MALU FONTES
Na semana que começou com as labaredas da polêmica na imprensa chamuscando a musa da bancada do jornalismo do SBT, Rachel Sheherazade, por defender sem meias- palavras a tese de que o povo brasileiro deve enfrentar a violência fazendo justiça com as próprias mãos, foi também a violência que a removeu da boca principal da cena e capturou todas as manchetes nacionais e até internacionais. As cenas do corpo ferido do cinegrafista da rede Band de TV, Santiago Ilídio Andrade, estendido no chão de uma praça, Rio de Janeiro, com a cabeça em chamas e perda de parte de uma orelha, seguidas do anúncio da morte cerebral, ontem, inauguraram uma proporção nova na cobertura da violência dos protestos que vêm acontecendo no Brasil desde junho passado. A morte de Santiago representa a vítima que faltava para a cobertura de protestos nunca mais ser a mesma.
Sim, jornalistas já tiveram caras e olhos estraçalhados por balas de borracha e pancadas de policiais – o que levou à mudança de tom da cobertura dos protestos por parte da imprensa, que deixou de pedir ação enérgica, como aconteceu no primeiro dia de manifestações de junho, em São Paulo -, manifestantes já morreram caindo de viadutos fugindo da polícia e milhares de incidentes já foram registrados. Dessa vez, no entanto, dois elementos potencializaram e diferenciaram os tons da cobertura: o primeiro: houve a morte de um jornalista que estava trabalhando na cobertura dos protestos.
Não, não são diferentes um cidadão e um jornalista que morre em virtude de um rojão que explode sua cabeça num protesto de rua. Não é diferente e não deveria ser. Mas, sejam realistas: o fato de se tratar de um cinegrafista de uma emissora de TV, que não estava nem para protestar nem tampouco para bater em policiais ou manifestantes, mas para fazer seu trabalho, potencializa, e muito, o andar da carruagem. Seja no que diz respeito à agilidade de busca dos culpados, com a contribuição da própria imprensa, que tem o poder quase onipotente de reunir em tempo recorde imagens capturadas por fotógrafos e cinegrafistas do mundo inteiro que cobriam episódio, seja no sentido de encurralar a polícia em busca de um desfecho rápido e da punição. Se o nome disso é corporativismo, atire a primeira pedra o grupo profissional que não faria o mesmo.
O outro elemento potencializador da cobertura do episódio é novo e busca, de uma vez só, tanto desmontar a tese auto-reivindicada pelos black blocs, de que são apartidários, quanto jogar uma pá de cal na imagem do deputado estadual carioca Marcelo Freixo (PSOL), o nome e rosto hoje mais queridinho pela esquerda e intelectuais do Rio, num tempo em que os partidos tradicionais, em véspera de eleição, estão quase todos com seus nomes num esquife, de tantos problemas que o Rio vive. Aí, aparece uma mocinha de passeata, versão Nelson Rodrigues para 2014, cheia de si e xingando todo mundo, que ligou para o advogado do primeiro preso acusado de coautoria na morte de Santiago Andrade, identificou-se como Sininho/Cininho (a TV a grafou com C e os impressos e on line com S) e, dizendo falar em nome de Freixo, ofereceu advogados e anunciou que o responsável pelo lançamento do rojão é ligado ao parlamentar. Como dizem os comentaristas políticos, pronto: eleitoralizaram a morte do cinegrafista. Até Freixo provar que urubu não é meu louro está no sal. Vai sobrar também para a imprensa, que, além de ver um dos seus com a cabeça explodida por rojão, será chamada de PIG, por divulgar as coisas que Sininho disse, como se alguém as tivesse inventado. Sai de cena Rachel e entram dois black blocs, Sininho e Freixo. Mesmo que esse último o faça à sua revelia.
Não, não são diferentes um cidadão e um jornalista que morre em virtude de um rojão que explode sua cabeça num protesto de rua. Não é diferente e não deveria ser. Mas, sejam realistas: o fato de se tratar de um cinegrafista de uma emissora de TV, que não estava nem para protestar nem tampouco para bater em policiais ou manifestantes, mas para fazer seu trabalho, potencializa, e muito, o andar da carruagem. Seja no que diz respeito à agilidade de busca dos culpados, com a contribuição da própria imprensa, que tem o poder quase onipotente de reunir em tempo recorde imagens capturadas por fotógrafos e cinegrafistas do mundo inteiro que cobriam episódio, seja no sentido de encurralar a polícia em busca de um desfecho rápido e da punição. Se o nome disso é corporativismo, atire a primeira pedra o grupo profissional que não faria o mesmo.
O outro elemento potencializador da cobertura do episódio é novo e busca, de uma vez só, tanto desmontar a tese auto-reivindicada pelos black blocs, de que são apartidários, quanto jogar uma pá de cal na imagem do deputado estadual carioca Marcelo Freixo (PSOL), o nome e rosto hoje mais queridinho pela esquerda e intelectuais do Rio, num tempo em que os partidos tradicionais, em véspera de eleição, estão quase todos com seus nomes num esquife, de tantos problemas que o Rio vive. Aí, aparece uma mocinha de passeata, versão Nelson Rodrigues para 2014, cheia de si e xingando todo mundo, que ligou para o advogado do primeiro preso acusado de coautoria na morte de Santiago Andrade, identificou-se como Sininho/Cininho (a TV a grafou com C e os impressos e on line com S) e, dizendo falar em nome de Freixo, ofereceu advogados e anunciou que o responsável pelo lançamento do rojão é ligado ao parlamentar. Como dizem os comentaristas políticos, pronto: eleitoralizaram a morte do cinegrafista. Até Freixo provar que urubu não é meu louro está no sal. Vai sobrar também para a imprensa, que, além de ver um dos seus com a cabeça explodida por rojão, será chamada de PIG, por divulgar as coisas que Sininho disse, como se alguém as tivesse inventado. Sai de cena Rachel e entram dois black blocs, Sininho e Freixo. Mesmo que esse último o faça à sua revelia.
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