por Hélio Schwartsman
Levando adiante o bom humor do diário americano, proponho que entreguemos a Chicago o direito de sediar o evento. Acho que ainda dá tempo e todos sairiam ganhando.
O motivo mais óbvio para opor-se à realização da Olimpíada no Rio é o elevado custo da operação. Há dúvidas de que financiar esse tipo de competição seja uma prioridade e é praticamente uma certeza que os gastos ocorrem de forma pouco republicana, com aplicações orçamentárias pouco transparentes e as inafastáveis suspeitas de favorecimento.
Meu ponto, porém, é que, mesmo que as despesas seguissem um modelo de plena lisura e total eficácia administrativa, ainda assim Olimpíada é algo de que governos deveriam manter prudente distância. A questão central é que esse tipo de despesa é concentrador de renda. É verdade que empreiteiros, donos de hotéis e de restaurantes, taxistas e o comércio em geral de fato podem beneficiar-se do investimento. Se a aventura produzir um legado de infraestrutura permanente (o que está longe de ser uma certeza), o carioca também ganhará algo.
O problema é que, para gerar essas oportunidades, tiramos dinheiro do caixa geral, para o qual todos contribuíram. Não me parece muito justo que o cidadão que paga impostos no Acre subsidie (e em condições longe das ideais) algo que será bom, no máximo, para parte dos cariocas.
Copas, Olimpíadas e grandes eventos internacionais são bem-vindos desde que financiados com dinheiro privado. Como não conseguimos fazer isso, preferimos apelar à velha lei da socialização dos prejuízos e da privatização dos lucros.
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