No penúltimo dia do ano, dirigi-me à Base Aérea de Salvador para solicitar acesso aos documentos relativos à atividade da base durante a Segunda Guerra Mundial; escrevo um livro sobre o tema.
Fora munido de ofício, currículo, trecho já escrito da obra, exemplar de meu último livro publicado; com isso, esperava vencer a barreira burocrática que supunha encontrar.
Mas o oficial responsável pela Comunicação Social conduziu-me imediatamente à sala do comandante, que, para minha surpresa, recebeu-me com “requinte de fidalquia”. Sorriu “civilmente”, serviu-me cafezinho e água mineral, e, embora tivesse compulsado com interesse a documentação apresentada, disse-me pessoal e informalmente que os arquivos me estavam totalmente franqueados; instruiu o oficial da comunicação social quanto à operacionalização de meu acesso.
- Bem-vindo a bordo!
Diante de tal cordialidade, achei que bem poderia abordar a questão da recente aquisição dos caças suecos. O comandante pareceu satisfeito com meu interesse pelo tema; um civil e escritor... Confirmou que o parecer técnico da FAB elegera os aviões da SAAB, mas revelou-me – captação de benevolência? – que, pessoalmente, o comandante da Aeronáutica preferia os caças norte-americanos F-18.
Mas, logo, como a se desculpar pela suposta indiscrição, acrescentou:
- Os comandantes passam e a instituição fica; prevaleceu o interesse institucional.
Despedimo-nos.
Ao deixar à base, fui ao banheiro coletivo que ficava no corredor.
Antes de adentrar o mictório, porém, tive que decidir sobre qual caminho seguir; havia duas possibilidades: “Oficiais e Civis Assemelhados” e “Graduados/Praças e Civis Assemelhados”.
Decidi-me pela segunda opção. Além de corresponder à patente mais baixa – nada estaria arvorando –, raciocinei que sou “graduado” por uma escola de nível superior no Brasil, argumento que poderia apresentar a meu favor, caso minha opção fosse questionada.
Nunca pensei que o ato miccional pudesse ser regulado hierarquicamente!
Marcos A. P. Ribeiro
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