No Porto da Barra, o rapaz, com quase trinta anos, moreno, musculoso, cabelos encaracolados, óculos fashion, sunga branca, contava sua viagem à Índia e ao Nepal ao amigo mais jovem, também moreno, compleição atarracada, barbicha rala:
- Churrascaria, nem pensar! As vacas são sagradas, mas eles tratam mal, empurram, dão porrada! O máximo que consegui foi comer queijo.
Tava louco por pizza de mussarela!
- Uma sujeira da porra! Um fedor da porra! Gente cagando na rua, na beira da estrada. Trânsito muito louco. Eles buzinam pra caralho! O tempo todo!
- Viajei por uma estrada perigosa na montanha; de madrugada, cara! O motorista muito louco! Pensei: vou morrer aqui nessa merda! Frio da porra! Fedor da porra dentro do ônibus! Lotado de gente. Tava sentado atrás e enfiei o dedo na belga!
- Fui pra boate toda noite, mas só fiquei com estrangeira. Indiana num tá com nada! Conheci uma australiana no trem, fomos trepar no banheiro da pousada, mas ela se apoiou no box e o vidro quebrou, cortou meu braço; dor da porra!
- E aí? – perguntou o amigo.
- Não empatou a foda!
O viajante tocou o próprio sexo por sobre o calção e o balançou levemente.
O amigo riu.
- Fui da boate direto para o aeroporto, quase perco o vôo. Sentei na cadeira, o avião decolou, a aeromoça trouxe a comida... e eu apaguei, dormi, cara! Quando acordei, o sacana do vizinho tinha bebido minha coca-cola! Porra!
- Viagem da porra, cara!
- Da porra!
- Tchau, cara!
- Tchau, cara!
- Tchau, até a próxima!
Os brasileiros estão conquistando o mundo.
Marcos A. P. Ribeiro
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