Da elegante balaustrada que compunha o espaço à volta da
Secretaria da Fazenda, com suas duas amplas escadas, uma junto ao Mercado do
Ouro e a outra ladeando o Trapiche Barnabé, restam 38 colunas (uma quebrada) e
faltam 137.
Com margem de erro de 1% para mais ou para menos.
Tive o cuidado de
contá-las no princípio deste ano. Em contrapartida foi edificado um depósito
junto a uma das escadas.
Não entendo.
Uma senhora fiscal do Iphan que vai, com
louvável insistência, conferir a cor da fachada do Trapiche – belo restauro,
por sinal - não reparou na escandalosa agressão? Ou é uma nova postura deste
respeitável órgão, como no caso do sumiço das pedras portuguesas do Porto da
Barra?
Estamos falando da Rua do Pilar, uma das inúmeras ruas
esquecidas por todos os poderes públicos, apesar de sua longa história. Você
sabia, por exemplo, que a parte, remodelada do Trapiche Barnabé que olha para o
Plano Inclinado do Pilar data do século XVIII e tinha mais um andar?
E que o
Mercado do Ouro, fundado em 1879, nunca vendeu ouro, mas sim cereais e
verduras? Na verdade ele deve seu nome à vizinhança do antigo Cais do Ouro,
hoje aterrado e transformado em Praça Marechal Deodoro.
A rua começa tristemente no final da ladeira do Julião para
terminar, de forma não mais alegre, por trás da barroca e mal restaurada igreja
do Pilar, encontrando a também abandonada ladeira do Pilar. Bolsões de miséria
que ninguém quer ver pontuam a encosta do bairro de Santo Antônio.
Sim, é
verdade que fizeram um (muito, muito lento) esforço adequando um antigo
frigorífico para abrigar umas cem famílias. A intenção, como sempre, foi
descaracterizada por atribuições a quem não estava na lista dos assistentes
sociais, mas tinha algum padrinho.
Portanto, quem levanta os olhos para a
encosta - declarada área non aedificandi pelo decreto municipal
N°4.524/01.11.1973 - poderá constatar que órgão nenhum pensa em coibir as
numerosas construções de alvenaria que invadem o verde da dita encosta.
A
depredação ainda vai continuar, alegremente, sim, por muito tempo.
Você duvida?
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