domingo, 10 de abril de 2016

OS CARAS-DE-PAU

LELO FILHO

O Brasil definitivamente vive uma crise ética sem precedentes. 

Falamos mal de políticos trambiqueiros e da corrupção encravada em nosso país, mas falta muito pra sermos um país melhor. 

Nosso espetáculo A Bofetada, em cartaz atualmente no Teatro Jorge Amado, bem como quase a totalidade das peças produzidas e em cartaz aqui têm seus valores de ingressos congelados há pelos menos 5 ou 6 anos e temos tido - nos últimos anos - em nossos fechamentos de caixa por apresentação cerca de 70 a 80% de ingressos vendidos no valor de MEIA-entrada. 

O derrame de carteirinhas falsas ainda é uma praga que ninguém se atreveu a resolver (embora todo ano ouçamos que providências serão tomadas). Já soube de quem tenha sido ameaçado de morte por tentar ir contra esse comércio criminoso que gera milhões por ano para verdadeiros bandidos. 




Eis que uma nova lei passou a valer esse ano determinando que apenas 40% da lotação seja destinado a quem tem direito a pagar MEIA. Nós artistas vislumbramos uma luz no fim do túnel e algumas possibilidades futuras contando com a arrecadação dentro desse novo panorama. Acreditem, ninguém ficará rico fazendo teatro aqui. 

O que queremos é dignidade no trabalho e reinvestir no próprio grupo e no repertório. Mas eventualmente nos deparamos com algo tão - ou ainda mais - grave que uma carteira de estudante falsa (crime de falsidade ideológica??? Com a palavra amigos advogados, por favor!), que é a venda de CONVITES nas portas do teatro. Isso mesmo que você leu: Na sessão de ontem algumas pessoas que ganharam CONVITES numa PROMOÇÃO estavam tentando vendê-los na porta do Teatro Jorge Amado. 

Até mesmo uma senhorinha, daquelas que ninguém imagina que fará mal a ninguém, tentava vender um CONVITE que ganhara. O que significa dizer que a senhorinha tentava ganhar dinheiro às custas do trabalho de artistas, técnicos, autores, diretores e funcionários do espetáculo e do teatro. 

Atesto que a vida não anda fácil pra ninguém, mas saber dentro do camarim que isso vem acontecendo é extremamente ofensivo ao trabalho de tanta gente para se manter em cena. Especialmente vindo de quem foi beneficiado com a gentileza e cortesia de ver a peça GRATUITAMENTE. 

Aos que ainda fazem ou pensam em fazer algo assim, peço que se coloque no lugar de quem trabalha com Arte e Cultura num país como o nosso. Desde ontem eu tava engasgado. Pronto, desabafei. 

E vamos fazer mais gente feliz logo mais em cena! O palco nos espera queridos 'patifes' da Cia Baiana.

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