A palavra azulejo tem origem no árabe azzelij (ou al zuleycha, al zuléija, al zulaiju, al zulaco), que significa pequena pedra polida usada para designar o mosaico bizantino do Próximo Oriente. É comum, no entanto, relacionar-se o termo com a palavra azul (termo persa لاژورد: lazhward, lápis-lazúli) dado grande parte da produção portuguesa de azulejo se caracterizar pelo emprego maioritário desta cor, mas a real origem da palavra é árabe.
A utilização do azulejo pode-se observar já na Antiguidade, no período do Antigo Egito e na região da Mesopotâmia, alastrando-se por um amplo território com a expansão islâmica pelo norte da África e Europa (zona do Mediterrâneo), penetrando na Península Ibérica no século XIV por mãos mouras, que levam consigo a origem do termo atual. O oriente islâmico impulsiona qualitativamente a produção de revestimentos pelo contato com a porcelana chinesa, que, pela Rota da Seda, surge em vários centros artísticos do próximo oriente. Durante a permanência islâmica na Península Ibérica, a produção do azulejo cria bases próprias na Espanha, por meio de artesãos muçulmanos, e desenvolve-se a técnicamudéjar entre o século XII e meados do século XVI em oficinas de Málaga, Valência (Manises, Paterna) e Talavera de la Reina, sendo o maior centro o de Sevilha (Triana). Na virada do século XV para o século XVI, o azulejo atinge Portugal, um país já com uma longa experiência em produção de cerâmica. Inicialmente importado da Espanha, o azulejo é, mais tarde, empregado como resultado de manufatura própria, não só no território nacional, mas também em parte do antigo império, de onde absorve, simultaneamente, uma grande influência (Brasil, África, Índia).
Com as suas respectivas variantes estéticas, o azulejo vai ser utilizado em outros países europeus como os Países Baixos, a Itália e mesmo a Inglaterra, mas em nenhum outro acaba por assumir a posição de destaque no universo artístico nacional, a abrangência de aplicação e a quantidade de produção atingidas em Portugal.
O azulejo em Portugal – Herança islâmica
No ano de 1498, o Rei de Portugal D. Manuel I viaja à Espanha e fica deslumbrado com a exuberância dos interiores mouros, com a sua proliferação cromática nos revestimentos parietais complexos. É com o seu desejo de edificar a sua residência à semelhança dos edifícios visitados em Saragoça, Toledo e Sevilha que o azulejo hispano-mourisco faz a sua primeira aparição em Portugal. O Palácio Nacional de Sintra, que serviu de residência do rei, é um dos melhores e mais originais exemplos desse azulejo inicial ainda importado de oficinas de Sevilha em 1503 (que até então já forneciam outras regiões, como o sul de Itália).
JOÃO HENRIQUE
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