Dois de Julho via Piedade
Piedade. Piedade, Senhor, eles não sabem o que fazem. Muito menos eu. Pecador em aflição, fito a cúpula da Matriz: Bendito São Pedro, padroeiro dos pescadores, que diabo estou fazendo no meio dessa praça cheia de iconoclastas, ratos, pardais, mendigos e capim?
Desapiedado de mim, giro 360 graus.Toca o sino. Seis da tarde. Giro de novo. Faço o Sinal da Cruz, prossigo:
Piedade, Senhor, Piedade, a praça no coração da cidade do Salvador, terra de Todos os Santos, aquela cujo ex-prefeito Antonio Imbassahy da Silva, eleito e reeleito no primeiro turno e o melhor prefeito do Brasil em todas as pesquisas, reformou com zelo e simplicidade, trazendo de volta, para o prazer dos aposentados e alegria das crianças, as flores, as crisálidas e os casais de passarinhos, hoje é a metáfora da coligação que elegeu João Henrique, aliança que, nesse instante, nega a união com o pior prefeito do Brasil, segundo as últimas pesquisas.
Sem vocação para Judas, minha Virgem de Fátima, e como não bastasse ter maltratado lagartixas na infância e acreditado na extrema-direita do Caribe na juventude, confesso que pequei de novo: votei em João Henrique no segundo turno da última eleição. Talvez ainda me reste o purgatório...
Poesia barata, alegria das traças, antes que eu vá para o Largo Dois de Julho curtir a honestidade cultural, - acredite, ela ainda floreia por aqui, apesar do deserto causado pela Praga do Prefácio -, a honestidade cultural de um Henrique Wagner, Galindo Luma ou Carlos Verçosa, tiro um retrato 3x4 como recordação da minha via-crúcis nessa sucursal do Vale do Deserto Abominável !
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