Entrevista com o arte-educador e musicoterapeuta André Pereira Lindenberg
Atual presidente da Associação de Profissionais e Estudantes de Musicoterapia do Estado de São Paulo, André Pereira atua como arte-educador na Associação Arte Despertar com atendimentos em diversos hospitais, com atividades de música e dinâmicas de treinamento. Formado em Musicoterapia pela Faculdade Paulista de Artes e com especialização em Percussão Erudita na Escola Municipal da Música, o paulistano André, viveu a infância em Tocantins e mudou-se para São Paulo ainda adolescente. Seus projetos vão além da música, agregando diversas expressões artísticas. “Seja com as plásticas sonoras (esculturas sonoras/instrumentos musicais), ou com as Artes Cênicas, através do som, como linguagem verbal.”
Conheça um pouco mais sobre o arte-educador que é famoso por contagiar a todos com seu sorriso e alegria:
1) O Pé na Viela é um projeto bastante inovador do ponto de vista cultural, pois leva arte e música às comunidades que não têm acesso a esse tipo de atividades. Sua trajetória profissional pode ser resumida em intervenções artísticas no âmbito social?
Realizo intervenções desde o ano de 2003, quando iniciou a Cia Pé no Canto de Teatro, da qual faço parte. Em nossa trajetória, realizamos intervenções e espetáculos com foco nos capilares da sociedade. Como em projetos contemplados com Leis de Incentivo, em parceria com o Grupo Caixa de Imagens, “Chuva de Convites” com 400 apresentações gratuitas pela periferia da cidade de São Paulo. O Pé na Viela é um dos projetos desta companhia, que ocorre desde 2009, com apresentações pelos mais diversos lugares.
2) Você sempre agrega artes cênicas e plásticas às suas atuações?
Sim. Iniciei meu contato com a música, e as ligações entre as outras linguagens ocorreram germinando da musicalidade. Seja com as plásticas sonoras (esculturas sonoras/instrumentos musicais), ou com as Artes Cênicas, através do som, como linguagem verbal.
3) No seu Blog Música Sutil, há diversas imagens de variados tipos de instrumentos musicais feitos com materiais reciclados. São suas criações? Quando você percebeu a importância e a oportunidade de recriar arte sustentável?
Sim. Realizo um trabalho de investigação Timbrística, com aplicação de Lutheria para criar instrumentos musicais. Uso uma denominação do artista Smetak, de Plásticas Sonoras, para conseguir definir a relação entre Instrumento Musical e Esculturas Sonoras. O fato de usar objetos descartados, não foi de criar arte sustentável, veio da necessidade de criar timbres e instrumentos. No início não obtinha nenhuma ferramenta e nenhum recurso financeiro para realizar, então iniciava saxofones, com rolos de papelão e bexiga. Hoje, posso utilizar técnicas e ferramentas para expandir as possibilidades sonoras e plásticas. E continuo usando elementos da sucata e materiais simples, afim de que possa ensinar diversas pessoas a terem seus instrumentos de forma acessível e com baixo custo.
4) Falando sobre a trajetória na Arte Despertar, você iniciou sua atuação em comunidades e/ou hospitais? Que tipo de público atendia?
Dentro da Arte Despertar iniciei trabalhando em ambulatórios e leitos de diversos hospitais. Depois de algum tempo comecei a atuar em UTIs e Centros Cirúrgicos. Hoje, além dos atendimentos, trabalho também com dinâmicas de treinamento voltados a colaboradores da saúde.
5) Que tipo de trabalho desenvolve paralelamente à Arte Despertar?
A Companhia de Teatro, aulas de Lutheria para crianças e criação de Plásticas Sonoras e suas aplicações.
6) Houve um momento dentre tantos trabalhos realizados na Arte Despertar que te marcou, tanto pessoal como profissionalmente?
Sim. Trabalhar dentro da Santa Casa de São Paulo, com diversos setores da UTI adulta e dentro dos Centros Cirúrgicos, onde realizamos música para recém- nascidos, e outros momentos numa ambiência que lida com a morte e com a vida.
7) Gostaria de deixar algum depoimento para Arte Despertar?
Muita luta num caminho onde o tempo é um aliado que se abraça. Saúde!
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