quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

MARIA-ANTONIETA E OS DEGOLADOS


O Brasil ocupa de novo as primeiras páginas do noticiário internacional. Não é por causa do atraso dos estádios e aeroportos para a famigerada Copa do Mundo. Não é por causa dos médicos cubanos que não recebem seu salário integral. Não é por causa das filas nos hospitais nem das filas para inscrever os filhos da escola. Não.

O que escandaliza o mundo inteiro é a vergonhosa, desumana, inadmissível omissão dos poderes públicos, tanto federais como estaduais e municipais, quanto a condição carcerária. Não somente no Maranhão, mas no Brasil inteiro.
Construir prisões não dá Ibop, não compra votos. Muito mais interessante é pagar 40 milhões de reais para um escritório de engenheiros calcular uma mítica ponte, cavar um absurdo canal que irá desviar águas cada ano mais ralas ou comprar aviões supersônicos para combater invisíveis inimigos. Calcula-se que existe uma carência de 240 mil leitos para os encarcerados. Por outro lado, milhares já cumpriram o tempo de castigo, mas continuam mofando na podridão física e moral dos cárceres, conseqüência da burrocracia e lentidão dos labirintos judiciais.

Há muito tempo que venho denunciando esta atitude criminosa do Estado (*).  No inicio do governo Wagner a Dra Marília Muricy chegou a me emocionar pelas suas declarações ao jornal a Tarde sobre a situação carcerária. Ficou poucos meses com a pasta.

A terrível chacina, entre os próprios presos, que vem se arrastando há mais de um ano na penitenciaria das Pedrinhas em São Luis do Maranhão, não é mais que o resultado desta omissão. 59 homens – alguns degolados - e uma criança em doze meses. Quase cinco por mês!
Um rosário de questionamentos impõe-se ao observador. Afinal para que serve um ministro da Justiça senão cuidar da Justiça? É justo manter uma população carcerária de meio-milhão de seres humanos em pocilgas imundas onde a única lei é a do mais forte?
O que podemos esperar destes homens e mulheres quando, finalmente, retornarão a sociedade? Alguém pensa que vão poder integrar-se naturalmente, se continuam no ostracismo, analfabetos com freqüência e geralmente sem nenhum aprendizado profissionalizante, nem dinheiro para enfrentar os primeiros dias de “liberdade”?

É preciso que a ONU manifeste um compreensível descontentamento para que, de repente, a presidentA e seu play-boy José Cardoso se lembrem que, talvez, tenha chegado o momento de começar a agir.

Entretanto a Roseana Sarney - numa nova versão da desmiolada rainha Maria-Antonieta -  continua totalmente alheia ao drama que invadiu seu estado. As cozinhas de seu palácio e casa de veraneio estão unicamente preocupadas em aprovisionar as geladeiras em lagostas (80 quilos), variedades de camarões (duas toneladas e meia), oito sabores de sorvetes (uma tonelada) patinhas de caranguejos, filé de pescada amarela, salmão fresco e defumado, filé mignon limpo, galinhas, bacalhau do Porto.                           Para tanto está reservado uma verba anual de R$1,1mi. E isso não inclui as bebidas!   O que significa que esta senhora devora mais de 3 mil reais por dia em duas refeições.
Ah! Que saudade da guilhotina!

Em Junho de 2012 escrevi para o jornal A tarde este artigo:

somos todos culpados


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