. A gente considerou a operação muito bem sucedida. Qual o segredo disso? Pela integração com a Polícia Militar. Eu, pelo rádio, informava ao comandante tudo que acontecia sobre os horários.
BN: O prefeito anunciou que teremos em quatro anos o maior Réveillon do país. Como reverter a tradição da festa da Avenida Paulista, em São Paulo, e de Copacabana, no Rio. Você acredita que Salvador tem como ser o maior Réveillon do país?
GB: Em volume de pessoas, não. São duas cidades que têm um número muito maior de habitantes, então é mais fácil colocar milhões de pessoas lá do que aqui. Mas em produto, sim. O que eu chamo de produto? Produto econômico, de captação de receita, de dimensão das atrações. Como a gente vai fazer isso? Não indo na mesma estratégia do Rio e de São Paulo. Nossa estratégia é bem diferente.
BN: Um dos focos da festa de Salvador é atrair o turista do Nordeste?
GB: Não, eu não penso só isso. Eu acho que a gente tem como fazer com o Réveillon algo muito parecido com o carnaval, que não é do Nordeste, mas sim a classe média do Rio e São Paulo, os jovens do Sul, pessoas que queiram ver um produto turístico diferente. Para isso a gente precisa fazer ajustes. O produto ainda não está pronto, ele vai mudar muito para o ano que vem. Ele vai mudar muito. Estamos com ideias desde a geografia da festa, como a utilização das encostas...
BN: ...Camarotes?
GB: ... É possível, é possível. Sem que isso diminua a utilização do espaço para o público. Nosso objetivo é ampliar. Por exemplo, o local onde ficou o camarote dos patrocinadores não vai ser ali, a gente precisa abrir a boca do palco para o público. Aquele monumento de Mário Cravo precisa ficar cercado pela população, ele vai ganhar uma dimensão muito maior. O novo desenho [da festa] já está sendo feito. Eu tenho a visão muito clara de que em quatro ou cinco anos a gente não atrai um público internacional como o Rio faz, mas a gente pode fazer Salvador como uma cidade muito bem construída para o Carnaval.
BN: As pessoas aprovaram o evento na Praça Cayru, mas o Farol da Barra é o Farol da Barra. Há alguma real chance de o evento não acontecer lá?
GB: Chance real existe, agora não está nada decidido. Existe também chance real de não ser na Praça Cayru. Estamos colocando isso em discussão.
BN: Uma terceira opção?
GB: Não. Existe uma terceira opção para ser uma segundo palco, uma segunda arena. Mas deve ser mesmo ou na Praça Cayru ou no Farol. A chegada e a saída das pessoas na Praça Cayru foi muito fácil. A Barra é uma ponta, então a gente tem uma dificuldade muito grande de fluxo de ônibus. Precisamos pensar em que tipo de Réveillon a gente quer. A Barra foi tradicionalmente muito focada na classe média. O Réveillon na Cayru conseguiu já atrair um público que não teria o hábito de ir para a Barra. Um público de classe C, classe D. Precisamos prestigiar essas pessoas, mas isso não é determinante. Precisamos de uma festa que atraia a cidade como um todo. Não vamos fazer dali uma luta de classes, mas a Praça Cayru se mostrou muito mais ágil na questão do transporte público.
BN: Essa grade que não tinha nenhum artista que arrasta “muvucas”, a exemplo de Psirico ou Chiclete com Banana aconteceu em virtude da demanda ou por conta dos casarões históricos que poderiam sofrer com a grande agitação?
GB: Há coisas que acontecem e deixam de acontecer e muita gente acha que foi planejado, mas é mera obra do acaso. Foi planejada uma grade diversa, de vários interesses. Conseguimos atrair o que tem de mais novo na Bahia, que é o Baiana System, até os blocos afros, Gil, Caetano e Gal. A ausência do Harmonia [do Samba] e do Psirico foi obra do acaso. Nenhum deles tinha data disponível, mas eles se integram completamente no projeto do Réveillon 2015. Eles vão ser convidados para isso. Em relação aos casarões, nós tomamos alguns cuidados que as pessoas não percebem, mas aí é obra do planejamento. Tivemos quatro torres de delay de som. Isso facilita que a gente mantenha no máximo 90 decibéis nas caixas de som. Assim você não precisa trabalhar com um volume tão alto e tem um som mais harmonioso, e que todo mundo ouviu bem, sem que precisássemos passar para um volume que pudesse afetar as estruturas. A Codesal também fez uma avaliação dos imóveis e nós tapumamos aqueles que nós entendíamos que pudessem sofrer algum dano.
BN: Nós gostaríamos que você comentasse o texto de Cláudio Marques. Era um texto irônico, uma fabulação sobre o cancelamento do Réveillon. Gilberto Gil acabou notificando ele por conta disso. Como foi a recepção do texto na prefeitura?
GB: Em relação ao mérito da questão, eu acho que o texto faz uma crítica que, na minha opinião, é primária. Não é uma crítica sem importância. Toda crítica tem importância, algumas maiores e outras menores. A crítica que ele [Cláudio Marques] faz é antiga, tem seu fundamento e sua análise deve ser respeitada, mas é de um tempo e para uma cidade que ou faz uma festa como foi o Réveillon deste ano ou tem recursos para a política cultural. Ela [a crítica] caberia muito bem 20 anos atrás ou até cinco anos, mas para a cidade que a gente quer, é uma crítica primária. Apesar de Cláudio ser um intelectual de primeira, eu acho que é um texto que poderia ser feito por uma pessoa com um pensamento ou uma formação intelectual muito menor do que a dele, então isso é o que eu acho. A cidade vai mostrar e está mostrando isso. Ele usa argumentos do tipo: 'Poderia pegar esse recurso para colocar na cultura'. Não poderia! A Schin não colocaria R$ 2,2 milhões em um projeto de teatro, por exemplo. A gente tem que saber o que cada patrocinador quer e aproveitar isso. Ele colocou como se o Réveillon fosse concorrente de outros produtos culturais, mas não é. O concorrente do Réveillon para a iniciativa privada eram outros réveillons pelo país. Ou eles colocariam em Salvador ou em outra cidade, mas eu não deixaria isso escapar nunca, pois aí eu seria um irresponsável do ponto de vista da gestão pública. Carece [a crítica] um pouco de profundidade. Não cabe a uma cidade da dimensão de Salvador pensar assim: 'ou faz o Réveillon ou vai ter recurso para a política cultural' e a demonstração clara disso é o orçamento para a cultura do ano que vem [2014]. Quer dizer, se o texto fosse verdade, seria uma tristeza porque ele dizia ali que o prefeito iria anunciar R$ 6,5 milhões para a cultura, mas o prefeito, na verdade, vai anunciar R$ 40 milhões. Ainda bem que não é verdade aquele texto. A cultura de Salvador não precisa cancelar Réveillon para ter R$ 40 milhões para a o setor cultural. Se ele tivesse visto o projeto para cultura que foi aprovado na Câmara Municipal... Por outro lado, é uma crítica de uma pessoa que não percebeu que a gente pegou o orçamento de 2012, que foi R$ 500 mil para a Fundação Gregório de Mattos, indo mais além... Na questão do próprio Cine Glauber Rocha Itaú tem um caso curiosíssimo. Nós anunciamos e estamos esperando a última aprovação da Sucom para começar as obras. Nós anunciamos toda a reforma do Teatro Gregório de Mattos e todo o entorno do Cine Itaú, e foi com quem? Com a iniciativa privada. Dois milhões do Itaú e R$ 700 mil da prefeitura para a reabertura do cinema que fica no mesmo prédio do Glauber Rocha. Veja, é um antagonismo. Estamos fazendo um gasto em um projeto que ele faz parte. Então, como é que alguém vai dizer que a prefeitura não está colocando recurso nisso? Eu não vou ser um secretário para reclamar de orçamento. Eu vou trabalhar com as armas que eu tiver para me virar e nós nos viramos no Réveillon e foi assim com o Cine Glauber Rocha e com o Teatro Gregório de Mattos. É o mesmo prédio. Por que ele não colocou isso no texto? Com todo respeito que eu tenho ao intelectual, a gente também precisa contar o outro lado da história. Eu não quero entrar em um embate. O tema já foi até desgastado. Sobre a forma do artigo, eu acho que precisou de mais cuidado para não ficar parecendo que Fernando Guerreiro disse aquilo, ou que ACM Neto disse algo. Então, foi um artigo, do ponto de vista do mérito, de uma crítica comum, ainda primária. Por que teve repercussão? Não foi pela crítica, foi porque as pessoas acharam que o Réveillon foi cancelado. Foi um bom artigo? Não foi um bom artigo. Eu acho que as críticas procedem, mas a gente tem que tomar cuidado para não entrar na armadilha de virar uma cidade só de festa sem esquecer de outros elementos importantes.
BN: Uma crítica é sobre a concentração dos editais para determinados grupos ou setores, como a música, teatro... Há algum planejamento para contemplar os segmentos que não são tão lembrados?
GB: Os nossos editais não estão passando por essas críticas, porque, como tínhamos pouco dinheiro, eles foram avaliados pelo seu impacto, pela sua qualidade. Por exemplo, os projetos que ocuparam os espaços públicos tiveram prioridade, mas isso foi independente de ser de dança, de música... Eu tenho muito claro na cabeça que os projetos de música devem ser freados um pouco, não devem ser esquecidos, mas normalmente a música tem um viés comercial e consegue se virar um pouco mais do que os outros segmentos. Então a gente tem que estar atento para as outras formas de arte. Você imagina o que a dança sofre... A gente fala do teatro, mas o teatro é muito mais comum um cidadão chegar lá e comprar um ingresso e ir assistir, mas e a dança, que não tem essa dimensão do varejo? A gente vai deixar essa arte morrer? Tem coisas que a gente tem que preservar e a dança para mim é um exemplo sintomático disso.
Agora sobre a questão do carnaval, nós vimos um teste de um novo modelo que, ao que parece, deu certo.
BN: No Réveillon tínhamos barreiras, revistas, e os ambulantes só entravam com bebida dos patrocinadores. No carnaval sempre se promete fim do espetinho e de várias outras coisas que são comercializadas. A venda de outras cervejas vai mesmo ser bloqueada? Como isso vai ser feito?
BN: No Réveillon tínhamos barreiras, revistas, e os ambulantes só entravam com bebida dos patrocinadores. No carnaval sempre se promete fim do espetinho e de várias outras coisas que são comercializadas. A venda de outras cervejas vai mesmo ser bloqueada? Como isso vai ser feito?
GB: Isso nós já garantimos no contrato que será assinado dia 13 de janeiro. Nós vamos colocar na prática como nós colocamos no Réveillon. Se a gente falasse há seis meses que atingiríamos em toda Praça Cayru, em uma extensão do tamanho daquela arena, 97% de venda da cervejaria patrocinadora oficial do carnaval, provavelmente muitos iriam olhar com desconfiança. Nós já atingimos o primeiro objetivo. Certamente vamos ter dificuldades no primeiro ano do carnaval. Eu tenho noção, claro, de que vai haver várias tentativas e algumas bem sucedidas de romper o bloqueio da zona de exclusividade comercial. Mas a gente está aqui para ir aprimorando. Essa é uma questão de logística, de estratégia de controle, que o poder público tem que aprender a fazer. Para mim está muito claro: a gente saiu de R$ 5,3 milhões de patrocínio de cervejaria para R$ 20 milhões, mais R$ 10 milhões para outros eventos. Então, são R$ 30 milhões. Aí alguém diz: 'mas eu vou ter que beber a cerveja patrocinadora do carnaval?' Sim. Em qualquer evento privado que você faz isso acontece. Provavelmente será Schin no circuito do centro e Itaipava no Barra-Ondina. Por quê? É a forma que a gente tem de exonerar o cidadão da cidade de pagar mais pelo carnaval. A gente sempre ouve 'mas tem muita gente que viaja no carnaval'. Pronto, esse cara não tem que pagar o custo do carnaval. Ele até poderia, é promoção da cidade, gera emprego, gera renda... Mas quanto menos ele pagar, melhor. Quem tem que pagar o carnaval é aquele que vai lá, que também não está pagando mais, porque não tem mais recurso público, praticamente, da prefeitura. Quem está pagando todo aquele custo é o ato dele de ter restrição da bebida da cerveja. Quer dizer, ficou barato.
BN: A crítica mais tradicional que se tem do segmento de cultura ao carnaval é justamente a restrição do espaço público para o folião. Já será adotada alguma medida este ano para tentar ampliar o espaço? Vai ter alguma restrição aos camarotes, ao tamanho de blocos?
GB: Eu não estou dizendo que vamos pegar espaço público e colocar camarote no réveillon. Não vamos fazer isso. Pode até ser que, eventualmente, em um espaço que a gente entenda que não seja de ocupação do público normal haja alguma coisa desse tipo. Mas não está no nosso foco. A estratégia é abrir ao máximo o espaço público para as pessoas. Agora, se há um movimento de montar camarotes em espaços privados, esse é um movimento bom, na minha opinião. O que a cidade precisa é pontuar bem que tipo de carnaval e de Réveillon a gente quer. Assim como no carnaval são raros os exemplos de camarotes ocupando espaço público. A gente não está incentivando nem está gerando nenhuma nova contratação do espaço público disponível para camarote. A nossa prioridade é que o espaço público seja ocupado pelo público. Então, no carnaval, especificamente, isso está muito claro. Esse aumento de captação não passou pela venda do espaço público para colocação de camarote. Passou pela venda do conceito, do merchandising, de ativação de marca, de venda de cerveja, de uma série de coisas. Então não passa pela nossa cabeça pegar o espaço público e vender para camarote.
BN: Mas há algum tipo de medida para tentar ampliar o espaço do público?
GB: É muito difícil. Em alguns pontos é possível. Por exemplo, naquele ponto da famosa passarela do Campo Grande. Aquela estrutura onde ficam todas as cabines de rádio e TV, onde fica o praticável do Bahia Notícias, por exemplo, não vai existir mais. Aquele espaço sai e ali fica um grande espaço aberto para o público. Significa mais espaço ocupado pelas pessoas durante o carnaval. Só que há poucos outros exemplos desse caso, porque o espaço público já é ocupado pelo público. A gente tem poucos desenhos que poderiam ser modificados para ampliar o espaço do folião. Mas o que a gente puder fazer, a gente vai fazer.
BN: E as cabines de imprensa vão pra onde?
GB: Vão para um lugar excelente. Vai ser do outro lado, onde no ano passado foi o camarote da prefeitura. Vocês vão ganhar uma visão, com o trio elétrico, o Teatro Castro Alves no fundo e uma grande praça aberta para o público. É uma visão espetacular, muito melhor do que vocês tinham, que do outro lado filmavam uma placa cheia de marcas e não mostrava a cidade.
BN: Ainda sobre os camarotes. De que forma a prefeitura vai cobrar espaços como o do Camarote Salvador, que eles acabam tirando a estrutura muito depois do que foi acordado com a prefeitura e com o Ministério Público?
GB: Esse ano não. Você pode ver que esse ano a montagem e a desmontagem do camarote foi feita no tempo exato que estava no contrato original. Aquele camarote, segundo informações que eu tive, já demorou até 60 dias para ser montado. Esse ano foi montado em 15 dias, salvo engano. Mas eu observei isso de perto e a montagem desse ano já foi absolutamente compatível com o que estava no contrato. Isso é uma coisa que a gente tem que fazer. Na verdade, não é porque eu quero fazer, mas porque eu sou obrigado a fazer. Eu sou o gestor público. Se eu não fizer, eu estou incidindo em elemento de responsabilidade. A prefeitura vai cobrar, não tenha dúvida. Esse é um contrato com a Sucom – não envolve a nossa secretaria –, mas a gente tem que estar sempre antenado.
BN: Tem uma briga que a prefeitura sempre diz que vai comprar, que é a venda da fila de blocos. Realmente vai haver uma mudança efetiva? Hoje nós temos os blocos menores saindo às 4 da manhã, sem ninguém. Os blocos grandes mudam de nome, de atração, e continuam no horário 'nobre'. Por exemplo, nós tivemos a troca agora do Voa Voa, que virou Vumbora, com Bell Marques, e ele vai manter, segundo a programação, o horário dele na Barra. Vai ter uma reorganização realmente?
GB: O problema não está no nome do bloco. Eu acho absolutamente natural que o bloco mude de nome. Uma marca que estava posicionada há 20 anos pode se readequar. O problema é quando vira um comércio disso, e aí a gente tem um comércio paralelo. Por exemplo, o caso de Claudia Leitte... No caso do Bróder, o conselho está finalizando esse processo e para mim não desfila mais. A troca de Voa Voa por Vumbora para mim é absolutamente normal. O que não é normal é que alguém coloque aquele espaço público como ativo seu e cobre por isso, e aquilo vire uma série de negociatas que fuja do interesse público principal. Pela primeira vez, esse ano, a fila vai ter uma sobreposição de controle sobre CNPJ, que praticamente não era feito. Então, o que acontecia? Várias empresas são donas de várias marcas de carnaval. Aquele decreto original da fila da década de 90 deveria ter sido em cima de CNPJ e não do nome do bloco. Porque o que interessa é que determinado projeto comercial vinculado àquele empresário começou isso há 30 anos, e se o Camaleão quiser virar Camaleoa, não tem problema com isso. O problema é que quando se faz Gula/Alguma coisa, provavelmente aquilo ou é uma junção de fato, como muitas vezes acontece, ou alguém está alugando ou vendendo aquele espaço na fila. Aí é que está o problema, quando começa o comércio paralelo. Pela primeira vez, a Secretaria da Fazenda junto com a gente está fazendo um protocolo em que a gente vai acompanhar isso via CNPJ, e aí que a gente vai conhecer. Será que a empresa tal que é dona do bloco 'X' está pagando ISS? Não está porque ela está alugando para empresa tal. Então começa a ter algum problema. Como é que o bloco dela está desfilando e não tem um registro de pagamento do ISS? Eu procurei o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo, e a gente vai ajustar a fila desse jeito. Depois que entrar o CNPJ, não tem mais jeito. A gente vai saber isso com base no pagamento do ISS. Quem pagar o ISS é que de fato está desfilando. E aí vamos saber o que está acontecendo. Não pegamos ninguém ainda porque esse é o primeiro ano.
BN: Na época que vocês divulgaram o calendário de eventos de Salvador, todo mundo se espantou pela quantidade de festas, afinal ali eram os quatro anos de gestão. Depois do Festival da Primavera, Festival do Samba, as festas religiosas começando agora desde dezembro, qual é a avaliação de vocês do que já aconteceu? Vai dar para fazer o carnaval na Copa e os outros eventos planejados?
GB: Nós fizemos o calendário com 30 eventos, mas cada um se repetindo algumas edições, o que, se não me engano, dá 93 acontecimentos. Nós fizemos para cumprir. Nada na minha vida eu penso 'vou divulgar e depois eu vejo se dá'. Naturalmente, alguns ajustes serão necessários. A gente precisa ser ousado. A ousadia tem o risco de não conseguir fazer tudo e até ser criticado por isso. Mas quando a gente publica um calendário até o carnaval de 2017 em setembro de 2013, a gente está assumindo um risco. Mas o objetivo é fazer.
BN: Além da crítica da questão de espaço público, outra coisa vista como desumana, que sempre gera reclamações depois, é a questão do cordeiro. A prefeitura realmente já tem como tentar implantar aquele modelo já dito aqui em uma entrevista, de colocar gradil ou alguma coisa que substitua o trabalho dessa figura dita explorada?
GB: O gradil tem um problema que a gente precisa ajustar: enquanto não está passando um bloco, o posicionamento do gradil tem que permitir que o povo ocupe aquele espaço, senão a gente reduz ainda mais o espaço do povo. Esse é um desafio que a gente tem. Acho que o conceito, de colocar ali uma estrutura física que favoreça o desfile é positivo, só que ele não pode significar a redução do espaço para o público. Então o desafio é justamente encontrar um conceito nessa linha. Esse ano, por conta do Afródromo, a gente já faz ao redor de todo Campo Grande um sistema parecido com isso. O ensaio do Afródromo no ano passado foi muito prejudicado pela invasão do público e pela invasão da imprensa, que estava muito ansiosa por coletar imagens. O desfile não foi melhor porque as pessoas não souberam respeitar esse espaço. Então, para esse ano, a gente já coloca essa proteção ao redor de todo o Campo Grande. Isso vai ser um ensaio. Se isso acontecer positivamente, sem que signifique perda do espaço público, ou seja, enquanto não está passando o desfile ali dentro, o povo tem que entrar e ficar naquele espaço. Senão o povo vai ficar espremido. Isso tem uma grande vantagem. Todos os anos, a gente prevê mais ou menos que a ocupação de um trio elétrico é em torno de 12 metros, de uma corda de bloco. Essa estrutura de gradil vai ter 7 metros, 7 metros e meio, no máximo. Então a gente praticamente tira 40% do espaço do desfile. Assim você já tem o benefício de ocupar um espaço público, de certa forma tirando as pessoas que estão na pipoca da sua frente. Vamos limitar isso. Você não pode colocar 12 metros de corda. Com isso tudo a gente favorece a ocupação do espaço público.
BN: Certa vez o presidente da Central do Carnaval disse que os abadás fazem com que o carnaval aconteça. A gente já viu muitos blocos anunciando que vão abolir as cordas. Já vamos ter a pipoca de Saulo, do Chiclete... Existe alguma ação da prefeitura para facilitar ou incentivar esse tipo de prática? Sair sem cordas ou abaixar os preços?
GB: Vou responder uma linha um pouco diferente. Eu acho que o futuro do carnaval não é esse. O próximo movimento do carnaval de Salvador não é a queda das cordas com trios independentes. O grande problema do Carnaval de Salvador hoje é que o trio elétrico virou uma estrutura cara demais, que de certa forma inviabiliza outros tipos de manifestação, sobretudo musicais, daqueles que querem desfilar. Então uma pequena banda, que está começando, não consegue desfilar, porque a única forma de desfilar é em um trio elétrico, que custa, 30, 50, R$ 100 mil por dia. Para mim, a saída não é fazer com que o bloco tire a corda. É fazer com que determinados movimentos culturais, sobretudo musicais, consigam desfilar no carnaval sem precisar do trio elétrico. E aí é que a gente entra com o Furdunço, que é um movimento que as pessoas não se antenaram ainda. A gente vai começar devagar esse ano: vão desfilar sexta e sábado na Avenida e segunda a noite na Barra, com pequenas máquinas musicais, com projeção de som. E aí eu dou o exemplo dos tradicionais microtrios. A gente tem a possibilidade da Trivela no Furdunço também, Baiana System vai com um pequeno trio elétrico, a Orquestra Sinfônica da Bahia está fazendo todo esforço para desfilar, Rumpilezz com Letieres vai nesse projeto, diversas fanfarras já estão querendo ir, alguns blocos de travestidos estão também... O que é isso? Não é o movimento do Rio de Janeiro, que é muito baseado no chão, nas fanfarras, mas também não é o movimento de Salvador, baseado em grandes máquinas de não sei quantos mil decibéis, que você ouve de qualquer lugar. Para mim, o ciclo de ocupação do espaço do carnaval não vai na linha 'ou é trio com corda ou é trio sem corda'. Isso para mim é uma discussão antiga. Para mim, a gente deve ir no meio do caminho: garantir que movimentos musicais se apresentem na cidade sem precisar estar no trio elétrico.
BN: Salvador, teoricamente, tem dois grandes problemas para eventos fechados: falta espaço – a gente tem hoje a área da Fonte Nova – e atrações internacionais – a gente vai ter Elton John agora, mas Salvador nunca está na rota das atrações. Tem previsão de termos um grande nome internacional, com ajuda da prefeitura? No caso de Elton John, a prefeitura vai ajudar? Como você avalia essa falta de espaços fechados?
GB: Eu acho que essa não é a principal saída, mas o tipo de movimento que a gente fez com Réveillon e quer fazer com o Festival da Cidade, no final de março – que vai ser um começo, não vai ter a dimensão do Réveillon –, começou a fazer com o Natal ali no Dique – tímido que foi esse ano, mas já atraiu muita gente –, o que a gente vai fazer com o Flipelô, Festival da Cultura Latina, que a gente vai fazer com o grande festival de música em outubro, o que a gente vai fazer com as quatro bienais... Isso para mim tem uma dimensão muito mais orgânica e sistêmica do que as atrações pontuais de shows internacionais. Isso vai para mídia. A gente teve agora, no Réveillon, 26 minutos e 8 segundos de mídia em telejornais nacionais: foi a segunda maior cobertura, só perdendo para o Rio de Janeiro, nos quatro dias que antecederam o réveillon. Vinte e seis minutos e oito segundos que custariam à cidade R$ 11 milhões, se a gente fosse comprar esse tempo de televisão. Aí alguém vai dizer que não devia fazer Réveillon. Quer dizer, se não tivesse Réveillon não ia ter essa exposição na mídia. O turismo da cidade precisa sobreviver, a cidade precisa se projetar. Mas, voltando ao assunto principal, as atrações internacionais têm um gargalo específico de espaço. Montar um show internacional na Fonte Nova hoje é muito caro. O que Ivete [ Sangalo] fez foi uma ousadia sem tamanho. Lotou os hotéis de Salvador no fim de semana. Mas é uma ousadia desproporcional ao que precisa ser feito na Arena para atrair grandes artistas. A própria Arena está cuidando de quem vai ajustar isso. A gente está com um projeto de uma arena de esportes de porte internacional que vai ser usada como elemento misto. E aí, com uma estrutura um pouco menor, para 10 mil pessoas, coberta, com ar condicionado, e com palco já pronto para grandes shows – que o artista não vai precisar ter custo nisso. Mas ainda assim eu digo: eu acho que isso não é tão relevante. Seria comum eu responder que isso é importante... É importante, mas esse é um movimento um pouco artificial.
BN: Mas é só ver como atrai muita mídia quando o Rio traz Rolling Stones para praia, por exemplo.
GB: Mas quantas vezes isso aconteceu no Rio em 2013? Quantos shows foram? Dois, três, quatro? Isso não vai sustentar. Isso dá uma resposta para o público, para as pessoas da cidade, gera autoestima... Gera recursos? Gera. Mas dá um elemento orgânico, não dá uma sustentação permanente. Nós fizemos um esforço danado. A gente precisa de coisas que depois de dois ou três anos andem sozinhas. É isso que eu acho. A dimensão do legado é você fazer coisas... o Réveillon que a gente fez esse ano vai acontecer no ano que vem muito mais naturalmente do que foi esse ano. Ele vai entrando no automático. E a atração de grandes shows pela iniciativa privada vai acontecer, mas termina virando um esforço importante, mas que para mim não é o principal.
BN: Há também a questão de Salvador carecer de muita coisa para atrair mais turistas, como as falhas nas sinalizações dos produtos culturais. Para você vir para cá de outros países, na maioria das vezes, tem que passar por São Paulo ou Rio de Janeiro, também há poucas linhas internacionais saindo daqui... Há quem diga que faltava um certo empenho da Secretaria de Turismo do Estado. Você gostou da saída do Domingos Leonelli da pasta?
GB: Leonelli é uma pessoa que me recebeu muito bem. Desde o primeiro dia eu tive uma afinidade absoluta. Eu tenho muita simpatia pelo projeto político do PSB, acho que é um partido que já deu grandes contribuições ao Brasil e há uma tendência de que continue dando. No sentido de políticas públicas, esse ponto que você colocou é dos mais importantes de atração de turismo e de geração de receita para a cidade. Fazendo um comparativo com a questão dos shows internacionais, para não parecer que eu não acho importante a vinda desses shows, mas você ter fluxo permanente de linhas aéreas para a cidade é 30% a 40% mais relevante para a cidade do que atrair cinco shows internacionais. Fica mais barato e você gera elemento permanente. E esse não é um problema focado em Leonelli ou Guilherme. É um problema de política nacional. Enquanto se mantiver o monopólio de aviação das empresas aéreas como tem hoje no país, a gente vai engatinhar no turismo, não tem jeito. É um absurdo, por exemplo, o que a Gol fez com a Webjet. Comprou a empresa para fechar. O que o país ganhou com isso? Nada. A própria Gol não melhorou sua operação. A Webjet vinha aos trancos e barrancos, mas oferecia alguns tipos de serviços, sobretudo para classe C. Eu adorava viajar pela Webjet. Não tinha comida, não tinha bebida, o assento não reclinava, mas saía no horário e chegava no horário. E, além disso, era barato. Então, eu não tinha dúvida: era a empresa mais pontual do Brasil, por dois ou três anos seguidos, se não me engano. Então, acabou a Webjet e não veio nada no lugar. Enquanto isso acontecer, o turismo brasileiro não vai decolar. A gente tem ainda outro problema em relação a isso que é o custo com combustível, que também para as companhias é o maior. E aí o que a gente está pleiteando, e eu vinha em uma conversa muito próxima com Leonelli, é a questão de redução de ICMS para combustível de aeronaves que venham para o Nordeste, apesar disso também ser enxugar gelo, porque tudo que a gente precisa de uma abertura, de uma cessão do poder público, como por exemplo reduzir ou isentar imposto, é porque tem alguma coisa errada na história. Eu acho que o governo federal, como um todo, poderia ter uma política de abertura do espaço aéreo brasileiro.
BN: Você tem alguma pretensão política? É filiado a algum partido?
GB: Não, nenhuma. Eu tenho simpatia por todos os partidos que tiveram ou têm claramente a sua postura. Isso é bom para o país. Todo mundo faz várias críticas ao PT, mas ele sabe o que quer, tem uma postura, tem uma história... O PSB tem, o Democratas tem... Quer dizer, esses são os partidos bons para a nação. É isso que eu acho. A gente precisa de partidos que, independentemente do viés ideológico, marque o que ele quer, diga 'nós pensamos isso, nosso projeto político é esse, nosso projeto de administração pública é esse'. Eu nunca fui filiado a nenhum partido, não sou e não tenho a expectativa de ser. O meu projeto é em 2016 voltar para a minha vida na iniciativa privada e até o dia 31 de dezembro é o meu compromisso com o prefeito de ficar na secretaria, depois eu volto para as minhas atividades.
BN: Se tiver um convite na reeleição, você fica?
GB: Veja, é muito cedo para a gente avaliar isso. Quando o prefeito me convidou, foi uma atitude muito ousada. Foi um tiro no escuro. Ele não conhecia o meu trabalho a fundo, a gente não tinha uma relação pessoal, eu não fui defendido por nenhum partido... Em uma cidade que só tem 12 secretarias, ele entregar uma a uma pessoa que ele não conhecia praticamente e que não é filiado a nenhum partido foi uma ousadia muito grande. Por isso que eu serei, sempre, de certa forma, guiado pelo tempo que ele me der na pasta, apesar do nosso compromisso ser até dezembro de 2016. É ali que está o meu compromisso e a minha vida pessoal está planejada para isso. Agora, se eu vou até 2017 ou até 2015, isso depende muito de como as coisas se encaminharem. O cargo é dele, na hora que ele achar que deve eu saio. Se ele achar que devo ficar mais um pouco, e fizer o convite, na hora eu vou pensar e ver o que a gente decide.
COMENTÁRIO DO BLOGUEIROo
O atual secretário municipal de cultura, empresário competente e pragmático, adotou a clássica estratégia de minizar a crítica - excelente, diga-se de passagem - do cineasta Cláudio Marques.Mas acreditamos que ambos têm tanto em comum, que encontrarão sem demora uma plataforma de entendimento, já que o objetivo é o mesmo: apoiar e desenvolver a cultura em Salvador.
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