Nada nos faz acreditar que outras trapaças não tenham acontecido, neste Prêmio Jabuti, como em alguns outros prêmios editoriais. Para tanto, basta usufruir de padrinho poderoso. Claro que não estou pensando em ninguem especial...
http://www.correiodopovo.com.br/Opiniao/?Blog=Juremir+Machado+da+Silva
Brasil, Brasil, Brasil!
Terra de trapaças e outros ardis.
Terra de Chico Buarque e outros fuzis.
Terra de Casa Grande & Senzala.
Chico Buarque ficou em segundo lugar na classificação do prêmio Jabuti.
A comissão de jurados colocou seu "Leite derramado" na segunda posição.
A diretoria da Câmara Brasileira do Livro (CBL), dona do Cágado, quer dizer, do Jabuti, resolveu inverter as posições.
Afinal, como dizem as tietes, Chico é Chico. Ai...
Chico virou primeiro.
O primeiro virou segundo.
Segundo, no Brasil, não existe.
Assim se fazem as reputações.
Assim se fazem os generais.
Assim se fazem os nomes de ruas.
Chico nem corou.
Desta vez, foi buscar o prêmio.
Sérgio Machado, dono do poderoso Grupo Editorial Record, botou a boca no trombone.
Chutou o balde.
Tirou suas editoras do prêmio.
Mandou uma carta para a CBL e para os jornais.
Diz assim:
"O Grupo Editorial Record – composto pelas editoras Record, Bertrand, Civilização Brasileira, José Olympio, Best Seller e Verus – decidiu que não participará da próxima edição do Prêmio Jabuti para claramente manifestar sua discordância com os critérios de atribuição do Livro do Ano de ficção e não-ficção. Tais critérios não só permitem como têm sistematicamente conduzido à premiação de obras que não foram agraciadas em seleções prévias do próprio prêmio como as melhores em suas categorias.
Como editores preocupados com a Cultura e a ampliação da leitura no Brasil, nós entendemos que um prêmio literário visa a estimular a criação literária reconhecendo-a pelo critério exclusivo da qualidade. Não aceitamos – principalmente em um país como o nosso, onde quase sempre o mérito é posto em segundo plano – que o principal prêmio literário atribuído pelo setor editorial possa ser conferido a um livro que não esteja entre aqueles considerados os melhores em seus respectivos gêneros.
Infelizmente, a edição de 2010 do Jabuti não foi a primeira em que essa situação esdrúxula ocorreu. Em outra oportunidade, o mesmo agraciado deste ano preferiu não comparecer à entrega do prêmio, talvez por não se considerar merecedor da distinção. Grande constrangimento na cerimônia. Em 2008, a situação se repetiu, com o agravante de o então vencedor da categoria Melhor Romance do Jabuti ter conquistado também todos os outros prêmios literários conferidos no Brasil. O episódio causou tal estranheza e mal-estar que foi grande a repercussão na imprensa. Na época, passamos a acreditar que seriam feitos os necessários ajustes na premiação para que esses equívocos parassem de ocorrer.
Vimos, porém, que os critérios equivocados continuaram em vigor em 2010, com a diferença somente de o autor agraciado desta vez aceitar a láurea. Tomamos então a decisão de não mais compactuar com a comédia de erros. As normas do Jabuti desvirtuam o objetivo de qualquer prêmio, pondo em desigualdade os escritores que não sejam personagens mediáticos. Para não mencionar fato ainda mais grave: quando é evidente que a premiação foi pautada por critérios políticos, sejam da grande política nacional, sejam da pequena política do setor livreiro-editorial. Como a inscrição das obras concorrentes ao Jabuti é um ato voluntário de cada Editora participante, e feito de forma onerosa, optamos não mais participar da premiação, até que as medidas necessárias para a correção de seu rumo sejam adotadas".
Aos seus autores, Sérgio Machado disse por e-mail:
"O Grupo Editorial Record decidiu que não mais participará do Prêmio Jabuti até que as regras e critérios de escolha do Livro do Ano sejam modificadas. Como editor responsável e orgulhoso de ter em catálogo o melhor da literatura nacional, não posso admitir que nossos autores sejam submetidos a recorrentes situações de constrangimento e injustiça. Enviei , hoje, à Câmara Brasileira do Livro e à Comissão do Prêmio Jabuti a carta comunicando esta decisão. Deixo claro que a posição da editora não impede que cada autor se inscreva individualmente no prêmio, o que é perfeitamente possível e legítimo. Só não queremos participar institucionalmente de um processo equivocado que dá margem a distorções vergonhosas".
Não vi publicada a carta de Sérgio Machado em nenhum jornalão brasileiro.
Olhem que é do presidente de um poderoso grupo editorial.
Mas Chico é Chico.
Nem que seja na trapaça!
Que fazer depois do leite derramado?
Chorar as pitangas?
Assim vai a literatura brasileira: a passos de cágado!
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