terça-feira, 1 de julho de 2014

VITÓRIA DA PAPUDA!

CORRUPÇÃO COMEÇA NA ELEIÇÃO
SAMUEL CELESTINO
Quando a política já não desperta interesse e naufraga na corrupção e nos “jogos” dos partidos para obter vantagens, tal como aconteceu na última sexta feira quando Dilma Rousseff entregou ao PR o ministério dos Transportes, rifando César Borges, para que a sua candidatura ganhasse reles 62 segundos na propaganda eleitoral, passam a ter razão os jovens entre 16 e 17 votos em preferir se distanciar das urnas. Isso acontece  na Bahia, conforme matéria de A TARDE ontem publicada. Mas não se enganem: a decepção está no País inteiro. 
 
O direito ao voto da juventude aconteceu no final da década de 80 para a de 90, e como a Constituição de 1988 estava novíssima, havia uma euforia pela democratização do País. Esta euforia contagiou os adolescentes. Afinal, era um direito cívico conquistado. Logo depois eles sentiram a primeira dor, reflexo do voto obtido: Fernando Collor de Mello com as suas estripulias e com o clima de corrupção que se instalou na República. A juventude entendeu que o voto não era apenas uma festa democrática, mas, também, uma arma para consertar o que estivesse errado. Foram, então, às ruas e praças, do sul ao norte, comandando eles próprios o marcante movimento cívico dos caras-pintadas.
 
Festejaram quando o impeachment derrubou o primeiro presidente eleito livremente, depois de um longo período 21 anos sob o silêncio e a sombra cinzenta da ditadura militar.  Pouco a pouco, com o passar do tempo, entenderam que o voto não era exatamente a festa livre dos cidadãos porque o Brasil era também coberto pelo manto sujo da corrupção. Hoje, eles já não querem mais votar. Não dá mesmo para assistir à presidente Dilma negociar com a Papuda utilizando intermediários do PR, até conseguir saber o que o mensaleiro condenado, Valdemar da Costa Neto, queria em troca dos seus segundos para uso do PT na propaganda política. Costa Neto é presidente e é quem manda no partido.
 
O ministro que ela dizia ser inarredável, César Borges, foi então deslocado para a secretaria dos Portos. E Paulo Sérgio Passos, foi o escolhido pela Papuda para o seu lugar. Passos já fora excluído do mesmo cargo pela própria Dilma. Foi, então devolvido ao posto pelo presidiário. Ponto. Vitória da Papuda! Parece-me uma grande humilhação (uma exigência do PR) na medida em que se realizou uma negociata que emascula qualquer imagem de seriedade. De qualquer sorte, Sérgio Passos tem pouco tempo no cargo. Mas, certamente, muito que fazer, “malfeitos”, talvez.  Porque é assim que se pratica política nas terras de Pindorama. São negócios para todos os lados. 
 
Com 32 partidos, o absurdo fica claríssimo quando as campanhas nos estados se transformam em sacos de gatos. Nenhum partido tem significado, nem, muito menos, princípios éticos e morais. Iguala-se em gênero, número e grau. O que mais os aproximam é a descarada roubalheira, a corrupção praticada à larga, enfim é exatamente isso que desanima a juventude, é o que afasta os jovens das urnas. Se eles terão que exercer, por ser obrigatório, o direito do voto, já não querem fazê-lo antes dos 18 anos. A festa da esperança que brotou no fim da década de 80, início dos 90, está morrendo pouco a pouco. Se não se fizer uma reforma política e decente neste País, se não se der fim aos partidos (hoje são todos) que vivem da negociata, o sonho da juventude será sepultado e a política será a cada mês, a cada escândalo, mas desdenhada.  
 
O saco de gatos que acima aludi é possível observar com a mistura nefasta envolvendo interesses. A miscelânea partidária está em, praticamente, todos os estados, a partir, naturalmente, do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional. Em São Paulo, Geraldo Alckmin, que tenta a reeleição para o governo, é tucano, mas, além de Aécio Neves, também dá apoio a Eduardo Campos. No Rio de Janeiro vê-se o cenário do absurdo: Dilma tem três candidatos. São o petista Lindbergh Farias, Luiz Fernando Pezão, do PMDB, e para completar a maracutaia, Anthony Garotinho. Pezão apóia também Aécio Neves e Lindbergh escorrega para namorar  Aécio ou Eduardo 
 
Como sempre, quem dá o melhor exemplo negativo é o Maranhão que está se vendo livre da família Sarney. O PCdoB lançou candidato ao governo e para não se complicar, vai com Dilma, Aécio Neves e Eduardo Campos. Aposta tripla, sem erro. Quem diria... O velho PCdoB já não é mais aquele.   

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