Por pouco, o Senado não comete mais uma lambança
DO BLOG DO NOBLAT(Recordar é viver. Nota aqui publicada no dia 5.7.2007 às 16h37m)
(...) Vocês não acham um escândalo que um senador assuma a relatoria da indicação do seu suplente para um dos cargos mais cobiçados da República? Pois foi o que fez Jayme Campos (DEM-MT) em favor do seu suplente Luiz Antonio Pagot, atual secretário de Educação do Mato Grosso.
Pagot foi indicado por Lula para Diretor-Geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DINIT), onde administrará um orçamento anual de R$ 12 bilhões (mais do dobro do orçamento do Mato Grosso). Jayme pediu a aprovação do nome dele na Comissão de Infra-estrutura do Senado.
No seu relatório, Jayme omitiu o fato de Pagot ter sido servidor no Senado entre 1994 e 2002. Foi esquecimento? Que nada.
Foi para que ninguém perguntasse como Pagot poderia ter servido ao Senado naquela época quando era acionista e Diretor-Superintendente de uma empresa do governador Blairo Maggi em Itacoatiara, no Amazonas, a mais de 3 mil quilômetros de Brasília.
Esqueça o fato de que Pagot não poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo - para os padrões de moralidade dos nossos políticos, esse seria um fato, digamos assim, menor, sem importância.
O problema é que a lei, a lei com L maíusculo, a lei que regula o que um servidor público pode e não pode fazer; ela proibe o servidor público de ser acionista ou de trabalhar em empresa privada. E Pagot trabalhou, sim, desrespeitando a lei e omitindo tal informação do Senado.
E Pagot voltou a omitir novamente quando mandou a versão mais recente do seu curriculum que acompanha a mensagem assinada por Lula. A isso dá-se o nome de crime de falsidade ideológica. Pagot incindiu em crime de falsidade ideológica entre 1994 e 2002 e voltou a reincidir.
Os senadores não sabem disso? Que nada. Estão carecas de saber. Apenas estão pouco se lixando. Em troca, Pagot prometeu contemplar os Estados deles (e alguns em particular) com gordas fatias do orçamento do DINIT.
Por pouco, muito pouco, pouco mesmo o nome de Pagot não foi aprovado ontem durante sessão da Comissão de Infra-estrutura do Senado presidida por Marcone Perillo (PSDB-GO). Uma vez aprovado ali, o nome dele teria de ser aprovado depois no plenário do Senado.
Mas o senador Mario Couto (PSDB-PA) pediu vistas do parecer do seu colega Jayme, adiando a aprovação do nome de Pagot. E por causa disso o mundo desabou na cabeça dele. Pelo menos seis senadores pressionaram Couto a desistir do pedido de vista - sem sucesso.
Querem saber quem integra o bando dos seis?
* Jayme Campos (DEM-MT) - recentemente foi multado pelo Ibama em R$ 5 milhões por desmatamento ilegal. Foi flagrado em escuta telefônica metido em negócios suspeitos envolvendo cartórios no município Barra do Garças (MT);
* João Ribeiro (PR-TO) - denunciado pelo Ministério Público por manter trabalhadores em condições análogas ao trabalho escravo;
* Expedito Júnior (PR-RO) - cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia sob a acusação de ter comprado votos para se eleger nas últimas eleições. Ele apelou da decisão;
* Wellington Salgado (PMDB-MG) - bem, esse vocês estão fartos de conhecer. Pagou metade das despesas da campanha de Hélio Costa, atual ministro das Comunicações, eleito senador pelo PMDB de Minas Gerais. Virou suplente de Costa e assumiu a vaga dele. Deve uma nota preta ao INSS;
* Serys Slhessarenko (PT-MT) - Foi citada no caso da Máfia dos Sanguessugas. Um genro dela levou grana com a venda superfaturada de ambulâncias. Ela disse ao Conselho de Ética que fora vítima da calúnia dos seus adversários - entre eles, quem? Pagot.
* Valdir Raupp (PMDB-RO) - responde a 15 processos na Justiça pelos mais variados motivos. Ao defender a aprovação do nome de Pagot, disse que o DINIT estava entregue às moscas e que nem os lobistas apareciam mais por lá (disse isso, eu juro!).
(Por 17 votos contra 6, o nome de Pagot foi aprovado no dia 7/8/2007 na Comissão de Infra-estrutura do Senado.)
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