O Brasil ocupa
de novo as primeiras páginas do noticiário internacional. Não é por causa do
atraso dos estádios e aeroportos para a famigerada Copa do Mundo. Não é por
causa dos médicos cubanos que não recebem seu salário integral. Não é por causa
das filas nos hospitais nem das filas para inscrever os filhos da escola. Não.
O que
escandaliza o mundo inteiro é a vergonhosa, desumana, inadmissível omissão dos poderes
públicos, tanto federais como estaduais e municipais, quanto a condição carcerária.
Não somente no Maranhão, mas no Brasil inteiro.
Construir
prisões não dá Ibop, não compra votos. Muito mais interessante é pagar 40 milhões de reais para um escritório de engenheiros calcular uma mítica ponte, cavar um absurdo
canal que irá desviar águas cada ano mais ralas ou comprar aviões supersônicos
para combater invisíveis inimigos. Calcula-se que existe uma carência de 240
mil leitos para os encarcerados. Por outro lado, milhares já cumpriram o tempo
de castigo, mas continuam mofando na podridão física e moral dos cárceres, conseqüência
da burrocracia e lentidão dos labirintos judiciais.
Há muito
tempo que venho denunciando esta atitude criminosa do Estado (*). No inicio do governo Wagner a Dra Marília
Muricy chegou a me emocionar pelas suas declarações ao jornal a Tarde sobre a
situação carcerária. Ficou poucos meses com a pasta.
A terrível
chacina, entre os próprios presos, que vem se arrastando há mais de um ano na
penitenciaria das Pedrinhas em São Luis do Maranhão, não é mais que o resultado
desta omissão. 59 homens – alguns degolados - e uma criança em doze meses. Quase cinco por mês!
Um rosário de questionamentos impõe-se ao observador. Afinal para que serve um ministro da Justiça senão cuidar da Justiça? É justo manter uma população carcerária de meio-milhão de seres humanos em pocilgas imundas onde a única lei é a do mais forte?
Um rosário de questionamentos impõe-se ao observador. Afinal para que serve um ministro da Justiça senão cuidar da Justiça? É justo manter uma população carcerária de meio-milhão de seres humanos em pocilgas imundas onde a única lei é a do mais forte?
O que
podemos esperar destes homens e mulheres quando, finalmente, retornarão a
sociedade? Alguém pensa que vão poder integrar-se naturalmente, se continuam no
ostracismo, analfabetos com freqüência e geralmente sem nenhum aprendizado
profissionalizante, nem dinheiro para enfrentar os primeiros dias de “liberdade”?
É preciso
que a ONU manifeste um compreensível descontentamento para que, de repente, a
presidentA e seu play-boy José Cardoso se lembrem que, talvez, tenha chegado o
momento de começar a agir.
Entretanto a
Roseana Sarney - numa nova versão da desmiolada rainha Maria-Antonieta - continua totalmente alheia ao drama que invadiu
seu estado. As cozinhas de seu palácio e casa de veraneio estão unicamente preocupadas
em aprovisionar as geladeiras em lagostas (80 quilos), variedades de camarões
(duas toneladas e meia), oito sabores de sorvetes (uma tonelada) patinhas de
caranguejos, filé de pescada amarela, salmão fresco e defumado, filé mignon
limpo, galinhas, bacalhau do Porto. Para tanto está reservado uma verba anual
de R$1,1mi. E isso não inclui as bebidas! O que significa que esta senhora
devora mais de 3 mil reais por dia em duas refeições.
Ah! Que
saudade da guilhotina!
Em Junho de 2012 escrevi para o jornal A tarde este artigo:
somos todos culpados
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