O bairro de Santo Antônio, centro histórico de Salvador,
oferece um rico panorama arquitetônico e cultural da primeira capital do Brasil.
Desde o Convento do Carmo, do século XVII,
passando pela igreja do Boqueirão que ostenta uma das mais belas fachadas barrocas da Bahia, até o colorido
casario eclético do fim do século XIX.
e as mais singelas casinhas interioranas...
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Passou por diversas
fases. Períodos de fausto, épocas de abandono e decadência.
Aqui cheguei em 1975. Em
1985 comprei a casa onde moro até hoje. Ela estava em triste estado, vazia por
mais de dois anos.
Pouco
tempo depois, encantados pela beleza do antigo bairro, começaram a instalar-se estrangeiros. Italianos, franceses, espanhóis,
alemães...
Muitos abriram pequenas e charmosas pousadas,
Muitos abriram pequenas e charmosas pousadas,
a maioria com vista para a baia, possibilitando empregos
e atraindo uma faixa importante do turismo cultural.
Hoje existe
uma evidente reabilitação do bairro, não tanto no plano econômico – as tentativas
de especulação fracassaram -, mas no aspecto sócio-cultural.
São inúmeros os artistas visuais, músicos, poetas, jornalistas, fotógrafos, arquitetos, dançarinos, cineastas, atores que se mudaram para cá. Todos investindo no velho bairro suas parcas economias e seus ilimitados entusiasmos.
São inúmeros os artistas visuais, músicos, poetas, jornalistas, fotógrafos, arquitetos, dançarinos, cineastas, atores que se mudaram para cá. Todos investindo no velho bairro suas parcas economias e seus ilimitados entusiasmos.
Abrem-se ateliers e galerias, barzinhos
e cafés...
A única falha foi a cargo de uma jovem senhora que, muito rica, achou que o único brilho de seu nome atrairia multidões de endinheirados. Comprou 40 casas para um mítico projeto de shopping a céu aberto. Após os primeiros entusiasmos, desinteressou-se da fantasia.
A única falha foi a cargo de uma jovem senhora que, muito rica, achou que o único brilho de seu nome atrairia multidões de endinheirados. Comprou 40 casas para um mítico projeto de shopping a céu aberto. Após os primeiros entusiasmos, desinteressou-se da fantasia.
Agora são 40 casas prestes a ruir. Não
se sabe de qualquer interesse em resolver o problema por parte das autoridades
locais. Seja IPHAN, IPAC ou Prefeitura, órgão nenhum parece consciente dos
inúmeros perigos que rondam uma área tombada pela UNESCO. Apesar das constantes denúncias – eu fui até ameaçado pelo IPHAN por
causa de minhas incansáveis queixas - casos freqüentes de agressiva
descaracterização continuam impunes.
Fica
mais uma vez exemplificada a dicotomia entre entidades reféns de sua burocracia
e arrogância e o espírito construtivo do povo – aquele mesmo que promove manifestações
- tentando lutar contra a apatia e omissão daqueles que nos governam. Ou
fingem que nos governam...
Mesmo assim o bairro de Santo Antônio, com ou sem irresponsabilidades dos governantes, ainda é um lugar especial que muito lembra os pacatos vilarejos do interior.
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