Atualizado em 25/11/2010 – 14h29
O “Jornal da Globo” fechou com chave de ouro o dia de uma emissora empenhada em assustar e desinformar o público, enquanto outras emissoras e rádios acompanharam a tática do pânico. A velha técnica do “Mantenham a calma” seguido de imagens impactantes da violência no Rio de Janeiro é a melhor forma, do ponto de vista da cultura do medo que tenta se impor, de pôr em ação esse objetivo. É como você dizer “Fique à vontade” quando recebe alguém pouco conhecido em sua casa, provocando o efeito contrário. Neste caso é bem pior: trata-se do imaginário social de um conjunto de milhões de brasileiros que está em jogo. E neste caso há consequências políticas.
Não há dúvidas de que (1) o índice de criminalidade no Rio é muito alto, inaceitável, e que (2) a lógica que rege o projeto da polícia comunitária, que esse governo chama da “UPP” e que outros governos já tentaram com outros nomes, é um bom caminho, desde que proponha de fato a participação da comunidade no processo decisório e que seja mais amplo. Atualmente é um conjunto de projetos-piloto.
No entanto, estratégias diversas estão em jogo. A saber:
A. O Governo do Estado, principalmente por meio do governador Sergio Cabral, tenta capitalizar a crise politicamente. Aparece como o “líder destemido” que as pessoas assustadas das classes A e B exigem nessa hora. Ao mesmo tempo, desvia a atenção da plena incompetência do governo nas áreas de educação e saúde – incluindo a recente busca e apreensão na casa de Cesar Romero, o ex-subsecretário-executivo de Saúde, primo da mulher do secretário Sérgio Côrtes e braço direito dele na secretaria. A acusação: fraude em licitação ao contratar manutenção de ambulâncias superfaturada em mais de 1.000%;
B. Setores mais violentos da Polícia Militar – a banda podre que não quer saber de papo de UPP – ganham carta branca, por conta do clima de medo, para fazer suas velhas e conhecidas “incursões” nas favelas, a política burra do confronto com o “crime organizado”, vitimando cidadãos inocentes e realizando execuções sumárias de suspeitos. O Secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, chama isso de “efeito colateral”, enquanto jornalistas passam uma coletiva de imprensa inteira perguntando apenas por “números” e trajetos da PM e do BOPE;
C. Os principais chefes da Polícia Militar do Rio de Janeiro e a Secretaria de Segurança Pública vendem a tese deplorável de que os atentados são uma “reação às políticas das UPPs”, e a velha mídia simplesmente engole. O curioso é que as UPPs estão presentes em 13 favelas, de um universo de 1.000 existentes no Rio e região metropolitana. Imagina quando chegarem a 20, 30! Melhor mudar para Miami de uma vez;
D. A mídia cria uma dinâmica do medo a partir de absurdos sociológicos, como afirmar que o “crime organizado” atual surgiu do encontro entre presos comuns e presos políticos nos anos 70 (tentando vincular militantes de esquerda a traficantes de drogas); separar a cidade em esquemas tipos “eles-nós”, como fez Arnaldo Jabor, ao afirmar que “é preciso apoio da população, principalmente da Zona Sul, pois a periferia já mora dentro da violência” (JG, 24/11/2010) e até mesmo mentir descaradamente, afirmando por exemplo que os “índices de criminalidade estão estagnados no Rio” (editorial de William Waack), o que é mentira, conforme atesta até mesmo um dos maiores críticos do Governo do Estado, o sociólogo Ignácio Cano. Pouco importa para o jornalismo desonesto: o que está em questão é reafirmar o discurso vazio do “A que ponto chegamos!” e o elogio ao “endurecimento” das leis e das ações vingativas, como forma de alívio do medo criado. Não adianta nada, conforme apontou este seminário (em especial a fala do Coordenador do Núcleo de Presos da Polinter no Estado do Rio de Janeiro, o delegado da Polícia Civil, Orlando Zaccone).
Os interesses, portanto, são complexos tal como os nossos problemas. A Zona Sul (parte dela, aquela à qual o Jabor se refere e da qual faz parte) está tão assustada que não consegue raciocinar. Milhares de pessoas são executadas todo ano no Rio de Janeiro, dados absolutamente grotescos. A cobertura é a mesma? Não. “As pessoas lidam com insegurança no Rio de forma cíclica e dramática. Para conviver com o alto nível de violência na cidade, tratam como se ela não existisse. Mas, então, surge um evento de grande repercussão e vira uma pauta central na cidade, todos discutem, é uma grande catarse”, aponta Ignácio Cano. “Sensação de segurança pública é muito diferente da efetiva segurança”, completa o deputado Marcelo Freixo.
Se fosse de fato uma preocupação, pararia para ler o relatório da CPI das Milícias, concluído no dia 10 de dezembro de 2008. Contém o mapa das milícias, seu funcionamento, seus braços econômicos, a relação do braço político com o braço econômico e o domínio de território. Enquanto as Nações Unidas calculam que o narcotráfico rende 200 mil dólares por minuto, só no domínio das vans no Rio de Janeiro, uma das milícias faturava 170 mil reais por dia. Este é apenas um exemplo.
Crime organizado, portanto, é isso: um negócio bem organizado. O que torna o crime “organizado” é sua capacidade de se organizar, e não de reagir violentamente. “Em qualquer lugar do mundo, o crime organizado está sempre dentro do Estado, e não fora”, aponta o deputado Marcelo Freixo, que relata sua dificuldade quando tentou instituir a referida CPI neste depoimento.
O pior é que o número de milícias é, hoje, maior do que em 2008. “O número de territórios dominados por milícias hoje é maior do que o número de territórios dominados pelo varejo da droga”, comenta Freixo. “Eu estranho o silêncio desse governo em relação às milícias, dizendo que o Rio está pacificado, diante do crescimento das milícias”.
E o poder público tampouco ajuda. O relatório foi entregue pelos membros da CPI nas mãos do prefeito Eduardo Paes. Solicitaram, por exemplo, que a licitação das vans fosse feita individualmente e não por cooperativas. “O prefeito acaba de fazer licitação por cooperativas e não individualmente”, denunciou Freixo.
Outro fator que aponta o descaso do poder público é o descaso com os serviços sociais que deveriam acompanhar o processo de “pacificação”. “Eu estive no Chapéu Mangueira e na Babilônia. Além da polícia, não há lá qualquer braço do Estado. A creche mal funciona, com o salário atrasado das professoras, o que a Prefeitura não assume. O posto de saúde não tem nenhum médico, nenhum dentista da rede pública do Estado. É mais uma vez a lógica exclusiva da polícia nas favelas – e somente a polícia”, afirmou. O projeto das UPPs está traçando um caminho bem delimitado: setor hoteleiro da Zona Sul, entorno do Maracanã, Zona Portuária e a Cidade de Deus, “única área dominada pelo tráfico em toda Jacarepaguá, que tem o domínio hegemônico das milícias”.
Danem-se as demais regiões que, como ressaltou Jabor, “já moram dentro da violência”.
Uma questão social, de classe
Para quem ainda acha que as questões de classe acabaram, basta comparar a forma como os diversos crimes em nossa sociedade são enfrentados. Para combater crimes financeiros (quando se combate), ninguém entra em agências bancárias rendendo as pessoas e atirando. Nas favelas, áreas com assentamentos humanos extremamente degradados, é diferente.
Um dos “efeitos colaterais”, na expressão de Beltrame, é a estudante Rosângela Alves, de 14 anos. Seu pai Roberto Alves, ironizou a presença dos policiais militares na unidade de saúde com aplausos: “Parabéns a vocês. Parabéns, Beltrame, parabéns, Cabral. Olha o que vocês conseguiram com isso! Matar uma menina que estava em casa! Sabe o que vocês conseguem com essas operações: matar pobres”. Sem conseguir sair de casa por causa do intenso tiroteio, a mãe da menina, Thereza Cristina Barbosa, acusou em relato ao jornal O Dia a polícia de ter disparado o tiro que matou sua filha. “O tiro que atingiu minha casa partiu de baixo para cima. Minha filha está morta, e eu sequer consigo velar o corpo dela”, lamentou ela, por telefone. (Leia aqui e aqui)
Como já apontei, o narcotráfico é um negócio como qualquer outro. E rende bastante: dados conservadores das Nações Unidas estimam que o rendimento líquido é de US$ 400 bilhões ano. Um “freela” para se queimar um carro custa entre R$ 200 e R$ 400. “Falo em ‘varejo de drogas’ na favela, e não de traficantes”, reafirma Freixo, apontando que a ponta do sistema – o 1% que está na favela – não tem projeto de poder e qualquer noção de organização criminal, como apontei. “Nunca participaram de juventude católica, de grêmio estudantil, nunca tiveram qualquer noção de coletividade. Sabe quantas escolas públicas existem no Complexo do Alemão? Duas”.
Conforme afirmou até mesmo um capitão e um dos fundadores do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) – um grupo de policiais fascistas que acreditam que executar sumariamente é uma prática normal, conforme não escondem mesmo em declarações públicas – em uma entrevista hoje (25/11) pela manhã na TV Record: “Os Batalhões da PM não possuem estrutura mínima de inteligência para operar”.
O deputado Marcelo Freixo deu uma entrevista nesta quinta-feira (25/11) na GloboNews afirmando o óbvio: o número de pessoas portando fuzis não chega a 1% dos moradores. Ele costuma ironizar: “Eu gostaria que no parlamento fosse a mesma coisa: menos de 1% envolvido com o crime. Infelizmente não é assim, mas na favela é”. A polícia tem que agir com responsabilidade diante destes cidadãos. Enquanto isso telespectadores igualmente fascistas comentam pela internet: “Tem que entrar mesmo e enfrentá-los”. De quem estamos falando?
Freixo, focado na solução do problema, lembra: “Armas não são produzidas nas favelas. Eles vieram de algum lugar. Quantas ações policiais foram feitas na Baía de Guanabara? Quantas foram realizadas no Porto? Eu não me lembro de nenhuma”. É uma constatação que deixa todos os “notáveis” comentadores políticos envergonhados, pois só sabem falar abobrinhas sobre a “coragem” dos policiais em “enfrentar” o crime organizado. Estão focados na política burra do confronto.
Freixo lembrou ainda, na entrevista de hoje, que essas áreas pertencem ao tráfico de drogas. A área das milícias, conforme descrito anteriormente neste artigo, não foram tocadas – e tão somente por isso não estão reagindo. “Vamos lembrar que esses eventos já aconteceram próximo ao réveillon de 2006. O problema não é esse. A questão é que o setor de inteligência no Rio de Janeiro é muito falho. Para constatar isso basta visitar a DRACO [Delegacia de Repressão ao Crime Organizado da Polícia Civil do Rio de Janeiro]”, concluiu Freixo.
Agora, muito pertinentemente alguém poderia se perguntar: e os movimentos sociais nisso tudo? Eles não possuem meios para se comunicar, portanto não fazem parte do cenário político. É tão simples quanto é trágico.
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(*) Gustavo Barreto, jornalista. Contato pelo @gustavobarreto_. Atualizado em 25/11/2010 – 14h29
terça-feira, 30 de novembro de 2010
A Casa das Muitas Mortes
Durante quase quinze anos morei numa agradável cobertura da Rua do Passo. Pouco tempo depois de me mudar para o Boqueirão, o Ipac convencia os donos do imóvel a confiar-lhe a restauração. Mais de vinte anos se passaram. Hoje o 28 é uma triste ruína. Poucos metros abaixo, conheci a Casa das Sete Mortes com vida “napolitana”. Todas as salas, todos os quartos eram habitados. Por gente modesta, mas habitados. Com freqüência levava amigos visitantes para admirar “o edifício de notável mérito arquitetônico” conforme definição do Inventário do mesmo Ipac. Veio o tsunami da renovação do centro histórico, anos 90, e com ele o casarão foi prontamente desocupado. Entraria então em lenta decadência sob a silenciosa omissão dos donos, os Órfãos de São Joaquim. Durante estes anos, o meio-portão de ferro trabalhado da entrada foi roubado. Grande parte dos azulejos do século XVII foi arrancada, assim como muitos da fachada, com total conhecimento e incúria do Ipac. Roubadas também as belas portas do oratório embutido na parede do salão nobre. Nem o banheiro seria poupado. Decorado com farto embrechamento de conchas, fora impiedosamente quebrado. Por várias vezes reclamei. Em vão. A indiferença dos órgãos “competentes” provou que, mais uma vez, a arrogante burocracia tem nos três macacos seu símbolo mor.
Dia desses, passando pela porta aberta, resolvi entrar. Ninguém na portaria, ninguém nas salas do térreo, a não ser uma possível reunião de trabalho numa sala perto da antiga cozinha. Subi pela ampla escada sem ser incomodado, visitei cada sala, constatando a intenção de se transformar a casa em escola ou centro de reuniões. Tudo restaurado com charme discretíssimo de repartição pública, incluindo uma agressiva e horrenda rampa para deficientes e a complementação dos azulejos da fachada com outros, de cor incompreensivelmente diferenciada. Efeito confuso e deprimente de mau acabamento. Do constrangedor jardim, nem falarei. Desde aquele dia, a Casa das Sete Mortes continua fechada. Terá o mesmo destino que o cinema Excelsior?
Salvador, 27 de novembro de 2010
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
A guerra termina em samba
Inevitável. A cobertura da invasão do conjunto de favelas no Rio de Janeiro onde supostamente se escondiam os chefões do tráfico se transformou em uma guerra particular da imprensa contra os fatos.
O anunciado confronto não aconteceu. Assustados com o aparado de guerra montado pelo governo, os criminosos fugiram para o labirinto chamado de Complexo do Alemão e acabaram se entregando ou fugiram, após uma reunião com ativistas de uma organização não governamental especializada em negociação.
As revistas semanais de informação ficaram no meio do caminho. Na sexta-feira, quando suas edições saíam às ruas, as tropas oficiais ainda se posicionavam para cercar as centenas de bandidos que haviam fugido do ataque à favela de Vila Cruzeiro. O tom das reportagens ainda apostava na possibilidade de uma batalha sangrenta, embora as autoridades tivessem dado claros sinais de que estavam dispostas e sitiar o local por
muito tempo, para evitar o derramamento de sangue e a morte de civis inocentes.
Epílogo frustrante
A revista Veja enxergou "tintas de Armagedon" naquilo que chamou de "batalha do bem contra o mal". Mas o apocalipse simplesmente não aconteceu e o poderoso negócio do narcotráfico perdeu apenas uma batalha.
Os repórteres reproduziam a expectativa de militares e agentes policiais, muitos dos quais ansiavam pela oportunidade de produzir um "extermínio" de traficantes. Calculava-se em mais de 1.500 os criminosos escondidos no Complexo do Alemão, muitos deles equipados com armas poderosas. Mas as autoridades, que têm a responsabilidade política pela ação policial estavam preocupadas em evitar derramamento de sangue e reduzir o risco de morte de civis inocentes.
A imprensa amanheceu na segunda-feira (29/11) celebrando uma vitória que ainda não houve. Foram apenas vinte os presos, a maioria jovens encarregados de funções menos importantes nas organizações criminosas. Nenhum sinal dos chamados chefões e, mesmo estes, são, quando muito, apenas gerentes de pontos de venda de droga.
As toneladas de maconha apreendidas fazem parte da encenação de um epílogo frustrante. Mas o noticiário dá a impressão de que tudo está resolvido.
Apenas figurantes
O tom da imprensa é triunfal. O Globo esquece o manual de redação e sai com cara de panfleto. "A senhora liberdade abre as asas sobre nós", diz a manchete do caderno especial sobre a operação de guerra, usando versos do samba de Nei Lopes e Wilson Moreira que já havia embalado o movimento pela volta das eleições diretas há vinte anos.
O jornal carioca chama de "libertação histórica" a fuga dos criminosos que havia décadas dominavam aquelas comunidades. Mas aquilo que foi descrito como uma vitória fulminante do Estado contra o governo paralelo do crime ainda não oferece garantias de que o problema está solucionado.
Na manhã de segunda-feira (29), o noticiário online dava informações sobre planos de ocupação também das favelas da Rocinha e do Vidigal, duas imensas áreas, na zona Sul do Rio, onde os traficantes ainda agiam à vontade no fim de semana. Ali a polícia vai enfrentar mais do que criminosos armados. Vai combater também a associação do narcotráfico com clientes influentes, entre os quais certamente há jornalistas e outras celebridades.
Diferentemente do que diz a imprensa, não se trata de uma operação para aniquilar o narcotráfico. Trata-se de uma guerra para a retomada de territórios e, assim, assegurar o bom andamento dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014. O que não é pouco.
Os benefícios para os moradores das comunidades pobres dominadas por bandos de criminosos são inegáveis, mas é preciso observar que a questão do tráfico de drogas é muito mais complexa. Ao se concentrar na cobertura do ambiente de guerra, a imprensa deixa de lado o ambiente de negócios da droga, por exemplo.
Apenas vinte presos, e entre eles nenhum personagem importante, é um balanço pífio demais para tanto aparato militar. Os jornais deveriam estar questionando onde foram parar os chefões que supostamente se escondiam no Complexo do Alemão.
Mais do que isso, já é mais do que tempo de a imprensa investigar onde estão os acionistas do tráfico, os financiadores que não aparecem no noticiário policial.
"O Rio mostrou que é possível", diz a mancherte principal do Globo. Os fatos ainda precisam demonstrar que o Rio quer realmente acabar com o narcotráfico.
Por Luciano Martins Costa em 29/11/2010
Comentário para o programa radiofônico do OI, 29/11/2010
O anunciado confronto não aconteceu. Assustados com o aparado de guerra montado pelo governo, os criminosos fugiram para o labirinto chamado de Complexo do Alemão e acabaram se entregando ou fugiram, após uma reunião com ativistas de uma organização não governamental especializada em negociação.
As revistas semanais de informação ficaram no meio do caminho. Na sexta-feira, quando suas edições saíam às ruas, as tropas oficiais ainda se posicionavam para cercar as centenas de bandidos que haviam fugido do ataque à favela de Vila Cruzeiro. O tom das reportagens ainda apostava na possibilidade de uma batalha sangrenta, embora as autoridades tivessem dado claros sinais de que estavam dispostas e sitiar o local por
muito tempo, para evitar o derramamento de sangue e a morte de civis inocentes.
Epílogo frustrante
A revista Veja enxergou "tintas de Armagedon" naquilo que chamou de "batalha do bem contra o mal". Mas o apocalipse simplesmente não aconteceu e o poderoso negócio do narcotráfico perdeu apenas uma batalha.
Os repórteres reproduziam a expectativa de militares e agentes policiais, muitos dos quais ansiavam pela oportunidade de produzir um "extermínio" de traficantes. Calculava-se em mais de 1.500 os criminosos escondidos no Complexo do Alemão, muitos deles equipados com armas poderosas. Mas as autoridades, que têm a responsabilidade política pela ação policial estavam preocupadas em evitar derramamento de sangue e reduzir o risco de morte de civis inocentes.
A imprensa amanheceu na segunda-feira (29/11) celebrando uma vitória que ainda não houve. Foram apenas vinte os presos, a maioria jovens encarregados de funções menos importantes nas organizações criminosas. Nenhum sinal dos chamados chefões e, mesmo estes, são, quando muito, apenas gerentes de pontos de venda de droga.
As toneladas de maconha apreendidas fazem parte da encenação de um epílogo frustrante. Mas o noticiário dá a impressão de que tudo está resolvido.
Apenas figurantes
O tom da imprensa é triunfal. O Globo esquece o manual de redação e sai com cara de panfleto. "A senhora liberdade abre as asas sobre nós", diz a manchete do caderno especial sobre a operação de guerra, usando versos do samba de Nei Lopes e Wilson Moreira que já havia embalado o movimento pela volta das eleições diretas há vinte anos.
O jornal carioca chama de "libertação histórica" a fuga dos criminosos que havia décadas dominavam aquelas comunidades. Mas aquilo que foi descrito como uma vitória fulminante do Estado contra o governo paralelo do crime ainda não oferece garantias de que o problema está solucionado.
Na manhã de segunda-feira (29), o noticiário online dava informações sobre planos de ocupação também das favelas da Rocinha e do Vidigal, duas imensas áreas, na zona Sul do Rio, onde os traficantes ainda agiam à vontade no fim de semana. Ali a polícia vai enfrentar mais do que criminosos armados. Vai combater também a associação do narcotráfico com clientes influentes, entre os quais certamente há jornalistas e outras celebridades.
Diferentemente do que diz a imprensa, não se trata de uma operação para aniquilar o narcotráfico. Trata-se de uma guerra para a retomada de territórios e, assim, assegurar o bom andamento dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014. O que não é pouco.
Os benefícios para os moradores das comunidades pobres dominadas por bandos de criminosos são inegáveis, mas é preciso observar que a questão do tráfico de drogas é muito mais complexa. Ao se concentrar na cobertura do ambiente de guerra, a imprensa deixa de lado o ambiente de negócios da droga, por exemplo.
Apenas vinte presos, e entre eles nenhum personagem importante, é um balanço pífio demais para tanto aparato militar. Os jornais deveriam estar questionando onde foram parar os chefões que supostamente se escondiam no Complexo do Alemão.
Mais do que isso, já é mais do que tempo de a imprensa investigar onde estão os acionistas do tráfico, os financiadores que não aparecem no noticiário policial.
"O Rio mostrou que é possível", diz a mancherte principal do Globo. Os fatos ainda precisam demonstrar que o Rio quer realmente acabar com o narcotráfico.
Por Luciano Martins Costa em 29/11/2010
Comentário para o programa radiofônico do OI, 29/11/2010
A crise no Rio e o pastiche midiático
Sempre mantive com jornalistas uma relação de respeito e cooperação. Em alguns casos, o contato profissional evoluiu para amizade. Quando as divergências são muitas e profundas, procuro compreender e buscar bases de um consenso mínimo, para que o diálogo não se inviabilize. Faço-o por ética –supondo que ninguém seja dono da verdade, muito menos eu--, na esperança de que o mesmo procedimento seja adotado pelo interlocutor. Além disso, me esforço por atender aos que me procuram, porque sei que atuam sob pressão, exaustivamente, premidos pelo tempo e por pautas urgentes. A pressa se intensifica nas crises, por motivos óbvios. Costumo dizer que só nós, da segurança pública (em meu caso, quando ocupava posições na área da gestão pública da segurança), os médicos e o pessoal da Defesa Civil, trabalhamos tanto –ou sob tanta pressão-- quanto os jornalistas.
Digo isso para explicar por que, na crise atual, tenho recusado convites para falar e colaborar com a mídia:
(1) Recebi muitos telefonemas, recados e mensagens. As chamadas são contínuas, a tal ponto que não me restou alternativa a desligar o celular. Ao todo, nesses dias, foram mais de cem pedidos de entrevistas ou declarações. Nem que eu contasse com uma equipe de secretários, teria como responder a todos e muito menos como atendê-los. Por isso, aproveito a oportunidade para desculpar-me. Creiam, não se trata de descortesia ou desapreço pelos repórteres, produtores ou entrevistadores que me procuraram.
(2) Além disso, não tenho informações de bastidor que mereçam divulgação. Por outro lado, não faria sentido jogar pelo ralo a credibilidade que construí ao longo da vida. E isso poderia acontecer se eu aceitasse aparecer na TV, no rádio ou nos jornais, glosando os discursos oficiais que estão sendo difundidos, declamando platitudes, reproduzindo o senso comum pleno de preconceitos, ou divagando em torno de especulações. A situação é muito grave e não admite leviandades. Portanto, só faria sentido falar se fosse para contribuir de modo eficaz para o entendimento mais amplo e profundo da realidade que vivemos. Como fazê-lo em alguns parcos minutos, entrecortados por intervenções de locutores e debatedores? Como fazê-lo no contexto em que todo pensamento analítico é editado, truncado, espremido –em uma palavra, banido--, para que reinem, incontrastáveis, a exaltação passional das emergências, as imagens espetaculares, os dramas individuais e a retórica paradoxalmente triunfalista do discurso oficial?
(3) Por fim, não posso mais compactuar com o ciclo sempre repetido na mídia: atenção à segurança nas crises agudas e nenhum investimento reflexivo e informativo realmente denso e consistente, na entressafra, isto é, nos intervalos entre as crises.
Na crise, as perguntas recorrentes são:
(a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a explosão de violência?
(b) O que a polícia deveria fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas?
(c) Por que o governo não chama o Exército?
(d) A imagem internacional do Rio foi maculada?
(e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?
Ao longo dos últimos 25 anos, pelo menos, me tornei “as aspas” que ajudaram a legitimar inúmeras reportagens. No tópico, “especialistas”, lá estava eu, tentando, com alguns colegas, furar o bloqueio à afirmação de uma perspectiva um pouquinho menos trivial e imediatista. Muitas dessas reportagens, por sua excelente qualidade, prescindiriam de minhas aspas –nesses casos, reduzi-me a recurso ocioso, mera formalidade das regras jornalísticas. Outras, nem com todas as aspas do mundo se sustentariam. Pois bem, acho que já fui ou proporcionei aspas o suficiente. Esse código jornalístico, com as exceções de praxe, não funciona, quando o tema tratado é complexo, pouco conhecido e, por sua natureza, rebelde ao modelo de explicação corrente. Modelo que não nasceu na mídia, mas que orienta as visões aí predominantes. Particularmente, não gostaria de continuar a ser cúmplice involuntário de sua contínua reprodução.
Eis por que as perguntas mencionadas são expressivas do pobre modelo explicativo corrente e por que devem ser consideradas obstáculos ao conhecimento e réplicas de hábitos mentais refratários às mudanças inadiáveis. Respondo sem a elegância que a presença de um entrevistador exigiria. Serei, por assim dizer, curto e grosso, aproveitando-me do expediente discursivo aqui adotado, em que sou eu mesmo o formulador das questões a desconstruir. Eis as respostas, na sequência das perguntas, que repito para facilitar a leitura:
(a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a violência e resolver o desafio da insegurança?
Nada que se possa fazer já, imediatamente, resolverá a insegurança. Quando se está na crise, usam-se os instrumentos disponíveis e os procedimentos conhecidos para conter os sintomas e salvar o paciente. Se desejamos, de fato, resolver algum problema grave, não é possível continuar a tratar o paciente apenas quando ele já está na UTI, tomado por uma enfermidade letal, apresentando um quadro agudo. Nessa hora, parte-se para medidas extremas, de desespero, mobilizando-se o canivete e o açougueiro, sem anestesia e assepsia. Nessa hora, o cardiologista abre o tórax do moribundo na maca, no corredor. Não há como construir um novo hospital, decente, eficiente, nem para formar especialistas, nem para prevenir epidemias, nem para adotar procedimentos que evitem o agravamento da patologia. Por isso, o primeiro passo para evitar que a situação se repita é trocar a pergunta. O foco capaz de ajudar a mudar a realidade é aquele apontado por outra pergunta: o que fazer para aperfeiçoar a segurança pública, no Rio e no Brasil, evitando a violência de todos os dias, assim como sua intensificação, expressa nas sucessivas crises?
Se o entrevistador imaginário interpelar o respondente, afirmando que a sociedade exige uma resposta imediata, precisa de uma ação emergencial e não aceita nenhuma abordagem que não produza efeitos práticos imediatos, a melhor resposta seria: caro amigo, sua atitude representa, exatamente, a postura que tem impedido avanços consistentes na segurança pública. Se a sociedade, a mídia e os governos continuarem se recusando a pensar e abordar o problema em profundidade e extensão, como um fenômeno multidimensional a requerer enfrentamento sistêmico, ou seja, se prosseguirmos nos recusando, enquanto Nação, a tratar do problema na perspectiva do médio e do longo prazos, nos condenaremos às crises, cada vez mais dramáticas, para as quais não há soluções mágicas.
A melhor resposta à emergência é começar a se movimentar na direção da reconstrução das condições geradoras da situação emergencial. Quanto ao imediato, não há espaço para nada senão o disponível, acessível, conhecido, que se aplica com maior ou menor destreza, reduzindo-se danos e prolongando-se a vida em risco.
A pergunta é obtusa e obscurantista, cúmplice da ignorância e da apatia.
(b) O que as polícias fluminenses deveriam fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas?
Em primeiro lugar, deveriam parar de traficar e de associar-se aos traficantes, nos “arregos” celebrados por suas bandas podres, à luz do dia, diante de todos. Deveriam parar de negociar armas com traficantes, o que as bandas podres fazem, sistematicamente. Deveriam também parar de reproduzir o pior do tráfico, dominando, sob a forma de máfias ou milícias, territórios e populações pela força das armas, visando rendimentos criminosos obtidos por meios cruéis.
Ou seja, a polaridade referida na pergunta (polícias versus tráfico) esconde o verdadeiro problema: não existe a polaridade. Construí-la –isto é, separar bandido e polícia; distinguir crime e polícia-- teria de ser a meta mais importante e urgente de qualquer política de segurança digna desse nome. Não há nenhuma modalidade importante de ação criminal no Rio de que segmentos policiais corruptos estejam ausentes. E só por isso que ainda existe tráfico armado, assim como as milícias.
Não digo isso para ofender os policiais ou as instituições. Não generalizo. Pelo contrário, sei que há dezenas de milhares de policiais honrados e honestos, que arriscam, estóica e heroicamente, suas vidas por salários indignos. Considero-os as primeiras vítimas da degradação institucional em curso, porque os envergonha, os humilha, os ameaça e acua o convívio inevitável com milhares de colegas corrompidos, envolvidos na criminalidade, sócios ou mesmo empreendedores do crime.
Não nos iludamos: o tráfico, no modelo que se firmou no Rio, é uma realidade em franco declínio e tende a se eclipsar, derrotado por sua irracionalidade econômica e sua incompatibilidade com as dinâmicas políticas e sociais predominantes, em nosso horizonte histórico. Incapaz, inclusive, de competir com as milícias, cuja competência está na disposição de não se prender, exclusivamente, a um único nicho de mercado, comercializando apenas drogas –mas as incluindo em sua carteira de negócios, quando conveniente. O modelo do tráfico armado, sustentado em domínio territorial, é atrasado, pesado, anti-econômico: custa muito caro manter um exército, recrutar neófitos, armá-los (nada disso é necessário às milícias, posto que seus membros são policiais), mantê-los unidos e disciplinados, enfrentando revezes de todo tipo e ataques por todos os lados, vendo-se forçados a dividir ganhos com a banda podre da polícia (que atua nas milícias) e, eventualmente, com os líderes e aliados da facção. É excessivamente custoso impor-se sobre um território e uma população, sobretudo na medida que os jovens mais vulneráveis ao recrutamento comecem a vislumbrar e encontrar alternativas. Não só o velho modelo é caro, como pode ser substituído com vantagens por outro muito mais rentável e menos arriscado, adotado nos países democráticos mais avançados: a venda por delivery ou em dinâmica varejista nômade, clandestina, discreta, desarmada e pacífica. Em outras palavras, é melhor, mais fácil e lucrativo praticar o negócio das drogas ilícitas como se fosse contrabando ou pirataria do que fazer a guerra. Convenhamos, também é muito menos danoso para a sociedade, por óbvio.
(c) O Exército deveria participar?
Fazendo o trabalho policial, não, pois não existe para isso, não é treinado para isso, nem está equipado para isso. Mas deve, sim, participar. A começar cumprindo sua função de controlar os fluxos das armas no país. Isso resolveria o maior dos problemas: as armas ilegais passando, tranquilamente, de mão em mão, com as benções, a mediação e o estímulo da banda podre das polícias.
E não só o Exército. Também a Marinha, formando uma Guarda Costeira com foco no controle de armas transportadas como cargas clandestinas ou despejadas na baía e nos portos. Assim como a Aeronáutica, identificando e destruindo pistas de pouso clandestinas, controlando o espaço aéreo e apoiando a PF na fiscalização das cargas nos aeroportos.
(d) A imagem internacional do Rio foi maculada?
Claro. Mais uma vez.
(e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?
Sem dúvida. Somos ótimos em eventos. Nesses momentos, aparece dinheiro, surge o “espírito cooperativo”, ações racionais e planejadas impõem-se. Nosso calcanhar de Aquiles é a rotina. Copa e Olimpíadas serão um sucesso. O problema é o dia a dia.
Palavras Finais
Traficantes se rebelam e a cidade vai à lona. Encena-se um drama sangrento, mas ultrapassado. O canto de cisne do tráfico era esperado. Haverá outros momentos análogos, no futuro, mas a tendência declinante é inarredável. E não porque existem as UPPs, mas porque correspondem a um modelo insust
entável, economicamente, assim como social e politicamente. As UPPs, vale dizer mais uma vez, são um ótimo programa, que reedita com mais apoio político e fôlego administrativo o programa “Mutirões pela Paz”, que implantei com uma equipe em 1999, e que acabou soterrado pela política com “p” minúsculo, quando fui exonerado, em 2000, ainda que tenha sido ressuscitado, graças à liderança e à competência raras do ten.cel. Carballo Blanco, com o título GPAE, como reação à derrocada que se seguiu à minha saída do governo. A despeito de suas virtudes, valorizadas pela presença de Ricardo Henriques na secretaria estadual de assistência social --um dos melhores gestores do país--, elas não terão futuro se as polícias não forem profundamente transformadas. Afinal, para tornarem-se política pública terão de incluir duas qualidades indispensáveis: escala e sustentatibilidade, ou seja, terão de ser assumidas, na esfera da segurança, pela PM. Contudo, entregar as UPPs à condução da PM seria condená-las à liquidação, dada a degradação institucional já referida.
O tráfico que ora perde poder e capacidade de reprodução só se impôs, no Rio, no modelo territorializado e sedentário em que se estabeleceu, porque sempre contou com a sociedade da polícia, vale reiterar. Quando o tráfico de drogas no modelo territorializado atinge seu ponto histórico de inflexão e começa, gradualmente, a bater em retirada, seus sócios –as bandas podres das polícias-- prosseguem fortes, firmes, empreendedores, politicamente ambiciosos, economicamente vorazes, prontos a fixar as bandeiras milicianas de sua hegemonia.
Discutindo a crise, a mídia reproduz o mito da polaridade polícia versus tráfico, perdendo o foco, ignorando o decisivo: como, quem, em que termos e por que meios se fará a reforma radical das polícias, no Rio, para que estas deixem de ser incubadoras de milícias, máfias, tráfico de armas e drogas, crime violento, brutalidade, corrupção? Como se refundarão as instituições policiais para que os bons profissionais sejam, afinal, valorizados e qualificados? Como serão transformadas as polícias, para que deixem de ser reativas, ingovernáveis, ineficientes na prevenção e na investigação?
As polícias são instituições absolutamente fundamentais para o Estado democrático de direito. Cumpre-lhes garantir, na prática, os direitos e as liberdades estipulados na Constituição. Sobretudo, cumpre-lhes proteger a vida e a estabilidade das expectativas positivas relativamente à sociabilidade cooperativa e à vigência da legalidade e da justiça. A despeito de sua importância, essas instituições não foram alcançadas em profundidade pelo processo de transição democrática, nem se modernizaram, adaptando-se às exigências da complexa sociedade brasileira contemporânea. O modelo policial foi herdado da ditadura. Ele servia à defesa do Estado autoritário e era funcional ao contexto marcado pelo arbítrio. Não serve à defesa da cidadania. A estrutura organizacional de ambas as polícias impede a gestão racional e a integração, tornando o controle impraticável e a avaliação, seguida por um monitoramento corretivo, inviável. Ineptas para identificar erros, as polícias condenam-se a repeti-los. Elas são rígidas onde teriam de ser plásticas, flexíveis e descentralizadas; e são frouxas e anárquicas, onde deveriam ser rigorosas. Cada uma delas, a PM e a Polícia Civil, são duas instituições: oficiais e não-oficiais; delegados e não-delegados.
E nesse quadro, a PEC-300 é varrida do mapa no Congresso pelos governadores, que pagam aos policiais salários insuficientes, empurrando-os ao segundo emprego na segurança privada informal e ilegal.
Uma das fontes da degradação institucional das polícias é o que denomino "gato orçamentário", esse casamento perverso entre o Estado e a ilegalidade: para evitar o colapso do orçamento público na área de segurança, as autoridades toleram o bico dos policiais em segurança privada. Ao fazê-lo, deixam de fiscalizar dinâmicas benignas (em termos, pois sempre há graves problemas daí decorrentes), nas quais policiais honestos apenas buscam sobreviver dignamente, apesar da ilegalidade de seu segundo emprego, mas também dinâmicas malignas: aquelas em que policiais corruptos provocam a insegurança para vender segurança; unem-se como pistoleiros a soldo em grupos de extermínio; e, no limite, organizam-se como máfias ou milícias, dominando pelo terror populações e territórios. Ou se resolve esse gargalo (pagando o suficiente e fiscalizando a segurança privada /banindo a informal e ilegal; ou legalizando e disciplinando, e fiscalizando o bico), ou não faz sentido buscar aprimorar as polícias.
O Jornal Nacional, nesta quinta, 25 de novembro, definiu o caos no Rio de Janeiro, salpicado de cenas de guerra e morte, pânico e desespero, como um dia histórico de vitória: o dia em que as polícias ocuparam a Vila Cruzeiro. Ou eu sofri um súbito apagão mental e me tornei um idiota contumaz e incorrigível ou os editores do JN sentiram-se autorizados a tratar milhões de telespectadores como contumazes e incorrigíveis idiotas.
Ou se começa a falar sério e levar a sério a tragédia da insegurança pública no Brasil, ou será pelo menos mais digno furtar-se a fazer coro à farsa.
Luiz Eduardo Soares
25/11/2010
Digo isso para explicar por que, na crise atual, tenho recusado convites para falar e colaborar com a mídia:
(1) Recebi muitos telefonemas, recados e mensagens. As chamadas são contínuas, a tal ponto que não me restou alternativa a desligar o celular. Ao todo, nesses dias, foram mais de cem pedidos de entrevistas ou declarações. Nem que eu contasse com uma equipe de secretários, teria como responder a todos e muito menos como atendê-los. Por isso, aproveito a oportunidade para desculpar-me. Creiam, não se trata de descortesia ou desapreço pelos repórteres, produtores ou entrevistadores que me procuraram.
(2) Além disso, não tenho informações de bastidor que mereçam divulgação. Por outro lado, não faria sentido jogar pelo ralo a credibilidade que construí ao longo da vida. E isso poderia acontecer se eu aceitasse aparecer na TV, no rádio ou nos jornais, glosando os discursos oficiais que estão sendo difundidos, declamando platitudes, reproduzindo o senso comum pleno de preconceitos, ou divagando em torno de especulações. A situação é muito grave e não admite leviandades. Portanto, só faria sentido falar se fosse para contribuir de modo eficaz para o entendimento mais amplo e profundo da realidade que vivemos. Como fazê-lo em alguns parcos minutos, entrecortados por intervenções de locutores e debatedores? Como fazê-lo no contexto em que todo pensamento analítico é editado, truncado, espremido –em uma palavra, banido--, para que reinem, incontrastáveis, a exaltação passional das emergências, as imagens espetaculares, os dramas individuais e a retórica paradoxalmente triunfalista do discurso oficial?
(3) Por fim, não posso mais compactuar com o ciclo sempre repetido na mídia: atenção à segurança nas crises agudas e nenhum investimento reflexivo e informativo realmente denso e consistente, na entressafra, isto é, nos intervalos entre as crises.
Na crise, as perguntas recorrentes são:
(a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a explosão de violência?
(b) O que a polícia deveria fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas?
(c) Por que o governo não chama o Exército?
(d) A imagem internacional do Rio foi maculada?
(e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?
Ao longo dos últimos 25 anos, pelo menos, me tornei “as aspas” que ajudaram a legitimar inúmeras reportagens. No tópico, “especialistas”, lá estava eu, tentando, com alguns colegas, furar o bloqueio à afirmação de uma perspectiva um pouquinho menos trivial e imediatista. Muitas dessas reportagens, por sua excelente qualidade, prescindiriam de minhas aspas –nesses casos, reduzi-me a recurso ocioso, mera formalidade das regras jornalísticas. Outras, nem com todas as aspas do mundo se sustentariam. Pois bem, acho que já fui ou proporcionei aspas o suficiente. Esse código jornalístico, com as exceções de praxe, não funciona, quando o tema tratado é complexo, pouco conhecido e, por sua natureza, rebelde ao modelo de explicação corrente. Modelo que não nasceu na mídia, mas que orienta as visões aí predominantes. Particularmente, não gostaria de continuar a ser cúmplice involuntário de sua contínua reprodução.
Eis por que as perguntas mencionadas são expressivas do pobre modelo explicativo corrente e por que devem ser consideradas obstáculos ao conhecimento e réplicas de hábitos mentais refratários às mudanças inadiáveis. Respondo sem a elegância que a presença de um entrevistador exigiria. Serei, por assim dizer, curto e grosso, aproveitando-me do expediente discursivo aqui adotado, em que sou eu mesmo o formulador das questões a desconstruir. Eis as respostas, na sequência das perguntas, que repito para facilitar a leitura:
(a) O que fazer, já, imediatamente, para sustar a violência e resolver o desafio da insegurança?
Nada que se possa fazer já, imediatamente, resolverá a insegurança. Quando se está na crise, usam-se os instrumentos disponíveis e os procedimentos conhecidos para conter os sintomas e salvar o paciente. Se desejamos, de fato, resolver algum problema grave, não é possível continuar a tratar o paciente apenas quando ele já está na UTI, tomado por uma enfermidade letal, apresentando um quadro agudo. Nessa hora, parte-se para medidas extremas, de desespero, mobilizando-se o canivete e o açougueiro, sem anestesia e assepsia. Nessa hora, o cardiologista abre o tórax do moribundo na maca, no corredor. Não há como construir um novo hospital, decente, eficiente, nem para formar especialistas, nem para prevenir epidemias, nem para adotar procedimentos que evitem o agravamento da patologia. Por isso, o primeiro passo para evitar que a situação se repita é trocar a pergunta. O foco capaz de ajudar a mudar a realidade é aquele apontado por outra pergunta: o que fazer para aperfeiçoar a segurança pública, no Rio e no Brasil, evitando a violência de todos os dias, assim como sua intensificação, expressa nas sucessivas crises?
Se o entrevistador imaginário interpelar o respondente, afirmando que a sociedade exige uma resposta imediata, precisa de uma ação emergencial e não aceita nenhuma abordagem que não produza efeitos práticos imediatos, a melhor resposta seria: caro amigo, sua atitude representa, exatamente, a postura que tem impedido avanços consistentes na segurança pública. Se a sociedade, a mídia e os governos continuarem se recusando a pensar e abordar o problema em profundidade e extensão, como um fenômeno multidimensional a requerer enfrentamento sistêmico, ou seja, se prosseguirmos nos recusando, enquanto Nação, a tratar do problema na perspectiva do médio e do longo prazos, nos condenaremos às crises, cada vez mais dramáticas, para as quais não há soluções mágicas.
A melhor resposta à emergência é começar a se movimentar na direção da reconstrução das condições geradoras da situação emergencial. Quanto ao imediato, não há espaço para nada senão o disponível, acessível, conhecido, que se aplica com maior ou menor destreza, reduzindo-se danos e prolongando-se a vida em risco.
A pergunta é obtusa e obscurantista, cúmplice da ignorância e da apatia.
(b) O que as polícias fluminenses deveriam fazer para vencer, definitivamente, o tráfico de drogas?
Em primeiro lugar, deveriam parar de traficar e de associar-se aos traficantes, nos “arregos” celebrados por suas bandas podres, à luz do dia, diante de todos. Deveriam parar de negociar armas com traficantes, o que as bandas podres fazem, sistematicamente. Deveriam também parar de reproduzir o pior do tráfico, dominando, sob a forma de máfias ou milícias, territórios e populações pela força das armas, visando rendimentos criminosos obtidos por meios cruéis.
Ou seja, a polaridade referida na pergunta (polícias versus tráfico) esconde o verdadeiro problema: não existe a polaridade. Construí-la –isto é, separar bandido e polícia; distinguir crime e polícia-- teria de ser a meta mais importante e urgente de qualquer política de segurança digna desse nome. Não há nenhuma modalidade importante de ação criminal no Rio de que segmentos policiais corruptos estejam ausentes. E só por isso que ainda existe tráfico armado, assim como as milícias.
Não digo isso para ofender os policiais ou as instituições. Não generalizo. Pelo contrário, sei que há dezenas de milhares de policiais honrados e honestos, que arriscam, estóica e heroicamente, suas vidas por salários indignos. Considero-os as primeiras vítimas da degradação institucional em curso, porque os envergonha, os humilha, os ameaça e acua o convívio inevitável com milhares de colegas corrompidos, envolvidos na criminalidade, sócios ou mesmo empreendedores do crime.
Não nos iludamos: o tráfico, no modelo que se firmou no Rio, é uma realidade em franco declínio e tende a se eclipsar, derrotado por sua irracionalidade econômica e sua incompatibilidade com as dinâmicas políticas e sociais predominantes, em nosso horizonte histórico. Incapaz, inclusive, de competir com as milícias, cuja competência está na disposição de não se prender, exclusivamente, a um único nicho de mercado, comercializando apenas drogas –mas as incluindo em sua carteira de negócios, quando conveniente. O modelo do tráfico armado, sustentado em domínio territorial, é atrasado, pesado, anti-econômico: custa muito caro manter um exército, recrutar neófitos, armá-los (nada disso é necessário às milícias, posto que seus membros são policiais), mantê-los unidos e disciplinados, enfrentando revezes de todo tipo e ataques por todos os lados, vendo-se forçados a dividir ganhos com a banda podre da polícia (que atua nas milícias) e, eventualmente, com os líderes e aliados da facção. É excessivamente custoso impor-se sobre um território e uma população, sobretudo na medida que os jovens mais vulneráveis ao recrutamento comecem a vislumbrar e encontrar alternativas. Não só o velho modelo é caro, como pode ser substituído com vantagens por outro muito mais rentável e menos arriscado, adotado nos países democráticos mais avançados: a venda por delivery ou em dinâmica varejista nômade, clandestina, discreta, desarmada e pacífica. Em outras palavras, é melhor, mais fácil e lucrativo praticar o negócio das drogas ilícitas como se fosse contrabando ou pirataria do que fazer a guerra. Convenhamos, também é muito menos danoso para a sociedade, por óbvio.
(c) O Exército deveria participar?
Fazendo o trabalho policial, não, pois não existe para isso, não é treinado para isso, nem está equipado para isso. Mas deve, sim, participar. A começar cumprindo sua função de controlar os fluxos das armas no país. Isso resolveria o maior dos problemas: as armas ilegais passando, tranquilamente, de mão em mão, com as benções, a mediação e o estímulo da banda podre das polícias.
E não só o Exército. Também a Marinha, formando uma Guarda Costeira com foco no controle de armas transportadas como cargas clandestinas ou despejadas na baía e nos portos. Assim como a Aeronáutica, identificando e destruindo pistas de pouso clandestinas, controlando o espaço aéreo e apoiando a PF na fiscalização das cargas nos aeroportos.
(d) A imagem internacional do Rio foi maculada?
Claro. Mais uma vez.
(e) Conseguiremos realizar com êxito a Copa e as Olimpíadas?
Sem dúvida. Somos ótimos em eventos. Nesses momentos, aparece dinheiro, surge o “espírito cooperativo”, ações racionais e planejadas impõem-se. Nosso calcanhar de Aquiles é a rotina. Copa e Olimpíadas serão um sucesso. O problema é o dia a dia.
Palavras Finais
Traficantes se rebelam e a cidade vai à lona. Encena-se um drama sangrento, mas ultrapassado. O canto de cisne do tráfico era esperado. Haverá outros momentos análogos, no futuro, mas a tendência declinante é inarredável. E não porque existem as UPPs, mas porque correspondem a um modelo insust
entável, economicamente, assim como social e politicamente. As UPPs, vale dizer mais uma vez, são um ótimo programa, que reedita com mais apoio político e fôlego administrativo o programa “Mutirões pela Paz”, que implantei com uma equipe em 1999, e que acabou soterrado pela política com “p” minúsculo, quando fui exonerado, em 2000, ainda que tenha sido ressuscitado, graças à liderança e à competência raras do ten.cel. Carballo Blanco, com o título GPAE, como reação à derrocada que se seguiu à minha saída do governo. A despeito de suas virtudes, valorizadas pela presença de Ricardo Henriques na secretaria estadual de assistência social --um dos melhores gestores do país--, elas não terão futuro se as polícias não forem profundamente transformadas. Afinal, para tornarem-se política pública terão de incluir duas qualidades indispensáveis: escala e sustentatibilidade, ou seja, terão de ser assumidas, na esfera da segurança, pela PM. Contudo, entregar as UPPs à condução da PM seria condená-las à liquidação, dada a degradação institucional já referida.
O tráfico que ora perde poder e capacidade de reprodução só se impôs, no Rio, no modelo territorializado e sedentário em que se estabeleceu, porque sempre contou com a sociedade da polícia, vale reiterar. Quando o tráfico de drogas no modelo territorializado atinge seu ponto histórico de inflexão e começa, gradualmente, a bater em retirada, seus sócios –as bandas podres das polícias-- prosseguem fortes, firmes, empreendedores, politicamente ambiciosos, economicamente vorazes, prontos a fixar as bandeiras milicianas de sua hegemonia.
Discutindo a crise, a mídia reproduz o mito da polaridade polícia versus tráfico, perdendo o foco, ignorando o decisivo: como, quem, em que termos e por que meios se fará a reforma radical das polícias, no Rio, para que estas deixem de ser incubadoras de milícias, máfias, tráfico de armas e drogas, crime violento, brutalidade, corrupção? Como se refundarão as instituições policiais para que os bons profissionais sejam, afinal, valorizados e qualificados? Como serão transformadas as polícias, para que deixem de ser reativas, ingovernáveis, ineficientes na prevenção e na investigação?
As polícias são instituições absolutamente fundamentais para o Estado democrático de direito. Cumpre-lhes garantir, na prática, os direitos e as liberdades estipulados na Constituição. Sobretudo, cumpre-lhes proteger a vida e a estabilidade das expectativas positivas relativamente à sociabilidade cooperativa e à vigência da legalidade e da justiça. A despeito de sua importância, essas instituições não foram alcançadas em profundidade pelo processo de transição democrática, nem se modernizaram, adaptando-se às exigências da complexa sociedade brasileira contemporânea. O modelo policial foi herdado da ditadura. Ele servia à defesa do Estado autoritário e era funcional ao contexto marcado pelo arbítrio. Não serve à defesa da cidadania. A estrutura organizacional de ambas as polícias impede a gestão racional e a integração, tornando o controle impraticável e a avaliação, seguida por um monitoramento corretivo, inviável. Ineptas para identificar erros, as polícias condenam-se a repeti-los. Elas são rígidas onde teriam de ser plásticas, flexíveis e descentralizadas; e são frouxas e anárquicas, onde deveriam ser rigorosas. Cada uma delas, a PM e a Polícia Civil, são duas instituições: oficiais e não-oficiais; delegados e não-delegados.
E nesse quadro, a PEC-300 é varrida do mapa no Congresso pelos governadores, que pagam aos policiais salários insuficientes, empurrando-os ao segundo emprego na segurança privada informal e ilegal.
Uma das fontes da degradação institucional das polícias é o que denomino "gato orçamentário", esse casamento perverso entre o Estado e a ilegalidade: para evitar o colapso do orçamento público na área de segurança, as autoridades toleram o bico dos policiais em segurança privada. Ao fazê-lo, deixam de fiscalizar dinâmicas benignas (em termos, pois sempre há graves problemas daí decorrentes), nas quais policiais honestos apenas buscam sobreviver dignamente, apesar da ilegalidade de seu segundo emprego, mas também dinâmicas malignas: aquelas em que policiais corruptos provocam a insegurança para vender segurança; unem-se como pistoleiros a soldo em grupos de extermínio; e, no limite, organizam-se como máfias ou milícias, dominando pelo terror populações e territórios. Ou se resolve esse gargalo (pagando o suficiente e fiscalizando a segurança privada /banindo a informal e ilegal; ou legalizando e disciplinando, e fiscalizando o bico), ou não faz sentido buscar aprimorar as polícias.
O Jornal Nacional, nesta quinta, 25 de novembro, definiu o caos no Rio de Janeiro, salpicado de cenas de guerra e morte, pânico e desespero, como um dia histórico de vitória: o dia em que as polícias ocuparam a Vila Cruzeiro. Ou eu sofri um súbito apagão mental e me tornei um idiota contumaz e incorrigível ou os editores do JN sentiram-se autorizados a tratar milhões de telespectadores como contumazes e incorrigíveis idiotas.
Ou se começa a falar sério e levar a sério a tragédia da insegurança pública no Brasil, ou será pelo menos mais digno furtar-se a fazer coro à farsa.
Luiz Eduardo Soares
25/11/2010
domingo, 28 de novembro de 2010
Fatalismo Piorado (Malu Fontes)
Às imagens espetaculares e hollywoodianas de automóveis e ônibus incendiados sob as ordens dos traficantes, no Rio de Janeiro, somaram-se o assombro causado pelo assassinato bárbaro de duas meninas em Salvador, de 13 e 16 anos, e pela morte, causada por uma bala perdida deflagrada pela Polícia, do garoto Joel Castro, 10 anos, atingido na cabeça quando se preparava para dormir, em casa, no Nordeste de Amaralina, Salvador.
O inimigo agora é o mesmo
O governador do Rio declarou que os traficantes estão desesperados. Enquanto isso, o porta-voz da Polícia Militar orientava a população a manter a calma durante os ataques da bandidagem, explicando que é melhor perder o patrimônio do que a vida. E assim, com os bandidos em pânico e a população em paz, o Rio de Janeiro e o Brasil celebrarão mais uma vitória dos seus Napoleões de hospício contra o crime.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
MUITO LOUCO!!!.
Veja abaixo. É um link francês.
1. Clique no link abaixo
2. Escolha o sentido de rotação, direita ou esquerda
3. Depois a velocidade (Recomendo "rapide")
4. Clique em GO
5. Mire fixamente o ponto vermelho durante pelo menos 30 segundos (conte pausadamente de 1 - 30) e depois olhe para a sua mão no mouse -
Veja o que acontece!!!!
Isto é 4ª dimensão!!!!
Clicar no link abaixo:
http://www.psikopat.com/html/spirale.htm
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Veja o que acontece!!!!
Isto é 4ª dimensão!!!!
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Monteiro Lobato e o movimento negro por James Martins
Antes de entrar no assunto em questão, anunciado no título, devo fazer algumas ressalvas que, no entanto, já sei que não vão adiantar muita coisa para os homens e mulheres de má vontade. Assim mesmo, lá vão:
1- Não sou branco. Mas também não sou o negão que a menina imaginou lendo os artigos que publico aqui. Não passo de um típico mestiço brasileiro, mulato evidente.
2- Sim, sei que existe racismo no Brasil, fortíssimo por sinal, e também na Bahia e até mesmo no Curuzu. Bom, acho que tá bom. Agora vamos ao que interessa: aproveitando o gancho do último sábado, 20 de novembro, dia da Consciência Negra, resolvi entrar num assunto que já está até meio velho, mas que parece não ter fim (“a escravidão permanecerá, por muito tempo, como a característica nacional do Brasil”). A saber, a tentativa de veto ao livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, do currículo das escolas públicas, pelo Conselho Nacional de Educação. Ou, segundo recomendação do órgão, caso seja adotado, que o livro venha com uma nota informando tratar-se de obra “racista”. O autor da denúncia, o mestrando em relações raciais da UnB Antonio Gomes da Costa Neto, acredita que o livro de Lobato “deixou para trás as regras de políticas públicas para as relações etno-raciais” e tenha o potencial de “ensinar a criança a ser racista”.
Acho tudo isso um absurdo, mas vou explicar minha posição contando um caso familiar. Dia desses estávamos em casa, minha mulher Alessandra, meu amigo-irmão Arouca e eu. A conversa circulava por diversos temas, do sabor da jaca em São Paulo até o Bahia na série A... e chegamos ao racismo e à escravidão no Brasil. Vou abreviar: recitando Castro Alves, trechos do Navio Negreiro, que sei de coração, eu disse o seguinte: “E pensar que naquela época, para muita gente boa, muito grande autor, era mesmo normal ter aqueles pretos ali amontoados como alimária nas senzalas e tal”. E ouvi de Arouca, adiantando a época: “Monteiro Lobato, por exemplo, escreveu coisas racistas”. Retruquei: “Não. Lobato não escreveu nada a favor de racismo algum”. E ele: “Mas também não escreveu nada condenando, não é?”. E na sequência da conversa, que, naturalmente, entrou no assunto deste artigo (a tentativa de censura ao Caçadas de Pedrinho) eu dizia para Arouca que havia nisso uma grande confusão, porque no Sítio do Pica Pau Amarelo a descrição social obedece ao modelo vigente à época (a senhora branca dona do sítio; a senhora negra cozinheira; o menino estuda; a menina não; os roceiros ingênuos, analfabetos; etc.), mas que também, e sobretudo, há na referida obra um componente subversivo, inconformista, questionador, que supera e põe em xeque quaisquer ordens sociais (a boneca que fala e, mais ainda, pensa; o sabugo que é o sábio acadêmico, formado dentro dos livros, mas vive tomando baile da boneca, que é, note-se, feminina; Narizinho, tantas vezes, embora não freqüente escola, é muito mais perspicaz que o corajoso Pedrinho, que tem medo de vespa; Dona Benta aceita, participa e encoraja as aventuras absurdas das crianças, inclusive quando elas cheiram um pozinho para viajar; o faz-de-conta; etc.). Gilberto Gil, “aquele preto que você gosta”, descreveu bem. No Pica Pau Amarelo é “marmelada de banana / bananada de goiaba / goiabada de marmelo”. E nenhum reacionarismo sócio/racial sobrevive a isso. Mas censura não tem fim, felicidade sim.
Eis o que eu quero dizer: o estado de coisas, o ar que se respira no Sítio do Pica Pau Amarelo, onde os netos questionam a (e discordam da) avó; a boneca (para Ziraldo a maior personagem criada na literatura brasileira) repensa tudo (ela inclusive tem várias insurreições racistas contra Tia Nastácia, sendo devidamente repreendida por outras personagens); onde o pessoal da mitologia grega convive com criações de Grimm e Andersen e Barrie e têm seus rumos alterados... Enfim, num lugar, numa obra como a de Monteiro Lobato, o livre pensar e o alimento para o pensamento (a pletora de informações das mais diversas culturas e ciências) são o antídoto poderoso contra todos os totalitarismos, racismos, machismos e outros ismos que tais. Inclusive aqueles que contaminem, por ventura, ao próprio autor. Mas também contra os totalitarismos disfarçados de reparação ou de busca pela igualdade como o que ora se apresenta contra a obra clássica do autor. Não podemos aceitar. Ao contrário do que disse o Sr. Costa Neto, o Sítio tem, isso sim, o potencial de tornar a criança mais crítica, e, logo, apta a entender que racismo é uma burrice infeliz. E é também ao vírus que peguei lendo e relendo as Caçadas de Pedrinho, os Serões de Dona Benta, a Viagem ao Céu, que recorro para avaliar como estúpida a recomendação do Conselho Nacional de Educação. Não é por lermos muito Lobato que o bicho está pegando, ao contrário. Inclusive, a leitura que o CNE fez do livro em questão é digna dos “alternativos de Salvador” em compreensão aviltante.
Sintomaticamente, Caçadas de Pedrinho é um livro que critica com acidez a burocracia estatal, comparando o Estado a um paquiderme sem competência para resolver simples problemas. É a história do rinoceronte Quindim, que fugiu de um circo. Daí o governo cria um “Departamento Nacional de Caça ao Rinoceronte”, monstro burocrático com um chefe e 12 auxiliares, muito bem remunerados, além de “um grande número de datilógrafas e encostados”. Todo esse pessoal se esforça ao máximo para não encontrar o bicho, uma vez que, se isso acontecer, eles perdem sua boquinha. Quindim acaba ficando no Sítio, cúmplice das crianças e em desafio ao Estado caçador. Por esse conteúdo onde os meninos protagonizam a rebeldia, a obra de Lobato chegou a ser classificada de “comunista” pelo padre jesuíta Sales Brasil, em 1959. Agora é o movimento negro que quer barrá-la, argumentando que o racismo da obra se manifesta em passagens como "Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma macaca de carvão". Numa cena em que a velha (ainda se pode falar “velho” no Brasil?) demonstra agilidade para fugir das onças. Em sua defesa de Lobato, a escritora Ana Maria Machado lembra que Tia Nastácia “encarna a divindade criadora (...). Ela é quem cria Emília, de uns trapos. Ela é quem cria o Visconde, de uma espiga de milho. Ela é quem cria João Faz-de-Conta, de um pedaço de pau. Ela é quem ‘cura’ os personagens com suas costuras ou remendos. Ela é quem conta as histórias tradicionais, quem faz os bolinhos. Ela é a escolhida para ficar no céu com São Jorge”. A verdade é que as personagens negras do Sítio são generosas e lindas, Tia Nastácia e Tio Barnabé são criações maravilhosas, pobres de dinheiro (reflexo da realidade), mas ricas de conhecimentos, doçura e sabedoria (idem).
O problema é que a escravidão no Brasil foi um processo tão cruel (e duradouro!) que o trauma é grande demais. Por isso, há como que uma indulgência mórbida em relação à causa negra. E uma espécie de “caça às bruxas”. Assim, se alguém por acaso se coloca contra as cotas para negros nas universidades é imediatamente tachado de racista. E essa simplificação, demasiado negativa, tem levado muita gente a mentir sua posição com medo de levar o selo, criando uma censura tácita que até então servira justamente aos antípodas das causas negras. Os donos do poder. Será que o que se quer é apenas trocar o poder de mão (de cor?) e não reestruturar o caráter das relações humanas? Mas eu, por exemplo, que sou um mulato escuro (o desrespeito à miscigenação que fazer de mim um preto na tora, mas lembro agora um verso de Leopoldo Madrugada: “não sou preto, eu chego perto”) não sou a favor das cotas. O professor Waldir Freitas Oliveira (Obá de Xangô, a única pessoa a quem Mãe Stella tem obrigação de tomar a bênção) também não é. E não somos racistas nem alienados, repito. O movimento negro, que em geral reivindica e denuncia coisas e causas verdadeiras e importantes, está emburricando estas discussões como os partidos políticos imbecilizaram o “assunto aborto” para ganhar os votos dos cristãos. E volto ao livro do Lobato, chamado de “comunista” por um padre e de “racista” pelo movimento: burrice é burrice em qualquer canto, seja de padre ou de preto. O diabo é que o texto está longo demais e eu queria escrever um outro, enorme, só sobre Monteiro Lobato. E outro, ‘inda maior, sobre a minha experiência como negro-mestiço no Brasil. Mas é preciso respeitar a paciência do leitor. Então encerro citando o próprio Lobato (nome do bairro do petróleo), autor de O Presidente Negro: “Um país se faz com homens e livros”. Quando assim for, finalmente não precisaremos mais da paródia: “Um país se faz com homens e cotas (e censura aos grandes livros)”.
Acho tudo isso um absurdo, mas vou explicar minha posição contando um caso familiar. Dia desses estávamos em casa, minha mulher Alessandra, meu amigo-irmão Arouca e eu. A conversa circulava por diversos temas, do sabor da jaca em São Paulo até o Bahia na série A... e chegamos ao racismo e à escravidão no Brasil. Vou abreviar: recitando Castro Alves, trechos do Navio Negreiro, que sei de coração, eu disse o seguinte: “E pensar que naquela época, para muita gente boa, muito grande autor, era mesmo normal ter aqueles pretos ali amontoados como alimária nas senzalas e tal”. E ouvi de Arouca, adiantando a época: “Monteiro Lobato, por exemplo, escreveu coisas racistas”. Retruquei: “Não. Lobato não escreveu nada a favor de racismo algum”. E ele: “Mas também não escreveu nada condenando, não é?”. E na sequência da conversa, que, naturalmente, entrou no assunto deste artigo (a tentativa de censura ao Caçadas de Pedrinho) eu dizia para Arouca que havia nisso uma grande confusão, porque no Sítio do Pica Pau Amarelo a descrição social obedece ao modelo vigente à época (a senhora branca dona do sítio; a senhora negra cozinheira; o menino estuda; a menina não; os roceiros ingênuos, analfabetos; etc.), mas que também, e sobretudo, há na referida obra um componente subversivo, inconformista, questionador, que supera e põe em xeque quaisquer ordens sociais (a boneca que fala e, mais ainda, pensa; o sabugo que é o sábio acadêmico, formado dentro dos livros, mas vive tomando baile da boneca, que é, note-se, feminina; Narizinho, tantas vezes, embora não freqüente escola, é muito mais perspicaz que o corajoso Pedrinho, que tem medo de vespa; Dona Benta aceita, participa e encoraja as aventuras absurdas das crianças, inclusive quando elas cheiram um pozinho para viajar; o faz-de-conta; etc.). Gilberto Gil, “aquele preto que você gosta”, descreveu bem. No Pica Pau Amarelo é “marmelada de banana / bananada de goiaba / goiabada de marmelo”. E nenhum reacionarismo sócio/racial sobrevive a isso. Mas censura não tem fim, felicidade sim.
Eis o que eu quero dizer: o estado de coisas, o ar que se respira no Sítio do Pica Pau Amarelo, onde os netos questionam a (e discordam da) avó; a boneca (para Ziraldo a maior personagem criada na literatura brasileira) repensa tudo (ela inclusive tem várias insurreições racistas contra Tia Nastácia, sendo devidamente repreendida por outras personagens); onde o pessoal da mitologia grega convive com criações de Grimm e Andersen e Barrie e têm seus rumos alterados... Enfim, num lugar, numa obra como a de Monteiro Lobato, o livre pensar e o alimento para o pensamento (a pletora de informações das mais diversas culturas e ciências) são o antídoto poderoso contra todos os totalitarismos, racismos, machismos e outros ismos que tais. Inclusive aqueles que contaminem, por ventura, ao próprio autor. Mas também contra os totalitarismos disfarçados de reparação ou de busca pela igualdade como o que ora se apresenta contra a obra clássica do autor. Não podemos aceitar. Ao contrário do que disse o Sr. Costa Neto, o Sítio tem, isso sim, o potencial de tornar a criança mais crítica, e, logo, apta a entender que racismo é uma burrice infeliz. E é também ao vírus que peguei lendo e relendo as Caçadas de Pedrinho, os Serões de Dona Benta, a Viagem ao Céu, que recorro para avaliar como estúpida a recomendação do Conselho Nacional de Educação. Não é por lermos muito Lobato que o bicho está pegando, ao contrário. Inclusive, a leitura que o CNE fez do livro em questão é digna dos “alternativos de Salvador” em compreensão aviltante.
Sintomaticamente, Caçadas de Pedrinho é um livro que critica com acidez a burocracia estatal, comparando o Estado a um paquiderme sem competência para resolver simples problemas. É a história do rinoceronte Quindim, que fugiu de um circo. Daí o governo cria um “Departamento Nacional de Caça ao Rinoceronte”, monstro burocrático com um chefe e 12 auxiliares, muito bem remunerados, além de “um grande número de datilógrafas e encostados”. Todo esse pessoal se esforça ao máximo para não encontrar o bicho, uma vez que, se isso acontecer, eles perdem sua boquinha. Quindim acaba ficando no Sítio, cúmplice das crianças e em desafio ao Estado caçador. Por esse conteúdo onde os meninos protagonizam a rebeldia, a obra de Lobato chegou a ser classificada de “comunista” pelo padre jesuíta Sales Brasil, em 1959. Agora é o movimento negro que quer barrá-la, argumentando que o racismo da obra se manifesta em passagens como "Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma macaca de carvão". Numa cena em que a velha (ainda se pode falar “velho” no Brasil?) demonstra agilidade para fugir das onças. Em sua defesa de Lobato, a escritora Ana Maria Machado lembra que Tia Nastácia “encarna a divindade criadora (...). Ela é quem cria Emília, de uns trapos. Ela é quem cria o Visconde, de uma espiga de milho. Ela é quem cria João Faz-de-Conta, de um pedaço de pau. Ela é quem ‘cura’ os personagens com suas costuras ou remendos. Ela é quem conta as histórias tradicionais, quem faz os bolinhos. Ela é a escolhida para ficar no céu com São Jorge”. A verdade é que as personagens negras do Sítio são generosas e lindas, Tia Nastácia e Tio Barnabé são criações maravilhosas, pobres de dinheiro (reflexo da realidade), mas ricas de conhecimentos, doçura e sabedoria (idem).
O problema é que a escravidão no Brasil foi um processo tão cruel (e duradouro!) que o trauma é grande demais. Por isso, há como que uma indulgência mórbida em relação à causa negra. E uma espécie de “caça às bruxas”. Assim, se alguém por acaso se coloca contra as cotas para negros nas universidades é imediatamente tachado de racista. E essa simplificação, demasiado negativa, tem levado muita gente a mentir sua posição com medo de levar o selo, criando uma censura tácita que até então servira justamente aos antípodas das causas negras. Os donos do poder. Será que o que se quer é apenas trocar o poder de mão (de cor?) e não reestruturar o caráter das relações humanas? Mas eu, por exemplo, que sou um mulato escuro (o desrespeito à miscigenação que fazer de mim um preto na tora, mas lembro agora um verso de Leopoldo Madrugada: “não sou preto, eu chego perto”) não sou a favor das cotas. O professor Waldir Freitas Oliveira (Obá de Xangô, a única pessoa a quem Mãe Stella tem obrigação de tomar a bênção) também não é. E não somos racistas nem alienados, repito. O movimento negro, que em geral reivindica e denuncia coisas e causas verdadeiras e importantes, está emburricando estas discussões como os partidos políticos imbecilizaram o “assunto aborto” para ganhar os votos dos cristãos. E volto ao livro do Lobato, chamado de “comunista” por um padre e de “racista” pelo movimento: burrice é burrice em qualquer canto, seja de padre ou de preto. O diabo é que o texto está longo demais e eu queria escrever um outro, enorme, só sobre Monteiro Lobato. E outro, ‘inda maior, sobre a minha experiência como negro-mestiço no Brasil. Mas é preciso respeitar a paciência do leitor. Então encerro citando o próprio Lobato (nome do bairro do petróleo), autor de O Presidente Negro: “Um país se faz com homens e livros”. Quando assim for, finalmente não precisaremos mais da paródia: “Um país se faz com homens e cotas (e censura aos grandes livros)”.
"James Martins é poeta, sem livros publicados. Com o recital 'pós-nada - q a poesia precisa voltar a ñ ser o q era antes' (2003), raras vezes apresentado e nunca em condições ideais, reformulou algo do jeito de dizer e mostrar poemas e acabou chamando a atenção do poeta Augusto de Campos, de quem se gaba da amizade. Desde meados de 2009 redige a coluna Cheio de Arte, no site Bahia Notícias (Samuel Celestino)."
Violonista-Nortecoreana de 5 anos
Recebi do músico baiano Tuzé de Abreu este surpreendente vídeo. Muitas vezes podemos desconfiar destes pequenos prodígios. Mas, afinal, o Mozart não começou a tocar e compor aos seis anos?
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terça-feira, 23 de novembro de 2010
Paris visto do céu
Estas belíssimas fotos de Paris foram feitas pelo conhecido Yann Arthus-Bertarnd, autor de um livro com fotos tomadas de avião ou helicóptero no mundo inteiro. Você vai se apaixonar por esta capital francesa. Aprecie o Louvre, considerado o maior museu do mundo, e o Centre Pompidou, que suscitou tanta polémica quando foi inaugurado.
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Sivuca - Céu e Mar
Descobri, ainda nos anos 60, um músico estranho que tocava no subsolo do bar "O galo" a esquerda da entrada do Parque Meyer, em Lisboa, a dois passos da Praça da Alegria. Bar mal afamado, aquele... Mulheres da noite com maquiagem discreta, malandros engravatados e boa música. Poucos burgueses se atreviam a descer a estreita escadinha em caracol. O mulato albino um dia seria reconhecido como um génio da sanfona...
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Lição de humildade
Era um cara estranho. Vinha com certa freqüência ao Mercado Modelo onde eu tinha minha galeria, sempre com fotos debaixo do braço. Boas, sem, porém, grande personalidade. Algumas semanas depois do desastroso incêndio de 87 que acabou com todo meu acervo - várias peças únicas de arte popular e muitas obras de então jovens artistas hoje consagrados - ele veio mostrar as fotos que fizera das ruínas ainda fumegantes do interior da antiga alfândega.
Abriu duas grandes caixas de fotos, escolheu algumas e declarou desejar que eu escolhesse uma como presente. Muita gentileza, não precisa. Insistiu. Após rápida olhada, observei que todas, umas seis fotos, apresentavam algum tipo de defeito, geralmente um pronunciado rasgo. “È por isso que quero lhe dar uma...” me respondeu com a maior calma. No mesmo tom, tive que esclarecer que não costumava receber presentes “de segunda”.
O fotógrafo nada protestou e fechou as caixas com naturalidade.
Seria o fim de um relacionamento? Nada disso. Continuou, sem o menor constrangimento, subindo até o primeiro andar do bazar para bater papo. Isto foi durante mais alguns meses. Até um dia chegar com uma pergunta bem objetiva. Olhando nos meus olhos:
“Estou elaborando, com o centro cultural X, no Recôncavo, um evento artístico que pretendemos repetir a cada dois anos. Estamos formando o júri. Agora precisamos fechar a lista. Você teria uma sugestão de alguém que tenha um bom conhecimento da área, da história da arte, espírito crítico, com critérios fundamentados?”.
Com a mesma segurança, olhando bem dentro de seus olhos, respondi:
-Sim... Eu!
-Não, Dimitri... Estou falando a sério!
Ainda hoje, pensando nesta atitude de cafajeste ingênuo, dou risada. Recebi, naquela manhã uma bela lição de humildade, senão de educação.
Salvador 15 de novembro de 2010.
sábado, 20 de novembro de 2010
Quanta semelhança!
Vejam só como a vida dos parlamentares suecos se parece com os nossos. E ainda Brasília está pensando aumentar os salários de 30%! Era o que faltava!
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Após devida reflexão e leitura de crónica do João Ubaldo Ribeiro, cheguei a conclusão que cada povo tem da felicidade uma concepção diferente. Lá, os políticos dão prioridade a comunidade. Aqui pensam que primeiro cada um tem que cuidar de sua própria felicidade. Só assim poderão se debruçar sobre a felicidade alheia. Não tem uma certa lógica?...
PS.- A propósito: O José Sarney ja devolveu o dinheiro (R$3.400,00) recebido mensal e indevidamente para pagamento de aluguel funcional, ja que o queridinho tem residência fixa em Brasília?
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Após devida reflexão e leitura de crónica do João Ubaldo Ribeiro, cheguei a conclusão que cada povo tem da felicidade uma concepção diferente. Lá, os políticos dão prioridade a comunidade. Aqui pensam que primeiro cada um tem que cuidar de sua própria felicidade. Só assim poderão se debruçar sobre a felicidade alheia. Não tem uma certa lógica?...
PS.- A propósito: O José Sarney ja devolveu o dinheiro (R$3.400,00) recebido mensal e indevidamente para pagamento de aluguel funcional, ja que o queridinho tem residência fixa em Brasília?
Dançarinos Prisioneiros
Estes são os dançarinos prisioneiros do Centro de Detenção e Reabilitação da Província de Cebu, na Filipinas. Têm imensas coreografias - que fazem sucesso, muitas no youtube e que foram uma idéia de Byron Garcia, um consultor de segurança do governo da província de Cebu. Ele afirma que a nova rotina de exercícios melhorou "drasticamente" o comportamento dos presos e dois ex-detidos transformaram-se em dançarinos desde então.
"Usando a música, pode envolver o corpo e a mente. Os prisioneiros têm que contar, memorizar passos e seguir a música", disse Garcia à BBC.
"Os prisioneiros dizem-me: "precisa colocar a sua mente longe da vingança, da loucura ou de planos para escapar da prisão ou juntar-se a uma gangue'", acrescentou Garcia.
A dança é obrigatória para todos os 1,6 mil detidos na prisão de Cebu, excepto para os idosos e doentes.
Clique no link abaixo para ver o video
http://www.youtube.com/watch_popup?v=mKtdTJP_GUI
Confesso que assisti ao video com certa restrição. Era bom demais para ser verdade. Fui verificar no Google, e realmente, este é o grande diferencial da prisão de Cebu, nas Filipinas. Que tal o governo brasileiro aplicar esta terapia nos nossos centros de detenção que não passam de escolas do crime, visto as vergonhosas condições de sobrevivência destes esquecidos pela sociedade? E algum de você ouviu o José Serra ou a Dilma Rousseff mencionar um programa para melhorar esta situação?...
"Usando a música, pode envolver o corpo e a mente. Os prisioneiros têm que contar, memorizar passos e seguir a música", disse Garcia à BBC.
"Os prisioneiros dizem-me: "precisa colocar a sua mente longe da vingança, da loucura ou de planos para escapar da prisão ou juntar-se a uma gangue'", acrescentou Garcia.
A dança é obrigatória para todos os 1,6 mil detidos na prisão de Cebu, excepto para os idosos e doentes.
Clique no link abaixo para ver o video
http://www.youtube.com/watch_popup?v=mKtdTJP_GUI
Confesso que assisti ao video com certa restrição. Era bom demais para ser verdade. Fui verificar no Google, e realmente, este é o grande diferencial da prisão de Cebu, nas Filipinas. Que tal o governo brasileiro aplicar esta terapia nos nossos centros de detenção que não passam de escolas do crime, visto as vergonhosas condições de sobrevivência destes esquecidos pela sociedade? E algum de você ouviu o José Serra ou a Dilma Rousseff mencionar um programa para melhorar esta situação?...
Passivo de radiação
RIO DE JANEIRO - O avião pousa em Congonhas, 99% dos passageiros sacam o celular e anunciam para alguém: "Cheguei". Eu, o 1%. As pessoas que me esperam para uma reunião sabem a hora do meu voo e podem passar sem essa informação. Desço a rampa rumo aos táxis, a tempo para o compromisso e saboreando o encontro com alguém querido ou o jantar que virá depois. Enquanto isso, sujeitos passam por mim afobados, rebocando a mala e bufando ao celular, discutindo medidas que não podem esperar nem um minuto ou para quando tiverem acabado de chegar.
Para mim, o estresse provocado por essa comunicação fácil e onipresente já seria asfixiante, motivo pelo qual mantenho distância de celulares -não quero ficar "on" o dia todo. Pois, agora, as graves denúncias da cientista americana Devra Davis, 64 anos, autoridade mundial em saúde pública e ambiental, completam minha apreensão. Seu livro "Disconnect", lançado em NY em setembro e ainda sem editor no Brasil, tem o subtítulo "A Verdade sobre a Radiação dos Telefones Celulares".
Segundo ela, a radiação que se desprende de um celular à orelha reduz as defesas do cérebro, induz à perda de memória, aumenta o risco de Alzheimer, interfere no DNA e é um agente cancerígeno. E a indústria sabe disso, mas ninguém interfere num negócio de trilhões de dólares se não for obrigado.
É cruel. As crianças são loucas pelo celular, e seu cérebro, ainda em formação, absorve até mais radiação que o dos adultos. A radiação de um celular usado num elevador rebate nas paredes e afeta quem está por perto, como acontece com o fumo. E é possível que só agora, anos depois, os verdadeiros efeitos nocivos dos celulares estejam se fazendo sentir.
A primeira pessoa que conheci com celular, em 1993, morreu este ano, de câncer no cérebro. Era um famoso jornalista esportivo.
Ruy Castro.
Importante jornalista do Rio, Ruy Castro participou, nos tempos idos, do Pasquim, entre outras iniciativas. É particularmente versado em música e cinema, e relevante formador de opinião em temas diversos, como política.
Para mim, o estresse provocado por essa comunicação fácil e onipresente já seria asfixiante, motivo pelo qual mantenho distância de celulares -não quero ficar "on" o dia todo. Pois, agora, as graves denúncias da cientista americana Devra Davis, 64 anos, autoridade mundial em saúde pública e ambiental, completam minha apreensão. Seu livro "Disconnect", lançado em NY em setembro e ainda sem editor no Brasil, tem o subtítulo "A Verdade sobre a Radiação dos Telefones Celulares".
Segundo ela, a radiação que se desprende de um celular à orelha reduz as defesas do cérebro, induz à perda de memória, aumenta o risco de Alzheimer, interfere no DNA e é um agente cancerígeno. E a indústria sabe disso, mas ninguém interfere num negócio de trilhões de dólares se não for obrigado.
É cruel. As crianças são loucas pelo celular, e seu cérebro, ainda em formação, absorve até mais radiação que o dos adultos. A radiação de um celular usado num elevador rebate nas paredes e afeta quem está por perto, como acontece com o fumo. E é possível que só agora, anos depois, os verdadeiros efeitos nocivos dos celulares estejam se fazendo sentir.
A primeira pessoa que conheci com celular, em 1993, morreu este ano, de câncer no cérebro. Era um famoso jornalista esportivo.
Ruy Castro.
Importante jornalista do Rio, Ruy Castro participou, nos tempos idos, do Pasquim, entre outras iniciativas. É particularmente versado em música e cinema, e relevante formador de opinião em temas diversos, como política.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
RETALHOS 27
Não sei se o governo tem alguma prioridade para reabilitar o histórico Solar do Saldanha, que após longa reforma, foi sede do Liceu de Artes e Ofícios e acabou em falência fraudulenta sem que ninguém fosse responsabilizado e muito menos punido. Felizes da vida e com conta bancário polpuda, continuam arrotando impunidade. Uma manhã dessas resolvi me aventurar nesta parte oculta da cidade, passando frente ao que resta do Cinema Popular e subindo até o magnífico portão que tanto se assemelha ao do Solar Ferrão. Eram 11:45 da manhã, sexta-feira ensolarada. Enquanto operários continuavam trabalhando pelas ruínas vizinhas, um grupo de cinco jovens, sentado nos degraus do portão, fumava crack sem o menor constrangimento. Onde está a consciência social destas empresas que não se mobilizam para mudar tão lamentável decadência? Onde estão os poderes públicos que fazem tantos projetos e discursos e tampouco sabem colocar suas declarações em prática?
Na entrevista publicada por A Tarde, o sociólogo Alain Touraine afirma: “Ninguém sabe o que democracia significa hoje, cada um tem sua definição. Para mim, democracia é ampliar o acesso de todos a serviços e bens básicos, como educação e saúde, entre outras coisas.” Pois é. Mas se não tiver liberdade de expressão, esta definição de democracia não passará de um regime ditatorial estilo Cuba.
Passear no centro histórico na segunda-feira do feriadão foi uma viagem ao purgatório. E olhe que ainda estou com um restinho de esperança. Continuo me perguntando para que serve o tijolo recentemente publicado sobre o Centro Antigo de Salvador se as sarjetas continuam, ao meio-dia, cheias de lixo, se adolescentes magros e imundos continuam dormindo ao relento a três metros do Juizado de Menores - cujos funcionários passam o dia conversando, cochilando ou assistindo televisão – e se carros, motos e caminhões invadem os espaços reservados aos pedestres. Quantos empregados são pagos pelo erário (nós) para, anos a fio, não fazerem absolutamente nada?
Ao perguntar à artista Bárbara Tércia por que suas intervenções no centro histórico de Salvador eram de tamanho tão modesto, ela respondeu que obedecia as exigências do Iphan, limitando as projeções no calçamento ás dimensões de pouco mais de uma folha de jornal. Qual o (a) genial arquiteto (a) para inventar tão idiota imposição e com que argumento? Gente! Trata-se de projeção efêmera, não de interferência permanente! Apagou a câmera, desaparece a obra. Estes burrocratas...
Após mais de um ano de silêncio, finalmente parece que as duas casas compradas pela atriz global Regina Casé serão restauradas. Supõe-se que o atraso seja a costumeira lentidão da Sucom. O arquiteto responsável é o incontornável Davi Bastos. Teremos muitos sofás brancos para curtir a vista sobre a baía.
Anos faz, o escritor Fernando Morais tinha anunciado que estava escrevendo uma biografia “autorizada” de Antônio Carlos Magalhães. E aí? Desistiu?
O Bahia Negócios publicou! Lula fará força para vender Costa de Sauípe. O maior buraco, até agora, nas contas da Previ (fundo dos empregados do Banco do Brasil) é o complexo hoteleiro Costa do Sauípe, no litoral norte da Bahia. Os últimos investimentos ali realizados, em torno de R$ 30 milhões, pouco serviram para melhorar a ocupação dos 1.600 apartamentos dos 5 hotéis e 6 pousadas. A esperança está em um fundo líbio, que, mais uma vez, vem, ao Brasil reatar as negociações. Sobre isto o presidente Lula, como tábua de salvação, já teria conversado com seu amigo Muammar Kadafi. Trade do turismo defende a implantação do Horário de Verão para a Bahia O presidente do Conselho Baiano de Turismo, Silvio Pessoa, enviou documentação ao governador Jaques Wagner, acentuando que o Horário de Verão é aprovado por 66% dos nordestinos. Citando a racionalização do uso de energia elétrica como uma questão mundial adotada em todos os continentes, o CBT observa o quanto esta política beneficiará os estados da região, em especial a Bahia, com longas horas para se aproveitar o sol como lazer. Voos da Webjet continuam causando problemas aos passageiros. Os monitores da Infraero nos principais aeroportos do Brasil registraram, até agora, 13 atrasos (20,6%) e 19 cancelados (30,2%) dos 63 voos programados para hoje pela companhia aérea Webjet. A situação da empresa continua difícil, principalmente com a proibição de vender passagens, determinada ontem pela ANAC. Salvador terá Oceanário, Palco Articulado no Pelourinho e um novo Terminal Marítimo. Os projetos custarão R$ 11 milhões, com recursos do Ministério do Turismo e do Estado da Bahia. Os editais de concorrências para a execução das obras serão liberados no próximo mês. O Oceanário reproduzirá a complexa diversidade dos seres vivos que habitam os oceanos Atlântico, Antártico, Pacífico e Índico.
Sei que isso pode provocar uma briga (....). Sei que vai parecer piada ou que sou louco, mas afirmo que nem uma coisa, nem outra, Silvio Santos tornou-se ontem para mim, o HOMEM DO ANO. Como sabem, o Banco Panamericano amanheceu ontem com um rombo de mais de 2 bilhões. O banco pertence ao Silvio através de sua holding.
Claro que de alguma maneira a culpa é dele. Na melhor das hipóteses nomeou pessoas desqualificadas ou desonestas para tocarem uma empresa dele. Nunca saberemos a verdadeira história. Em breve saberemos quem foram os culpados e o que de fato houve.
Sílvio Santos, durante décadas foi o maior pagador de imposto de renda no Brasil.
Chegou em alguns anos a pagar mais IR do que montadoras de carro, por exemplo.
Ele poderia ter feito o que fizeram as pessoas do Banco Santos, Marka e quem sabe, Econômico, Banespa e afins. Poderia ter ido ao BNDES, como vários fizeram.
Poderia ter culpado alguém, aberto um processo e se protegido, escondendo bens e dinheiro em nomes de alguns familiares e “laranjas”. Poderia ter feito o que várias pessoas poderosas fizeram e fazem neste país e se ancorar na lentidão da justiça.
Poderia também ter deixado o banco quebrar e ver no que dava. Silvio foi pessoalmente às negociações.
Colocou TODOS os seus bens como garantia.
Deu tudo o que possui, sem questionar uma óbvia sub-avaliação dos mesmos. Ele tem agora 3 anos de carência e mais 10 anos para pagar esses 2,5 bi. Anunciou que vai vender tudo o que tem, porque nunca ficou devendo dinheiro pra ninguém. Depois de tudo isso, vai atrás dos culpados e ver o que de fato aconteceu. Ninguém, exceto ele, perdeu dinheiro até agora. As dívidas foram quitadas e os funcionários trabalham normalmente.
Este texto, mandado pela internet sem autoria, me parece importante, por que não é todo dia, neste mundo de colarinhos brancos, que a gente encontra alguém honesto.
O Google afirma que Marcelo Guimarães fez fortuna na área de segurança. No entanto, a PROTEC acaba de entrar em falência. Terceirizada para a segurança patrimonial da Prefeitura, reclama não ter sido paga pelos serviços prestados. Por mera coincidência, outra firma do mesmo tipo deve ocupar o lugar. Podemos sugerir o nome de Salamandra S/A? Trata-se de um animal mítico que renasce de suas próprias cinzas.
O escritor Oleone Coelho Fontes informa que o escritor, poeta e dramaturgo baiano Antonio Lins, ex-presidente da Fundação Gregório de Mattos, aceitou convite do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para presidir a Pinacoteca do Estado, uma das mais importantes da América Latina, com um acervo avaliado em mais de U$ 20 milhões. Resta saber quanto tempo vai ficar na poltrona.
Esta entrevista, da maior importância para a cultura baiana (não ria, por favor!), foi divulgada pelo blog “BN Holofote", do colunista Josemar Argelo Jr. Conservar em lugar seguro!
Jesus Sanzalo foi casado com Luciana Rique
Coluna Holofote: Quais os principais negócios da família Sangalo e como é para você estar à frente desses negócios?
Jesus Sangalo: Temos muitos colabores. Eu não estou à frente de tudo porque tem muita gente que me ajuda. Mas o principal negócio é a Caco de Telha.
CH: A Caco de Telha é uma empresa que começou meio que despretensiosamente ou o nível de negócios de vocês já era esperado?
JS: Eu particularmente achava que ia crescer, mas não sabia que ia crescer tanto. Mas se você me perguntar se eu tinha certeza, eu responderia que não.
CH: Você é tido como o todo poderoso do entretenimento baiano. Isso certamente se deve ao principal produto com que você trabalha que é Ivete Sangalo. Se fosse outro produto, outro artista, você acha que teria tanto sucesso?
JS: Eu acho que não. Ela é uma grande artista e isso ajuda a difundir tudo. Se eu não fosse irmão dela, eu não se a empresa alcançaria tanto sucesso.
CH: Lidar com artista tem pontos negativos e positivos. Mas, na visão de empresário, qual o melhor e o pior de administrar a carreira de uma cantora como Ivete Sangalo?
JS: O melhor disso é você sabe que aquilo é verdade, e o pior é alguém dizer que isso não é verdade.
CH: Você revelou em entrevista que em abril de 2012 finalmente Salvador vai ganhar sua tão sonhada casa de espetáculos. Esse é um projeto antigo. Você acha que a casa sai mesmo em 2012?
JS: A expectativa é que saia. Mas todas as vezes que eu tentei, não consegui. Eu não entendo muito da Lei Orgânica do Município, e não tem como fazer as coisas ao contrário sem a lei. Uma casa não é um banheiro em casa que você muda de lugar. Agora, eu acho que Salvador tem condições de ter muito mais casas. A questão de construir fisicamente é muito fácil.
CH: então, qual o principal impedimento para a construção da casa de shows?
JS: Em minha opinião não falta nada.
CH: Mas você e Ivete ainda têm vontade de construir a casa?
JS: Desculpa eu falar assim, mas vontade é coisa que dá e passa.
CH: Falando em projetos, como anda o filme “Ivete Stellar e a Pedra da Luz”? Vai ser uma produção nacional ou tem parceria com alguma empresa internacional?
JS: Inicialmente eu pensava que a gente podia fazer sozinho, mas não há condições.
CH: Então o ideal é buscar parcerias para esse projeto?
JS: Claro.
CH: A Caco de Telha chama atenção pelo sucesso e, principalmente, por abrigar em diversas funções membros da família Sangalo. Trabalhar ao lado da família ajuda muito?
JS: Ajuda muito, é fundamental. É tudo muito mais fácil.
CH: Os conflitos pessoas não interferem no profissional, e vice-versa?
JS: Claro que interfere. Te digo isso com toda tranqüilidade.
CH: E como é sua relação com Ivete como irmão e como empresário?
JS: Minha relação com Ivetinha não é de irmão, não é de empresário. É de pai! Eu não tenho relação com ela de empresário, eu não sei ser isso.
CH: O que você acha dos comentários que saíram recentemente na mídia que atestaram que vocês tinham rompido?
JS: A melhor coisa é você saber que a relação é de verdade, e a pior coisa é você saber que é mentira e não poder interferir.
CH: Para uma cantora como Ivete Sangalo, o que é mais difícil nessa vida de artista?
JS: Na verdade, eu acho que o mais difícil é ser artista, ter inventividade.
CH: Você acha que a vida pessoal de uma personalidade como Ivete interfere na pessoal?
JS: Interfere, sim.
CH: Ivete sempre foi muito espontânea e sempre disse tudo que vem à mente. Isso já causou grandes problemas?
JS: Não causa problemas porque é espontâneo.
CH: É a verdade dela?
JS: É a nossa verdade.
CH: Há muito assédio da mídia com toda a família Sangalo, inclusive com Marcelo, que é seu sobrinho...
JS: (interrompendo a pergunta) Quem é Marcelo?
CH: Marcelo Sangalo, seu sobrinho.
JS: Não vamos falar sobre isso.
CH: Mas eu só ia me referir ao assédio.
JS: Não vamos falar sobre isso, tá (sic) bom.
CH: Certo, agora...
JS: (interrompendo novamente) Valeu amigo velho, muito obrigado viu.
CH: OK, boa tarde!
JS: Tchau.
Jesus Sangalo: Temos muitos colabores. Eu não estou à frente de tudo porque tem muita gente que me ajuda. Mas o principal negócio é a Caco de Telha.
CH: A Caco de Telha é uma empresa que começou meio que despretensiosamente ou o nível de negócios de vocês já era esperado?
JS: Eu particularmente achava que ia crescer, mas não sabia que ia crescer tanto. Mas se você me perguntar se eu tinha certeza, eu responderia que não.
CH: Você é tido como o todo poderoso do entretenimento baiano. Isso certamente se deve ao principal produto com que você trabalha que é Ivete Sangalo. Se fosse outro produto, outro artista, você acha que teria tanto sucesso?
JS: Eu acho que não. Ela é uma grande artista e isso ajuda a difundir tudo. Se eu não fosse irmão dela, eu não se a empresa alcançaria tanto sucesso.
CH: Lidar com artista tem pontos negativos e positivos. Mas, na visão de empresário, qual o melhor e o pior de administrar a carreira de uma cantora como Ivete Sangalo?
JS: O melhor disso é você sabe que aquilo é verdade, e o pior é alguém dizer que isso não é verdade.
CH: Você revelou em entrevista que em abril de 2012 finalmente Salvador vai ganhar sua tão sonhada casa de espetáculos. Esse é um projeto antigo. Você acha que a casa sai mesmo em 2012?
JS: A expectativa é que saia. Mas todas as vezes que eu tentei, não consegui. Eu não entendo muito da Lei Orgânica do Município, e não tem como fazer as coisas ao contrário sem a lei. Uma casa não é um banheiro em casa que você muda de lugar. Agora, eu acho que Salvador tem condições de ter muito mais casas. A questão de construir fisicamente é muito fácil.
CH: então, qual o principal impedimento para a construção da casa de shows?
JS: Em minha opinião não falta nada.
CH: Mas você e Ivete ainda têm vontade de construir a casa?
JS: Desculpa eu falar assim, mas vontade é coisa que dá e passa.
CH: Falando em projetos, como anda o filme “Ivete Stellar e a Pedra da Luz”? Vai ser uma produção nacional ou tem parceria com alguma empresa internacional?
JS: Inicialmente eu pensava que a gente podia fazer sozinho, mas não há condições.
CH: Então o ideal é buscar parcerias para esse projeto?
JS: Claro.
CH: A Caco de Telha chama atenção pelo sucesso e, principalmente, por abrigar em diversas funções membros da família Sangalo. Trabalhar ao lado da família ajuda muito?
JS: Ajuda muito, é fundamental. É tudo muito mais fácil.
CH: Os conflitos pessoas não interferem no profissional, e vice-versa?
JS: Claro que interfere. Te digo isso com toda tranqüilidade.
CH: E como é sua relação com Ivete como irmão e como empresário?
JS: Minha relação com Ivetinha não é de irmão, não é de empresário. É de pai! Eu não tenho relação com ela de empresário, eu não sei ser isso.
CH: O que você acha dos comentários que saíram recentemente na mídia que atestaram que vocês tinham rompido?
JS: A melhor coisa é você saber que a relação é de verdade, e a pior coisa é você saber que é mentira e não poder interferir.
CH: Para uma cantora como Ivete Sangalo, o que é mais difícil nessa vida de artista?
JS: Na verdade, eu acho que o mais difícil é ser artista, ter inventividade.
CH: Você acha que a vida pessoal de uma personalidade como Ivete interfere na pessoal?
JS: Interfere, sim.
CH: Ivete sempre foi muito espontânea e sempre disse tudo que vem à mente. Isso já causou grandes problemas?
JS: Não causa problemas porque é espontâneo.
CH: É a verdade dela?
JS: É a nossa verdade.
CH: Há muito assédio da mídia com toda a família Sangalo, inclusive com Marcelo, que é seu sobrinho...
JS: (interrompendo a pergunta) Quem é Marcelo?
CH: Marcelo Sangalo, seu sobrinho.
JS: Não vamos falar sobre isso.
CH: Mas eu só ia me referir ao assédio.
JS: Não vamos falar sobre isso, tá (sic) bom.
CH: Certo, agora...
JS: (interrompendo novamente) Valeu amigo velho, muito obrigado viu.
CH: OK, boa tarde!
JS: Tchau.
Mas a final o que fez este garotão Marcelo? Algum leitor pode informar?
Para terminar com um sorriso. Você talvez não saiba que Maria Gasolina é moça que só sai com homens que possuem carro. Já uma Maria Chuteira só anda com jogadores de futebol. De preferência ricos.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Las Meninas
Uma excelente análise da obra-prima (uma delas!) de Diego Velazquez.
Aconselho "Baixar" e esquecer o fundo musical, anacrónico além de medíocre.
Las Meninas.pps 5021K Visualizar Baixar |
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Quebra-cabeça do MAPA DO BRASIL
Vamos ver como está nosso conhecimento sobre o mapa do BRASIL?
http://www.cambito.com.br/games/brasil.htm
http://www.cambito.com.br/games/brasil.htm
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Église de São Francisco á Salvador de Bahia
Si vous la connaissez déjá, voici une bonne occasion de la revoir. Et si vous n´êtes jamais venu dans cette ville qui fut la première capitale du Brésil, je suis sûr que ce diaporama vous donnera envie de venir.
http://www.onzeonze.com.br/blog360/toursaofrancisco/index.html
http://www.onzeonze.com.br/blog360/toursaofrancisco/index.html
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
OS CONTOS DE HOFFMAN
Nesta extraordinária produção de "Les contes d´Hoffman" de Jacques Hoffenbach*, a soprano coloratura francesa Nathalie Dessay dá uma demonstração ímpar, não somente de sua voz maravilhosa, podendo chegar até o Dó agudo, mas também de seus talentos de comediante
*Jacques Hoffenbach, judeu alemão, foi muito jovem estudar e trabalhar em Paris. Autor de "La belle Hélène" e "La vie parisienne", foi o inventor do french can-can. Após anos de triunfo, acabou perdendo sua fortuna. Amargado pelas sucessivas derrotas resolveu escrever uma obra que o consagrasse para a posteridade. Infelizmente, morreu cinco meses antes do triunfo de "Les contes d´Hoffman"
Soledad Villamil - Morir de amor
Soledad Villamil... Quem esqueceu esta mulher bela e misteriosa de "O segredo de teus olhos", Oscar do Melhor Filme Estrangeiro? Pois, além de excepcional atriz, ela também é excelente cantora. Vale a pena mergulhar em outras seleções do youtube.
Morte e vida severina (extrato)
O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI
— O meu nome é Severino, como não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria
como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
— O meu nome é Severino, como não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria
como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Um dragão está nos engulindo!
A China do Futuro e o Futuro é Hoje...
A verdade é que agora, tudo o que compramos é Made in China.
.......Eis um aviso para o futuro!
Mas quem liga para esse aviso?
Actualmente ....Ninguém !
Agora é só ....aproveitar E APROVEITAR ...!
E depois como será para os nossos filhos ?
JÁ PENSOU COMO FICARÁ A CHINA DO FUTURO?
A verdade é que agora, tudo o que compramos é Made in China.
.......Eis um aviso para o futuro!
Mas quem liga para esse aviso?
Actualmente ....Ninguém !
Agora é só ....aproveitar E APROVEITAR ...!
E depois como será para os nossos filhos ?
JÁ PENSOU COMO FICARÁ A CHINA DO FUTURO?
sábado, 13 de novembro de 2010
J. Velloso e os Cavaleiros de Jorge - Santo Antonio
Esta criação de J. Velloso entrou para o folclore baiano desde sua primeira aparição. Não tem quase nenhuma trezena de Santo Antônio que nao termine com esta linda música...
Clementina de Jesus - "Menininha do Gantois" (1982)
Três homenagens de uma vez sò! Mãe Minininha do Gantois, Dorival Caymmi e Clementina de Jesus. A coisa mais linda do mundo! Pérolas negras que não derretem na memória...
Trapaça no Jabuti em favor de Chico Buarque
Nada nos faz acreditar que outras trapaças não tenham acontecido, neste Prêmio Jabuti, como em alguns outros prêmios editoriais. Para tanto, basta usufruir de padrinho poderoso. Claro que não estou pensando em ninguem especial...
http://www.correiodopovo.com.br/Opiniao/?Blog=Juremir+Machado+da+Silva
Brasil, Brasil, Brasil!
Terra de trapaças e outros ardis.
Terra de Chico Buarque e outros fuzis.
Terra de Casa Grande & Senzala.
Chico Buarque ficou em segundo lugar na classificação do prêmio Jabuti.
A comissão de jurados colocou seu "Leite derramado" na segunda posição.
A diretoria da Câmara Brasileira do Livro (CBL), dona do Cágado, quer dizer, do Jabuti, resolveu inverter as posições.
Afinal, como dizem as tietes, Chico é Chico. Ai...
Chico virou primeiro.
O primeiro virou segundo.
Segundo, no Brasil, não existe.
Assim se fazem as reputações.
Assim se fazem os generais.
Assim se fazem os nomes de ruas.
Chico nem corou.
Desta vez, foi buscar o prêmio.
Sérgio Machado, dono do poderoso Grupo Editorial Record, botou a boca no trombone.
Chutou o balde.
Tirou suas editoras do prêmio.
Mandou uma carta para a CBL e para os jornais.
Diz assim:
"O Grupo Editorial Record – composto pelas editoras Record, Bertrand, Civilização Brasileira, José Olympio, Best Seller e Verus – decidiu que não participará da próxima edição do Prêmio Jabuti para claramente manifestar sua discordância com os critérios de atribuição do Livro do Ano de ficção e não-ficção. Tais critérios não só permitem como têm sistematicamente conduzido à premiação de obras que não foram agraciadas em seleções prévias do próprio prêmio como as melhores em suas categorias.
Como editores preocupados com a Cultura e a ampliação da leitura no Brasil, nós entendemos que um prêmio literário visa a estimular a criação literária reconhecendo-a pelo critério exclusivo da qualidade. Não aceitamos – principalmente em um país como o nosso, onde quase sempre o mérito é posto em segundo plano – que o principal prêmio literário atribuído pelo setor editorial possa ser conferido a um livro que não esteja entre aqueles considerados os melhores em seus respectivos gêneros.
Infelizmente, a edição de 2010 do Jabuti não foi a primeira em que essa situação esdrúxula ocorreu. Em outra oportunidade, o mesmo agraciado deste ano preferiu não comparecer à entrega do prêmio, talvez por não se considerar merecedor da distinção. Grande constrangimento na cerimônia. Em 2008, a situação se repetiu, com o agravante de o então vencedor da categoria Melhor Romance do Jabuti ter conquistado também todos os outros prêmios literários conferidos no Brasil. O episódio causou tal estranheza e mal-estar que foi grande a repercussão na imprensa. Na época, passamos a acreditar que seriam feitos os necessários ajustes na premiação para que esses equívocos parassem de ocorrer.
Vimos, porém, que os critérios equivocados continuaram em vigor em 2010, com a diferença somente de o autor agraciado desta vez aceitar a láurea. Tomamos então a decisão de não mais compactuar com a comédia de erros. As normas do Jabuti desvirtuam o objetivo de qualquer prêmio, pondo em desigualdade os escritores que não sejam personagens mediáticos. Para não mencionar fato ainda mais grave: quando é evidente que a premiação foi pautada por critérios políticos, sejam da grande política nacional, sejam da pequena política do setor livreiro-editorial. Como a inscrição das obras concorrentes ao Jabuti é um ato voluntário de cada Editora participante, e feito de forma onerosa, optamos não mais participar da premiação, até que as medidas necessárias para a correção de seu rumo sejam adotadas".
Aos seus autores, Sérgio Machado disse por e-mail:
"O Grupo Editorial Record decidiu que não mais participará do Prêmio Jabuti até que as regras e critérios de escolha do Livro do Ano sejam modificadas. Como editor responsável e orgulhoso de ter em catálogo o melhor da literatura nacional, não posso admitir que nossos autores sejam submetidos a recorrentes situações de constrangimento e injustiça. Enviei , hoje, à Câmara Brasileira do Livro e à Comissão do Prêmio Jabuti a carta comunicando esta decisão. Deixo claro que a posição da editora não impede que cada autor se inscreva individualmente no prêmio, o que é perfeitamente possível e legítimo. Só não queremos participar institucionalmente de um processo equivocado que dá margem a distorções vergonhosas".
Não vi publicada a carta de Sérgio Machado em nenhum jornalão brasileiro.
Olhem que é do presidente de um poderoso grupo editorial.
Mas Chico é Chico.
Nem que seja na trapaça!
Que fazer depois do leite derramado?
Chorar as pitangas?
Assim vai a literatura brasileira: a passos de cágado!
http://www.correiodopovo.com.br/Opiniao/?Blog=Juremir+Machado+da+Silva
Brasil, Brasil, Brasil!
Terra de trapaças e outros ardis.
Terra de Chico Buarque e outros fuzis.
Terra de Casa Grande & Senzala.
Chico Buarque ficou em segundo lugar na classificação do prêmio Jabuti.
A comissão de jurados colocou seu "Leite derramado" na segunda posição.
A diretoria da Câmara Brasileira do Livro (CBL), dona do Cágado, quer dizer, do Jabuti, resolveu inverter as posições.
Afinal, como dizem as tietes, Chico é Chico. Ai...
Chico virou primeiro.
O primeiro virou segundo.
Segundo, no Brasil, não existe.
Assim se fazem as reputações.
Assim se fazem os generais.
Assim se fazem os nomes de ruas.
Chico nem corou.
Desta vez, foi buscar o prêmio.
Sérgio Machado, dono do poderoso Grupo Editorial Record, botou a boca no trombone.
Chutou o balde.
Tirou suas editoras do prêmio.
Mandou uma carta para a CBL e para os jornais.
Diz assim:
"O Grupo Editorial Record – composto pelas editoras Record, Bertrand, Civilização Brasileira, José Olympio, Best Seller e Verus – decidiu que não participará da próxima edição do Prêmio Jabuti para claramente manifestar sua discordância com os critérios de atribuição do Livro do Ano de ficção e não-ficção. Tais critérios não só permitem como têm sistematicamente conduzido à premiação de obras que não foram agraciadas em seleções prévias do próprio prêmio como as melhores em suas categorias.
Como editores preocupados com a Cultura e a ampliação da leitura no Brasil, nós entendemos que um prêmio literário visa a estimular a criação literária reconhecendo-a pelo critério exclusivo da qualidade. Não aceitamos – principalmente em um país como o nosso, onde quase sempre o mérito é posto em segundo plano – que o principal prêmio literário atribuído pelo setor editorial possa ser conferido a um livro que não esteja entre aqueles considerados os melhores em seus respectivos gêneros.
Infelizmente, a edição de 2010 do Jabuti não foi a primeira em que essa situação esdrúxula ocorreu. Em outra oportunidade, o mesmo agraciado deste ano preferiu não comparecer à entrega do prêmio, talvez por não se considerar merecedor da distinção. Grande constrangimento na cerimônia. Em 2008, a situação se repetiu, com o agravante de o então vencedor da categoria Melhor Romance do Jabuti ter conquistado também todos os outros prêmios literários conferidos no Brasil. O episódio causou tal estranheza e mal-estar que foi grande a repercussão na imprensa. Na época, passamos a acreditar que seriam feitos os necessários ajustes na premiação para que esses equívocos parassem de ocorrer.
Vimos, porém, que os critérios equivocados continuaram em vigor em 2010, com a diferença somente de o autor agraciado desta vez aceitar a láurea. Tomamos então a decisão de não mais compactuar com a comédia de erros. As normas do Jabuti desvirtuam o objetivo de qualquer prêmio, pondo em desigualdade os escritores que não sejam personagens mediáticos. Para não mencionar fato ainda mais grave: quando é evidente que a premiação foi pautada por critérios políticos, sejam da grande política nacional, sejam da pequena política do setor livreiro-editorial. Como a inscrição das obras concorrentes ao Jabuti é um ato voluntário de cada Editora participante, e feito de forma onerosa, optamos não mais participar da premiação, até que as medidas necessárias para a correção de seu rumo sejam adotadas".
Aos seus autores, Sérgio Machado disse por e-mail:
"O Grupo Editorial Record decidiu que não mais participará do Prêmio Jabuti até que as regras e critérios de escolha do Livro do Ano sejam modificadas. Como editor responsável e orgulhoso de ter em catálogo o melhor da literatura nacional, não posso admitir que nossos autores sejam submetidos a recorrentes situações de constrangimento e injustiça. Enviei , hoje, à Câmara Brasileira do Livro e à Comissão do Prêmio Jabuti a carta comunicando esta decisão. Deixo claro que a posição da editora não impede que cada autor se inscreva individualmente no prêmio, o que é perfeitamente possível e legítimo. Só não queremos participar institucionalmente de um processo equivocado que dá margem a distorções vergonhosas".
Não vi publicada a carta de Sérgio Machado em nenhum jornalão brasileiro.
Olhem que é do presidente de um poderoso grupo editorial.
Mas Chico é Chico.
Nem que seja na trapaça!
Que fazer depois do leite derramado?
Chorar as pitangas?
Assim vai a literatura brasileira: a passos de cágado!
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
A injustiça social venceu
Há vinte anos, jogava futebol no Porto da Barra, com os barraqueiros daquela praia.
Após uma entrada mais dura de um adversário, passamos a nos estranhar; entrávamos nos lances seguintes sempre preparados para um confronto físico - nossas canelas se chocavam como força desproporcional à necessária à resolução da jogada.
Após uma entrada mais dura de um adversário, passamos a nos estranhar; entrávamos nos lances seguintes sempre preparados para um confronto físico - nossas canelas se chocavam como força desproporcional à necessária à resolução da jogada.
Tom ou a longa caminhada
Neuton Bispo dos Santos. Já pelo nome, o leitor poderá completar as informações básicas. Negro e pobre. Tinha uns dezesseis anos, plena puberdade, rosto semeado de espinhas, tímido, calado, olhar esquivo. Apareceu no Bagunçaço, ong que ajudei nos anos 90, dando palpites e tentando convencer patrocinadores e jornalistas a mergulhar nos Alagados.
Relíquia: Martha Rocha - Patrocínio Fratelli Vita Cristais
Este documento é especialemente comovente para os baianos. Além da beleza e da discreta elegância de Martha Rocha, vocês poderão apreciar vários aspectos da cidade, quando a Rua Chile era o cúmulo da sofisticação soteropolitana, quando a Barão de Cotegipe era uma rua alegre e bonita e, claro, a fábrica de cristais da Fratelli Vita levava o nome dos artesãos da Bahia pelo Brasil afora. Mas é bom támbem observar que era, aparentemente, uma cidade branca. Os negros ficavam nos bastidores...
Grandes financiadoras condicionam o Congresso!
JBS mais que duplica 'bancada' no CongressoAlém da ausência da Vale, a maior novidade da lista de grandes financiadoras dos parlamentares eleitos é a emergência de frigoríficos como o JBS, um dos grandes beneficiários dos empréstimos do BNDES no segundo mandato do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Depois de ter contribuído à eleição de 18 parlamentares em 2006, com R$ 2,6 milhões, a maioria do Centro-Oeste, este ano o frigorífico financiou mais do que o dobro em 15 Estados. Gastou R$ 9,1 milhões com a eleição de 39 parlamentares.
A reportagem é de Caio Junqueira e publicada pelo jornal Valor, 10-11-2010.
A reportagem é de Caio Junqueira e publicada pelo jornal Valor, 10-11-2010.
MARIA DA CONCEIÇÃO - "Mãe preta"
No seu livro "Lisbonne, ville noire" o etnólogo Jean-Yves Loude, que passou recentemente por Salvador, comenta sua pesquisa acerca da curiosa história da canção "Barco negro" que ficou famosa na voz de Amália Rodrigues. Na verdade, a obra original, de Piratini e Caco Velho, que se supoem brasileiros, tinha como título "Mãe preta". Em 1952, a portuguesa Maria da Conceição foi sua primeira intérprete e teve uma grande repercussão. Como sua letras falavam de escravidão, a censura de Salazar acabou proibindo sua divulgação. Em 1952, agora com letras do conhecido poeta David Mourão Ferreira, Amália Rodrigues consagrou esta bela música. Mas existem interpretações de "Mãe Preta" por outra conhecida portuguesa, Dulce Pontes e pelo brasileiro Ney Matogrosso. Apresento as duas versões.
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