... DE JOÃO CARLOS TEIXEIRA GOMES
PARA O JORNAL A TARDE
Tendo tido o espaço da coluna reduzido e sendo um
articulista de meros 15 dias, meu caminho agora é comentar simultaneamente
assuntos diversos, pela regra jornalística que impõe que o comentarista esteja sempre
próximo dos fatos. Farei artigos tipo “catadinho”, pensando se já não é tempo
de guardar as chuteiras.
Meu
primeiro objetivo hoje é prestar comovida homenagem à memória do grande Plínio
de Arruda Sampaio, que morreu, dia oito, aos 83 anos. Longa trajetória pública
de notável coerência ideológica e dignidade política. Foi uma das mais atuantes
figuras do Partido dos Trabalhadores, que abandonou em 2005, indignado com os
rumos do petismo no poder. No auge da militância, jamais poderia imaginar que o
PT vitorioso acabaria por transformar-se no valhacouto dos corruptos do
mensalão. Depois que deixou o partido, foi execrado pelos espertalhões que se
uniram a Maluf, Sarney, Collor, Calheiros e a escória do mesmo naipe, para,com
tais aliados,se perpetuarem no poder fraudado. Na sua morte, silenciada pelo
PT, lembremos aqui que Arruda Sampaio merece todas as homenagens do Brasil
honrado.
Meu
segundo assunto hoje no “catadinho” é a melancólica Copa, grandiosa até que o
Brasil tomou o baile histórico da Alemanha. D. Dilma e o eterno Lula já se
preparavam para explorar eleitoralmente o sucesso esportivo do evento. Tanto
assim que o governo federal aproveitou na TV o intervalo das partidas para
fazer uma das mais custosas propagandas em torno da Petrobrás, na tentativa de
limpar a imagem da empresa, arranhada pela absurda compra da refinaria, nunca
explicada.Conhecendo bem a dependência do brasileiro ao poder, embora a
indignação do público consciente com a situação do Brasil seja cada vez maior, não
vai ser fácil mudar o placar do jogo eleitoral, com Dilma e Lula vestindo a
camisa do Bolsa Família Futebol Clube. De resto, o adversário mais forte, o
PSDB de Aécio, não tem boa tradição, pois não costuma jogar a favor do povo.
Já o velho
ardiloso Lula da Silva jamais imaginou que, trazendo para o Brasil a Copa que
tantobeneficiou banqueiros e empreiteiros, iria levar tão longe a caminhada da
Argentina (escrevo antes da final, mas, qualquer que tenha sido o resultado,
“loshermanos” foram longe demais. Evoquemos o Uruguai de 50). Corremos o risco
de transformar os estádios brasileiros no aprazível recreio dos rivais
sul-americanos.
Muito se
falou no Brasil contra o Padrão Fifa. Mas, recordemos: o que eram os estádios
brasileiros antes da Copa? Lugares desconfortáveis, de sanitários imundos,
latrinas fétidas, lotações exageradas, acesso tumultuado, estruturas
envelhecidas. Apenasnão era preciso superfaturar tanto para que os estádios
ajudassem a fazer uma grande Copa, nem eles vão melhorar a qualidade do nosso
futebol. Até porque, a Copa consolidou o que a imprensa esportiva tenta
esconder há anos: o futebol brasileiro é decadente. O mundo evoluiu, o Brasil
estagnou e retrocedeu.
Contra a Alemanha, não houve “apagão” ou “pane”. Houve,
sim, a desastrosa evidência de um retrocesso exposto e carimbado sete vezes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário