sábado, 9 de fevereiro de 2013

QUANDO DANÇAM OS BALAÚSTRES



Da elegante balaustrada que compunha o espaço à volta da Secretaria da Fazenda, com suas duas amplas escadas, uma junto ao Mercado do Ouro e a outra ladeando o Trapiche Barnabé, restam 38 colunas (uma quebrada) e faltam 137.
 Com margem de erro de 1% para mais ou para menos.
 Tive o cuidado de contá-las no princípio deste ano. Em contrapartida foi edificado um depósito junto a uma das escadas. 


Não entendo. 
Uma senhora fiscal do Iphan que vai, com louvável insistência, conferir a cor da fachada do Trapiche – belo restauro, por sinal - não reparou na escandalosa agressão? Ou é uma nova postura deste respeitável órgão, como no caso do sumiço das pedras portuguesas do Porto da Barra?


Estamos falando da Rua do Pilar, uma das inúmeras ruas esquecidas por todos os poderes públicos, apesar de sua longa história. Você sabia, por exemplo, que a parte, remodelada do Trapiche Barnabé que olha para o Plano Inclinado do Pilar data do século XVIII e tinha mais um andar? 
E que o Mercado do Ouro, fundado em 1879, nunca vendeu ouro, mas sim cereais e verduras? Na verdade ele deve seu nome à vizinhança do antigo Cais do Ouro, hoje aterrado e transformado em Praça Marechal Deodoro.
A rua começa tristemente no final da ladeira do Julião para terminar, de forma não mais alegre, por trás da barroca e mal restaurada igreja do Pilar, encontrando a também abandonada ladeira do Pilar. Bolsões de miséria que ninguém quer ver pontuam a encosta do bairro de Santo Antônio. 
Sim, é verdade que fizeram um (muito, muito lento) esforço adequando um antigo frigorífico para abrigar umas cem famílias. A intenção, como sempre, foi descaracterizada por atribuições a quem não estava na lista dos assistentes sociais, mas tinha algum padrinho. 
Portanto, quem levanta os olhos para a encosta - declarada área non aedificandi pelo decreto municipal N°4.524/01.11.1973 - poderá constatar que órgão nenhum pensa em coibir as numerosas construções de alvenaria que invadem o verde da dita encosta. 
A depredação ainda vai continuar, alegremente, sim, por muito tempo. 
Você duvida?
  

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