Desta vez, o
elefante caiu no meio da platéia. Os comerciantes do Pelourinho não agüentam
mais tantas festas que os obrigam a fechar a loja, o restaurante ou a pousada
porque chegou a parafernália de mais um evento cujas conseqüências serão
negativas para a sobrevivência dos que pagam impostos, aluguel, água (que falta
dia sim, dia não), energia (que também some a cada instante), mais o salário
dos funcionários e o diabo a quatro.
No sábado 30
de junho, caminhões e mais caminhões invadiram o espaço entre a Igreja de São
Francisco e o Cruzeiro com as elefantescas estruturas de um evento dito
musical. Tratava-se da gravação de um DVD da banda Babado Novo com a substituta
da Cláudia Leitttte. Outra mocinha bonitinha cujos dotes vocais tudo devem ao
microfone, desafinos incluídos.
Durante quatro dias, comerciantes, fotógrafos, turistas,
deficientes físicos e moradores perderiam direito a seu espaço. Jornalistas
estrangeiros hospedados nos confortáveis hotéis do bairro foram transportados às
pressas para a orla. No dia seguinte ao show, os que não puderam sair rodaram a
baiana na recepção das pousadas.
Ninguém acreditou que a Bahiatursa - que
sugeriu o majestoso cenário - não tivesse avisado antecipadamente dos
transtornos. Mas o pior é que o comando da Polícia Militar e o IPHAN (quem
diria?) também deram seu acordo, devidamente protocolado.
O Pelourinho
continua vítima de todos os oportunismos. As diversas autoridades envolvidas
ainda não entenderam a importância de termos um bairro considerado Patrimônio
da Humanidade pela UNESCO.
Qual a motivação que leva nossos governantes a impor
barulheira e baderna a este bairro, senão a escancarada apelação a caça de
votos fáceis?
Entretanto
uma jóia barroca cai aos pedaços. Estou falando do conjunto das duas igrejas e
convento de São Francisco que, em outras terras, seria mantido com todos os
cuidados que tal tesouro merece. Sorria...
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