Nas mesas de restaurante e bares, nas filas de aeroportos, de cinemas, de bancos, nas salas de espera de médicos e dentistas, as pessoas revelam despudoradamente suas intimidades, pessoalmente aos presentes, ou à distância, pelos celulares, aos ausentes.
Ao ouvi-las involuntariamente, percebo que:
1. A banalidade predomina. As pessoas chafurdam em água muito rasa. Circundam indefinidamente em torno de pequenos problemas, eternamente irresolutos, que absorvem a parte de sua energia. Elas magnificam, “esticam” os problemas, de modo que, protagonizando-os, sintam-se importantes, valorizadas, e obtenham audiência garantida.
2. As diversas faixas etárias e classes sociais entrincheiram-se em visões preconcebidas e relutam em abandoná-las. Essas visões servem como signo de identificação e comunicação entre os diferentes grupos sociais. Poucas pessoas preocupam-se com algo que está além de seu próprio bem-estar e o de sua família.
3. O discurso “eu estou certo e o mundo errado” predomina, com críticas constantes à organização da sociedade brasileira, à corrupção, à qualidade de seus serviços, comparações entre o que ocorre aqui e no exterior e citações de exemplos nacionais negativos que lhes aconteceram pessoalmente. Mas, se todos são contra os abusos, quais brasileiros, então, os praticam?
Como escritor, cabe-me registrar o que observo. Vivo na Bahia em 2014.
Marcos A. P. Ribeiro
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