CANSADO PELOS "MALFEITOS", COMO DIZEM EM BRASÍLIA, ENTREI COM PROCESSO CONTRA A CONDER, ESTADUAL QUE APARENTE NÃO TER A MÍNIMA CONDIÇÃO DE INTERVIR NO CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR
TOTAL DESCONHECIMENTO DAS PESQUISAS SOBRE CORES DAS FACHADAS
Moro desde 1975 no
centro histórico de Salvador, registrado pela UNESCO como Patrimônio da
Humanidade.
Após ter vivido numa
pequena cobertura da Rua do Passo, comprei a casa onde resido até hoje, Rua
Direita de Santo Antônio, 177. Este casarão foi classificado pelo Ministério da
Cultura em 2008 como Casa-Museu Solar Santo Antônio pelo empenho em ter mantido
suas características iniciais e apresentar uma importante coleção de arte
reunida em mais de 60 anos de pesquisa.
Desde 1975 – bem antes
do tombamento (1985) - tenho-me esforçado em defender um patrimônio cultural e
histórico que considero único pelas suas especificidades.
Ultimamente foram
notadas várias alterações que evidenciam uma afronta aos princípios mais
básicos da conservação e restauração do bairro de Santo Antônio além do Carmo,
caracterizando verdadeiras agressões a integridade do centro histórico.
Todo o casario da Rua
Direita de Santo Antônio tem recebido camadas de tinta acrílica sem a mínima
pesquisa de cores originais que nunca foram de acrílico, mas sim de tintas
d´água com pigmentos naturais. O que tem como conseqüência um leque de cores
berrantes, mais próprias para a Disneyland que para um secular conjunto
arquitetônico, de tal importância cultural e histórica que foi colocado ao lado
de Veneza, Cuzco, Marrakesh e outros sitos considerados únicos pela UNESCO.
Ora, o bairro de Santo
Antônio possui um conjunto excepcional de arquitetura de estilo eclético, muito
mais importante até que os poucos exemplares de arte barroca, sem dúvida de
grande beleza, tão divulgados pelos panfletos turísticos, mas longe do
patrimônio de outros países da América Latina como México, Equador, Peru ou
mesmo Bolívia. De barroco, o maior legado ainda é seu acervo de azulejaria.
As características
deste casario precisam ser salvaguardadas com o maior cuidado. Muito menos tem
Miami, que cuida muito mais de seu patrimônio arquitetônico Art Deco.
Pelas informações
recolhidas, existem estudos/referência de pesquisadores sobre o tema das
pinturas de fachadas. Porque nunca foram consultados?
Ultimamente, as redes
sociais têm denunciado um projeto encomendado pela Conder a um escritório de
São Paulo. Não se sabe com que critérios, nem a que custo.
O projeto divulgado nas
redes sociais - assinado por Levisky Arquitetos Associados e Stuchi & Leite
Projetos e Consultoria – referente ao Largo de Santo Antônio demonstra, logo à
primeira vista, um total desconhecimento da área objeto da interferência.
*Estacionamento do lado
da vista
*Erradicação do antigo
e tradicional coreto, um dos últimos da Grande Salvador
* Erradicação do
pergolado existente
* Criação de um plano
inclinado que leva a parte nenhuma
* Implantação de um
imenso caramanchão cortando totalmente a visão da Igreja e do Forte.
Este projeto parece ter
sido aprovado pela Conder sem a mínima consulta á comunidade, a não ser,
eventualmente, a moradores cuidadosamente escolhidos para evitar qualquer
oposição.
Nunca a comunidade é
avisada de forma clara e com antecedência. Seria interessante perguntar a
Conder quem são os moradores consultados.
Por enquanto parece se
tratar de uma sociedade secreta que decide o que é bom para o resto dos
moradores e freqüentadores.
Em contrapartida a
sempre anunciada colocação da fiação elétrica debaixo da calçada, mais uma vez
é descartada. O que permite aos turistas tirar fotografias que divertirão
amigos e familiares quando regressarem a casa.
Outra anomalia é a
problemática do calçamento das ruas do bairro.
A Rua do Passo recebeu
um calçamento de boa qualidade assim como um oportuno alargamento de um dos
dois passeios. Mas, curiosamente esse calçamento para logo após a Casa das Sete
Mortes sem a mínima justificativa, enquanto a muito freqüentada Ladeira do
Carmo continua lamentavelmente esburacada, sem solução a vista.
Para terminar, a Conder
publicou no princípio do ano uma lista de desapropriações de imóveis no centro
histórico. Seria importante ter informações sobre os critérios escolhidos para
uma ação tão radical, já que várias destas propriedades são ocupadas por
moradores legítimos.
Fez muito bem!
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