Um plano para a RMS
e
Baia de Todos os Santos
Paulo Ormindo de Azevedo
A Baia de Todos os Santos e a Região
Metropolitana de Salvador são inseparáveis. Esta região, que foi na colônia o
suporte econômico da Bahia,amargou no final do século XIX uma profunda crise. Nema
Escola Agrícola de S. Bento das Lajes e os modernos engenhos centrais criados
por D. Pedro IIconseguiram recuperar sua economia. Por outro lado,“o navio de
Cachoeira não navega mais no mar”, com a aberturade estradas de rodagem que marginalizariam
o sistema hidroviário da BTS. Assim,Feira de Santana roubouo comercio de S. Francisco
do Conde, Santo Amaro, Cachoeira, S. Felix, Maragogipe, S. Roque,Jaguaripe e Nazaré.
Com o inicio da exploração do petróleo no
Recôncavo, em 1941, a região refloresce e atrai investimentos como a Relan(1949)
e o Temadre. Completa este ciclo o Porto e o Centro Industrial de Aratu,de 1967,
e o Copec inauguradoem 1978. Esses novos empreendimentos localizados na parte leste
da BTSdesenvolveriam e adensariam Lauro de Freitas e Camaçari. Mas no Recôncavo
tradicional,a exploração do petróleo minguavae as fabricas de charutos fecharam
as portascondenando a região a mais um ciclo de depressão.
Agora o Recôncavo experimenta um novo sopro econômico.
Novas tecnologias de petróleo e gás permitiram que Agência Nacional de Petróleo
leiloasse 15 blocos no Recôncavo e mais 21 em seu prolongamento, Tucano Sul. Em
S. Roque,Mapele, Candeias e Ilha dos Frades estão sendo instalados estaleiros
de plataformas e navios, termoelétricase uma estação de regaseificação. Relan,Temadree
porto de Aratu deverão ser ampliados, enquanto o CIA e o Copec estão sendo duplicados
e recebendo novas fabricas. O Governo Federal oferece milhões para desenvolver
o turismo na BTS.
O que o que se pergunta é: como a RMS vai
receber estes empreendimentos sem ampliar sua infraestrutura? Toda a mão de
obra desses polos industriais usa o dormitório-Salvador, pela falta de condições
de Simões Filho, Candeias e Camaçari, o que gera congestionamento brutal na BR
324 e na Paralela. A mobilidade e a logística na RMS só se resolvem com novos
modais, como ferrovias, metrôs e aerobarcos.O Litoral Norte vai receber o
metrô, mas a borda da BTS e asilhasnão dispõem de nenhum transporte de massa.A
mobilidade e a logística são fundamentais, mas não podem ser dissociadas da preservação
ambiental, da urbanização com boas habitações, hospitais, escolas, lazer e
cultura.Urge ser feito um Plano de Desenvolvimento Integrado da BTS e RMS.
Neste cenário, o sistema viário da RMS
proposto por Sergio Bernardes no Plano do CIA é mais atual que nunca. Ele
previa três circuitos concêntricos. Duas estradas interioranas e uma via praieira,
turística, que já foi realizadacom as rodovias BA-878 e BA 543, faltando apenas
uma ponte sobre a foz do Paraguaçu. Em 2003 os Profs. AngelaGordilho e José
Luis de Souzaprojetaram sua realização como Via Cênica. Com esses subsídios
tenho defendido a Envolvente da Baiacasando uma autopista com uma ferrovia articulada
com as cidades históricas,a Via Cênica e uma ponte ligando Salinas a Itaparica.
Correndo no leito da Linha Sul daex-Leste, esta
ligação rodoferroviária se desviaria em São Gonçalo e seguiria a estrada de Santiago
do Iguape, cruzando o Paraguaçu a montante do estaleiro e seguindopelo leito da
antiga ferrovia de Nazaré até S. Antonio de Jesus e dali ligando-se a Linha Centro
Sul em Castro Alves. Evitar-se-ia,assim, o gargalo de Cachoeira e se integraria
Copec, CIA, porto de Aratu,Temadre, Relan e Estaleiro de S. Roque com asferrovias
Oeste-Leste, BH-Recifee o Porto Sul.
Além de cargas,esta ferrovia funcionaria na
RMS como um metrô de superfície integrado ás linhas 1 e 2 do Metrô Salvador-Lauro
de Freitas. Este é um planoque pode ser feito por etapas, captando diferentes
fontes de funcionamento. Não exige imensas desapropriações, não impacta o meio
ambiente e o trafego urbano e marítimo. Que beneficiaria indústria, turismo, agricultura,
pesca, comercio, artesanato ecultura e custa pouco. O que mais falta?Kerimorê
não quer brida (bridge), quer continuar
livre e bela.
Salvador: A Tarde, 07/07/13
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