segunda-feira, 1 de abril de 2013

ITAPARICA E RECÔNCAVO, JÁ!



                                                                                Paulo Ormindo de Azevedo

Tenho defendido como alternativa àpolemica Ponte Salvador/Itaparica a construção de uma via litorânea abraçando a Baía de Todos os Santos e que transformaria seu hinterland no Reconvexo que Caetano vislumbrou. Via de custo muito menor que a ponte e com ganhos socioeconômicos e culturais maiores por desenvolver o turismo e serviços náuticosna baía e ilhas,revitalizar cidades históricas e integrar os polos industriais e portos situados à sua margem. Estrada que reduzirá o acesso por terra a Itaparica para 110 km, ou 1:20 hs. ede grande importância econômica, por integrar o Copec, o Cia,o Porto de Aratu, o Temadre, a Relan, a estação de regaseificação eos estaleiros de São Roque,ao invés do salto ornamental da ponte ou mergulho na baía. Este sistema poderá se prolongaraté o oeste e o sul com a articulação com a Ba-242, o Porto Sul e a ferroviaLeste-Oeste.

Estradaque será feita por etapas com a construção de três pontes e implantação de uma linha férrea em sua faixa de domínio. Esta ultima obra acabará com o gargalo ferroviário de Cachoeira. As três obras d’arte serão nas fozes do Subaé e do Paraguaçu e no estreito de Itaparica. Destas três, a última, de Itaparica,é no meu entender a mais urgente e mais fácil de realizar. Será uma estrutura da extensão e altura daPonte do Funil, porque por ali só passam barcos pesqueiros e de passeio, mas situada na outra extremidade da ilha, entre a Estação Mocambo na ilha e a Ponta do Dendê, em Salinas das Margaridas.

Esta ponte reduzirá o atual acesso terrestre à ilha em 90 km e mais de uma hora em rodovias de trafego pesado e perigoso,quais sejam a BR-324 e a BR-101. Encurtará em 57 km o acesso via ferryboat, que se supõe sanado, para os estaleiros de São Roque. Mas esta não é ainda a Envolvente da Baia,porquefaltariam as outras duas pontes que irão encurtar radicalmente a viagem. Ésim um roteiro de grande interesse turístico, pois integrará as cidades históricas de Santo Amaro, Cachoeira, São Felix, Maragogipe, São Roque e Itaparica e por extensão São Francisco do Conde e Nazaré.

Sabendo do asfaltamento recente da ligação Maragogipe-São Roque-BA/001, aproveitei o Carnaval para curtir com a família o último engenho integral de açúcar ainda existente no Recôncavo. Trata-se do Engenho de Baixo em terras de Aratuipe, mas de acesso por Nazaré, de propriedade dos amigos José e Arilda de Souza.O casal mantem o engenho com sua represa, cachoeira, roda d’água, tachos, casa de farinha, engenho de dendê, curral e pastos e ainda um museu de arte-decorativa dentro da casa-grande. Arilda e Zé não são apenas proprietários, senão curadores deste parque natucultural, com licença do neologismo.

Mas a viagem para Nazaré pela nova estrada foi outro espetáculo pelas paisagens do Rio Paraguaçu, Lagamar do Iguape e restos da Mata Atlântica. Fiquei imaginando como aquela primeira ponte poderá aumentar a permanência dos nossos turistas na RMS. Ela integrará um circuito de terra e mar de grande interesse histórico-arquitetônico e artesanal, com as cerâmicas de Coqueiros, Nagé e Maragogipinho e de patrimônio imaterial, com as festas religiosas, sambas-de-roda, feiras de Santo Amaro, Cachoeira e Nazaré durante todo o ano, carnaval de mascarados de Maragogipe e uma culinária de dar agua na boca.

Numa segunda etapa serão construídas aspontes sobre o Paraguaçu e Subaé, e aproveitasas ligações asfaltadas existentes, como a BA-522, ligação BR-324 - São Francisco do Conde; rodovia BA-878, Santo Amaro - Bom Jesus dos Pobres, e ligação Salinas das Margaridas à nova ponte de Itaparica.

A última fase dessas obras será a construção de uma rodo-ferrovia ligeiramente afastada da costa de acesso às praias, já em parte ocupadas mas outras ainda virgens. A primeira etapa desse sistema pode ser feita já e trará desenvolvimento imediato para o Recôncavo e o turismo na RMS. Mas não quero me alongar, pois estou me tornando um pregador no deserto. Com a palavra o Secretário Leonelli.


Um comentário:

  1. A Bahia histórica, das ATAS, das lutas pela sonhada independência, dos antigos engenhos, canaviais, do Samba de Roda, Capoeira, Maculelê, Boa Morte, Bembé do Mercado, São Bartolomeu, Feira de Caxixís do Efó
    Maniçoba, Abará, Acarajé, no Recôncavo Negro das Cidades Primitivas, Marítimas ou Fluviais,
    Valorizar e Revitalizar JÁ!

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