Sua pele ostentava a clássica mistura nordestina de negro, branco e índio. Baixinho, franzinho, olhar inquieto e voz mansa, Josaphat Honorato de Santa Cecília escolhera o curioso apelido de Faróleo para assinar uma obra pictórica ímpar, muito além da precipitada definição de primitivo ou naïf, mais perto de um construtivismo figurativo, a la Djanira.
De origem humilde, alistou-se na Marinha aos 18 anos. Pegou pela primeira vez num pincel para pintar uma lata de lixo. Como estalou a paixão da arte após tão primário começo? Mistério. Deixando a farda, resolveu ficar no Rio de Janeiro. Ivan Serpa, respeitado pintor e gravador, também professor de grande sensibilidade, reconhecendo de imediato as possibilidades do jovem, convidou-o para estudar no seu atelier. Mas, apesar de freqüentar meios artísticos, Faróleo não deixava de sentir falta de seu Nordeste.
Veio a Salvador onde o encontrei em 1975 vendendo suas obras no Terreiro de Jesus. Lá acontecia uma espontânea feira das pulgas (ou da ladra, como o leitor quiser). Passeio favorito aos domingos, muitas coisas interessantes adquiri naquele belo largo. Desde antigos azulejos até trabalhos populares de forte expressividade. A feira seria rapidamente proibida pela prefeitura.
Nos seus quadros de composição rigorosa – com ocasional tendência à simetria - economia de anedota, controle absoluto da cor, pincelada cuidadosa, limpa, Faróleo falava de seu povoado natal, sua infância, as lavouras, o gado, a cana de açúcar, a estiagem e a fartura após a chuva.
Obra singela, de densa força espiritual, fora dos caminhos por outros traçados. De minha Galeria da Sereia, muitos foram os admiradores que levaram suas obras para Paris, Nova-Iorque, Zurich, Saint-Tropez ou Moscou.
Nosso amistoso relacionamento profissional durou doze anos.
Obra singela, de densa força espiritual, fora dos caminhos por outros traçados. De minha Galeria da Sereia, muitos foram os admiradores que levaram suas obras para Paris, Nova-Iorque, Zurich, Saint-Tropez ou Moscou.
Nosso amistoso relacionamento profissional durou doze anos.
Morreu de câncer, solitário, numa estreita cama de hospital em Aracaju, dias depois de visitá-lo. Ainda possuo mais de quarenta telas, várias de grande tamanho, na esperança de fazer uma exposição que tire tão significativo artista sergipano de injusto esquecimento.
achei hoje esse blog e fico muito feliz por esta enaltecendo o trabalho do meu pai! me chamo Silvia patrícia
ResponderExcluirSilvia, tenho interesse em adquirir obras do Faroleo. Caso possa me ajudar, entre em contato (anageorgia@gmail.com)
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