sexta-feira, 25 de julho de 2014

QUEIXA NO MINISTÉRIO PÚBLICO CONTRA A CONDER

CANSADO PELOS "MALFEITOS", COMO DIZEM EM BRASÍLIA, ENTREI COM PROCESSO CONTRA A CONDER, ESTADUAL QUE APARENTE NÃO TER A MÍNIMA CONDIÇÃO DE INTERVIR NO CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR

TOTAL DESCONHECIMENTO DAS PESQUISAS SOBRE CORES DAS FACHADAS

Moro desde 1975 no centro histórico de Salvador, registrado pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade.
Após ter vivido numa pequena cobertura da Rua do Passo, comprei a casa onde resido até hoje, Rua Direita de Santo Antônio, 177. Este casarão foi classificado pelo Ministério da Cultura em 2008 como Casa-Museu Solar Santo Antônio pelo empenho em ter mantido suas características iniciais e apresentar uma importante coleção de arte reunida em mais de 60 anos de pesquisa.

Desde 1975 – bem antes do tombamento (1985) - tenho-me esforçado em defender um patrimônio cultural e histórico que considero único pelas suas especificidades.
Ultimamente foram notadas várias alterações que evidenciam uma afronta aos princípios mais básicos da conservação e restauração do bairro de Santo Antônio além do Carmo, caracterizando verdadeiras agressões a integridade do centro histórico.

Todo o casario da Rua Direita de Santo Antônio tem recebido camadas de tinta acrílica sem a mínima pesquisa de cores originais que nunca foram de acrílico, mas sim de tintas d´água com pigmentos naturais. O que tem como conseqüência um leque de cores berrantes, mais próprias para a Disneyland que para um secular conjunto arquitetônico, de tal importância cultural e histórica que foi colocado ao lado de Veneza, Cuzco, Marrakesh e outros sitos considerados únicos pela UNESCO.

Ora, o bairro de Santo Antônio possui um conjunto excepcional de arquitetura de estilo eclético, muito mais importante até que os poucos exemplares de arte barroca, sem dúvida de grande beleza, tão divulgados pelos panfletos turísticos, mas longe do patrimônio de outros países da América Latina como México, Equador, Peru ou mesmo Bolívia. De barroco, o maior legado ainda é seu acervo de azulejaria.

As características deste casario precisam ser salvaguardadas com o maior cuidado. Muito menos tem Miami, que cuida muito mais de seu patrimônio arquitetônico Art Deco.
Pelas informações recolhidas, existem estudos/referência de pesquisadores sobre o tema das pinturas de fachadas. Porque nunca foram consultados?

Ultimamente, as redes sociais têm denunciado um projeto encomendado pela Conder a um escritório de São Paulo. Não se sabe com que critérios, nem a que custo.

O projeto divulgado nas redes sociais - assinado por Levisky Arquitetos Associados e Stuchi & Leite Projetos e Consultoria – referente ao Largo de Santo Antônio demonstra, logo à primeira vista, um total desconhecimento da área objeto da interferência.
*Estacionamento do lado da vista
*Erradicação do antigo e tradicional coreto, um dos últimos da Grande Salvador
* Erradicação do pergolado existente
* Criação de um plano inclinado que leva a parte nenhuma
* Implantação de um imenso caramanchão cortando totalmente a visão da Igreja e do Forte.
Este projeto parece ter sido aprovado pela Conder sem a mínima consulta á comunidade, a não ser, eventualmente, a moradores cuidadosamente escolhidos para evitar qualquer oposição.

Nunca a comunidade é avisada de forma clara e com antecedência. Seria interessante perguntar a Conder quem são os moradores consultados.
Por enquanto parece se tratar de uma sociedade secreta que decide o que é bom para o resto dos moradores e freqüentadores.

Em contrapartida a sempre anunciada colocação da fiação elétrica debaixo da calçada, mais uma vez é descartada. O que permite aos turistas tirar fotografias que divertirão amigos e familiares quando regressarem a casa.

Outra anomalia é a problemática do calçamento das ruas do bairro.
A Rua do Passo recebeu um calçamento de boa qualidade assim como um oportuno alargamento de um dos dois passeios. Mas, curiosamente esse calçamento para logo após a Casa das Sete Mortes sem a mínima justificativa, enquanto a muito freqüentada Ladeira do Carmo continua lamentavelmente esburacada, sem solução a vista.

Para terminar, a Conder publicou no princípio do ano uma lista de desapropriações de imóveis no centro histórico. Seria importante ter informações sobre os critérios escolhidos para uma ação tão radical, já que várias destas propriedades são ocupadas por moradores legítimos.


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