por Samuel Celestino
A presidente Dilma Rousseff ainda não conseguiu fechar seu ministério para o segundo mandato. Depara-se com dificuldades na escolha de nomes. Tais dificuldades da presidente são visíveis. Acompanha-a no dia a dia e, certamente, nas noites indormidas, fantasmas que emanam das investigações da Operação Lava Jato. Volta e meia surge um novo fantasma oriundo da ampla corrupção que se espraiou pela Petrobras no seu primeiro mandato, chegando às obras públicas das estatais e dos ministérios ocupados por nomes escolhidos, em conjunto, por ela e Lula na sua primeira eleição.
O temor não a deixa dormir com a tranquilidade. Sua vida transformou-se, pressupõe-se, num inferno, o que seria inadmissível se outros fossem os tempos, principalmente para quem ganhou uma eleição difícil. Os fantasmas saltam do seu PT, partido que pouco a pouco se desmoraliza e desaba em credibilidade. Um dos seus problemas é definir nomes para seu novo ministério e, depois, encontrá-los no noticiário da mídia como envolvidos nas denúncias do grande escândalo que destrói a imagem da Petrobras, antes tida como estatal símbolo do sentimento nacionalista que a aureolou quando fundada, nos idos dos anos 50. Aliás, como ensina o ditado popular que depois da queda vem o coice, a petroleira vê inviabilizar o pré-sal, a partir da queda dos preços do petróleo, que ontem estavam a US$ 56 por barril.
Dilma teme, porque ela própria sabia do que ocorria, embora negue. Até porque seria impossível não saber. Se assim fosse, seria uma presidente com a cabeça no mundo da lua. Faz parte da essência do PT a negativa. Assim aconteceu com o mensalão. Agora, vê-se Lula depor, mas como testemunha, do que supostamente não sabia. O Partido dos Trabalhadores, que emergiu das portas das fábricas do ABC paulista como uma esperança pós-ditadura, desfaz-se aos pedacinhos e em montanhas de dinheiro desviados como propinas para garantir as campanhas eleitorais e a manutenção da estrutura do partido. Dinheiro encaminhado ao tesoureiro João Vaccari Neto - um homem que não se conhece a voz- pelos intermediários das empreiteiras.
A presidente está diante de um ministério a ser montado e de partidos ávidos para participar da divisão do bolo. Além do PT, naturalmente, estão a postos o PMDB, que provavelmente será dilacerado quando surgirem os nomes dos parlamentares corruptos envolvidos no escândalo, e o PP, partido menor, mas nem por isso menos corrupto. Será justo aí, depois de formado o difícil ministério da presidente, que os nomes dos políticos congressistas aparecerão para o conhecimento público. Quando tal acontecer, o Congresso já em parte renovado pela última eleição, receberá o impacto. Porque estará no início da legislatura, e a ele caberá guilhotinar cabeças, cassar mandatos e suspender direitos políticos.
Em um dos comentários publicados neste espaço, citei que os novos parlamentares, os da renovação, não compartilharão em ideias com os velhos integrantes do esquema de corrupção. É muito provável que, depois do aviso ao mundo que o Brasil está tentando limpar a imensa sujeira, os novos parlamentares irão dar o troco, e o Judiciário brasileiro aplicará penas severas, diferentemente do que aconteceu mensalão onde todos os gatunos já estão soltos. A justiça aplicará penas, já anunciadas, que poderão chegar a 100 anos de prisão. Ao mesmo tempo, o Congresso fará a sua limpeza e se a Justiça Federal não for piedosa com os calhordas, imagina-se que o Supremo Tribunal Federal fará sua parte condenando os já então ex-deputados com penas também exemplares.
O cenário futuro pelo menos aponta em tal direção. A imprensa brasileira, para o desespero do PT e dos partidos a ele aliados (não que os da oposição não sejam farinha do mesmo saco) está numa fase condizente com a democracia conquistada pós-ditadura. Está levando a público tudo o que acontece nestes trópicos. Desde o meu início, ainda adolescente, no jornalismo, esta é uma fase brilhante para a imprensa. Pena que ela se torna adulta quando o Brasil entra num período de descompasso, em consequência de uma política corrupta e safada.
* Coluna originalmente publicada na edição desta terça-feira (15) do jornal A Tarde
O temor não a deixa dormir com a tranquilidade. Sua vida transformou-se, pressupõe-se, num inferno, o que seria inadmissível se outros fossem os tempos, principalmente para quem ganhou uma eleição difícil. Os fantasmas saltam do seu PT, partido que pouco a pouco se desmoraliza e desaba em credibilidade. Um dos seus problemas é definir nomes para seu novo ministério e, depois, encontrá-los no noticiário da mídia como envolvidos nas denúncias do grande escândalo que destrói a imagem da Petrobras, antes tida como estatal símbolo do sentimento nacionalista que a aureolou quando fundada, nos idos dos anos 50. Aliás, como ensina o ditado popular que depois da queda vem o coice, a petroleira vê inviabilizar o pré-sal, a partir da queda dos preços do petróleo, que ontem estavam a US$ 56 por barril.
Dilma teme, porque ela própria sabia do que ocorria, embora negue. Até porque seria impossível não saber. Se assim fosse, seria uma presidente com a cabeça no mundo da lua. Faz parte da essência do PT a negativa. Assim aconteceu com o mensalão. Agora, vê-se Lula depor, mas como testemunha, do que supostamente não sabia. O Partido dos Trabalhadores, que emergiu das portas das fábricas do ABC paulista como uma esperança pós-ditadura, desfaz-se aos pedacinhos e em montanhas de dinheiro desviados como propinas para garantir as campanhas eleitorais e a manutenção da estrutura do partido. Dinheiro encaminhado ao tesoureiro João Vaccari Neto - um homem que não se conhece a voz- pelos intermediários das empreiteiras.
A presidente está diante de um ministério a ser montado e de partidos ávidos para participar da divisão do bolo. Além do PT, naturalmente, estão a postos o PMDB, que provavelmente será dilacerado quando surgirem os nomes dos parlamentares corruptos envolvidos no escândalo, e o PP, partido menor, mas nem por isso menos corrupto. Será justo aí, depois de formado o difícil ministério da presidente, que os nomes dos políticos congressistas aparecerão para o conhecimento público. Quando tal acontecer, o Congresso já em parte renovado pela última eleição, receberá o impacto. Porque estará no início da legislatura, e a ele caberá guilhotinar cabeças, cassar mandatos e suspender direitos políticos.
Em um dos comentários publicados neste espaço, citei que os novos parlamentares, os da renovação, não compartilharão em ideias com os velhos integrantes do esquema de corrupção. É muito provável que, depois do aviso ao mundo que o Brasil está tentando limpar a imensa sujeira, os novos parlamentares irão dar o troco, e o Judiciário brasileiro aplicará penas severas, diferentemente do que aconteceu mensalão onde todos os gatunos já estão soltos. A justiça aplicará penas, já anunciadas, que poderão chegar a 100 anos de prisão. Ao mesmo tempo, o Congresso fará a sua limpeza e se a Justiça Federal não for piedosa com os calhordas, imagina-se que o Supremo Tribunal Federal fará sua parte condenando os já então ex-deputados com penas também exemplares.
O cenário futuro pelo menos aponta em tal direção. A imprensa brasileira, para o desespero do PT e dos partidos a ele aliados (não que os da oposição não sejam farinha do mesmo saco) está numa fase condizente com a democracia conquistada pós-ditadura. Está levando a público tudo o que acontece nestes trópicos. Desde o meu início, ainda adolescente, no jornalismo, esta é uma fase brilhante para a imprensa. Pena que ela se torna adulta quando o Brasil entra num período de descompasso, em consequência de uma política corrupta e safada.
* Coluna originalmente publicada na edição desta terça-feira (15) do jornal A Tarde
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