Judicéia colocou a saia dourada por cima da calcinha amarela, para atrair prosperidade. Não teve dúvidas sobre a cor da camiseta, tinha que ser branca, como as flores que carregava para enfeitar a casa. Tinha discutido com o marido horas antes. Fuçou o celular e leu uma mensagem de uma tal Rosália dizendo “vem ser feliz no meu ano novo”. Quem era essa abusada? Estava muito chateada, mas preparou o jantar da virada com capricho. Colocou a mesa na porta de casa e convidou os vizinhos. Bebeu tanta sidra que passou da conta. Logo depois da contagem regressiva quis mostrar a calcinha amarela para o vizinho candidato a vereador. Levou um tabefe do marido e foi chorar no quarto. A salada de maionese azedou, mas o salpicão de frango estava uma delícia.
João Figuer é ator e escritor.
Lançou em 2011 o livro "De amor, desamor e uma pitada de sal". Scortecci Editora, SP.
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