domingo, 7 de julho de 2013

UM PLANO PARA A BAIA DE TODOS OS SANTOS

Um plano para a RMS
 e 
Baia de Todos os Santos

Paulo Ormindo de Azevedo

A Baia de Todos os Santos e a Região Metropolitana de Salvador são inseparáveis. Esta região, que foi na colônia o suporte econômico da Bahia,amargou no final do século XIX uma profunda crise. Nema Escola Agrícola de S. Bento das Lajes e os modernos engenhos centrais criados por D. Pedro IIconseguiram recuperar sua economia. Por outro lado,“o navio de Cachoeira não navega mais no mar”, com a aberturade estradas de rodagem que marginalizariam o sistema hidroviário da BTS. Assim,Feira de Santana roubouo comercio de S. Francisco do Conde, Santo Amaro, Cachoeira, S. Felix, Maragogipe, S. Roque,Jaguaripe e Nazaré.

Com o inicio da exploração do petróleo no Recôncavo, em 1941, a região refloresce e atrai investimentos como a Relan(1949) e o Temadre. Completa este ciclo o Porto e o Centro Industrial de Aratu,de 1967, e o Copec inauguradoem 1978. Esses novos empreendimentos localizados na parte leste da BTSdesenvolveriam e adensariam Lauro de Freitas e Camaçari. Mas no Recôncavo tradicional,a exploração do petróleo minguavae as fabricas de charutos fecharam as portascondenando a região a mais um ciclo de depressão.

Agora o Recôncavo experimenta um novo sopro econômico. Novas tecnologias de petróleo e gás permitiram que Agência Nacional de Petróleo leiloasse 15 blocos no Recôncavo e mais 21 em seu prolongamento, Tucano Sul. Em S. Roque,Mapele, Candeias e Ilha dos Frades estão sendo instalados estaleiros de plataformas e navios, termoelétricase uma estação de regaseificação. Relan,Temadree porto de Aratu deverão ser ampliados, enquanto o CIA e o Copec estão sendo duplicados e recebendo novas fabricas. O Governo Federal oferece milhões para desenvolver o turismo na BTS.

O que o que se pergunta é: como a RMS vai receber estes empreendimentos sem ampliar sua infraestrutura? Toda a mão de obra desses polos industriais usa o dormitório-Salvador, pela falta de condições de Simões Filho, Candeias e Camaçari, o que gera congestionamento brutal na BR 324 e na Paralela. A mobilidade e a logística na RMS só se resolvem com novos modais, como ferrovias, metrôs e aerobarcos.O Litoral Norte vai receber o metrô, mas a borda da BTS e asilhasnão dispõem de nenhum transporte de massa.A mobilidade e a logística são fundamentais, mas não podem ser dissociadas da preservação ambiental, da urbanização com boas habitações, hospitais, escolas, lazer e cultura.Urge ser feito um Plano de Desenvolvimento Integrado da BTS e RMS.

Neste cenário, o sistema viário da RMS proposto por Sergio Bernardes no Plano do CIA é mais atual que nunca. Ele previa três circuitos concêntricos. Duas estradas interioranas e uma via praieira, turística, que já foi realizadacom as rodovias BA-878 e BA 543, faltando apenas uma ponte sobre a foz do Paraguaçu. Em 2003 os Profs. AngelaGordilho e José Luis de Souzaprojetaram sua realização como Via Cênica. Com esses subsídios tenho defendido a Envolvente da Baiacasando uma autopista com uma ferrovia articulada com as cidades históricas,a Via Cênica e uma ponte ligando Salinas a Itaparica.

Correndo no leito da Linha Sul daex-Leste, esta ligação rodoferroviária se desviaria em São Gonçalo e seguiria a estrada de Santiago do Iguape, cruzando o Paraguaçu a montante do estaleiro e seguindopelo leito da antiga ferrovia de Nazaré até S. Antonio de Jesus e dali ligando-se a Linha Centro Sul em Castro Alves. Evitar-se-ia,assim, o gargalo de Cachoeira e se integraria Copec, CIA, porto de Aratu,Temadre, Relan e Estaleiro de S. Roque com asferrovias Oeste-Leste, BH-Recifee o Porto Sul.

Além de cargas,esta ferrovia funcionaria na RMS como um metrô de superfície integrado ás linhas 1 e 2 do Metrô Salvador-Lauro de Freitas. Este é um planoque pode ser feito por etapas, captando diferentes fontes de funcionamento. Não exige imensas desapropriações, não impacta o meio ambiente e o trafego urbano e marítimo. Que beneficiaria indústria, turismo, agricultura, pesca, comercio, artesanato ecultura e custa pouco. O que mais falta?Kerimorê não quer brida (bridge), quer continuar livre e bela.

Salvador: A Tarde, 07/07/13 

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